Grávida em meio à pandemia: como não sucumbir ao medo e incerteza

Em 2020 nascerão cerca de 116 milhões de bebês em meio a um caos global (UNICEF)

Stael Ferreira Pedrosa

Recentemente, conversei com uma amiga que vai ser avó. Este que deveria ser um momento de apenas imensa alegria, misturou-se ao medo e à incerteza. Sua filha está no fim da gravidez em meio ao quase pico da pandemia no Brasil. O medo de ambas, bem como possivelmente de todas as grávidas neste momento, não é exagerado, estamos enfrentando um inimigo poderoso, a contaminação é um risco real e os hospitais estão cheios.

A gestação deveria ser um tempo feliz, cujas únicas preocupações seriam o pré-natal, dieta equilibrada, preparar o quartinho e enxoval do bebê ou como esconder com maquiagem a cara inchada. No entanto, o que vemos e com que nos preocupamos, é o Brasil alcançado tristes índices de mortos pela Covid-19.

Tenho certeza de que cada grávida preferiria se preocupar com o rosto inchado ou como evitar estrias na barriga, no entanto, o que povoa a imaginação materna quando pensa em sua gravidez são desde as coisas as mais simples, como não poder fazer um chá de bebê, até a dificuldade de estar isolada de familiares que poderiam dar apoio, a incerteza quanto à permissão do pai na sala de parto, a falta de leitos e de pessoal disponível, já que nossos heróis da saúde estão extremamente ocupados e mal equipados, e a possibilidade de contaminação no ambiente hospitalar é real – e pior: infectar o próprio bebê. É quase impossível não sucumbir ao medo.

A impressão é que cada mulher pronta a dar à luz ficou entregue à própria sorte

Felizmente, nem tudo é tão ruim assim

Claro, algumas situações continuarão da mesma forma, nada de chá de bebê nem de companhia no pré-natal, mas as orientações gerais para o Brasil (até o momento, afinal tudo muda a cada dia), segundo a UNICEF são:

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– Todas as gestantes sem sintomas deverão continuar seu atendimento pré-natal.

– Não existem procedimentos especiais para gestantes sem risco epidemiológico.

– As gestantes com síndrome gripal deverão adiar as consultas em 14 dias. Em caso de necessidade, devem ser atendidas em local afastado dos demais pacientes – mas, atendidas!

– As gestantes com síndrome gripal devem ser obrigatoriamente monitoradas pelas equipes de saúde (Atenção Primária), sendo viabilizado um canal de comunicação acessível e rápido, em caso de necessidade. (O que já traz algum alento).

– Orientam-se consultas domiciliares para gestantes, puérperas e recém-nascidos, ou o agendamento de consultas em um horário ou em local diferente.

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O que você pode fazer agora?

1. Cuide-se fisicamente

  • Siga as instruções da Organização Mundial da saúde e das autoridades locais quanto aos cuidados com o coronavírus: fique em casa, evite contatos com pessoas e ambientes, só saia de casa quando estritamente necessário e com sua máscara, não toque em superfícies ou objetos expostos e, se tocar, lave as mãos ou desinfete-as com álcool em gel (que deve estar sempre com você).
  • Se tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar, procure assistência médica. Telefone antes de ir para a unidade e siga as instruções da autoridade sanitária local.
  • Sabendo da situação dos hospitais, o melhor a fazer é se cuidar e evitar complicações na hora do parto. Se fizer uso de medicamentos recomendados por seu médico, não deixe de tomar, tais como insulina ou medicamentos para pressão alta.
  • Alimente-se corretamente, e em pequenas porções, de 3 em 3 horas.
  • Exercite-se o quanto puder, de acordo com as recomendações médicas pessoais (não siga instruções de terceiros).
  • Busque fugir das preocupações e cultive um ambiente de calma no lar.
  • Hidrate-se.

2. Cuide-se mentalmente

A psicóloga Lidiane Almeida, em artigo publicado no site da gazeta do Povo, aconselha a tentar controlar a ansiedade – já tão comum na gravidez e agora com mais motivos, através de meditar a respeito dos medos e anseios que a incomodam – muitas vezes são infundados e jamais acontecerão. Ou, ainda, podem ser notícias vindas de fontes não confiáveis como o Whatsapp ou Facebook.

A psicóloga aconselha a fixar no que há de bom neste momento, tal como preparar as coisas do bebê, comprando pela internet ou, ainda, fazendo um chá de bebê virtual. Além disso, ela aconselha a manter contato com familiares e outras gestantes para apoio, aconselhamento e socialização através de videochamadas. Lembre-se, todo filho é um presente e você será logo terá o seu.

Mantenha a calma, contate seu seu médico periodicamente e busque informações sobre mudanças de protocolo em relação à COVID-19.

Aproveite o tempo de espera da melhor forma possível

Busque conforto espiritual na sua crença, religião ou linha de pensamento. Não podemos ir à igrejas, mas podemos nos aproximar de nossa divindade através de orações ou outras práticas (tais como a meditação), dentro de casa.

Divirta-se com sua família, vendo filmes ou com jogos de tabuleiros, plantando uma horta, enfim, o que gostem de fazer juntos.

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Aprenda o que puder aprender, para sair desse período com um saldo positivo de conhecimento e informação.

Por último, aprenda tudo o que puder sobre parto em casa, porque o futuro é incerto e talvez seja requerido de você ou de seu parceiro realmente ter que fazer isso. E não se assuste, nossas avós sobreviveram ao parto em casa e tiveram muitos filhos. Aconselhe-se com seu médico e se ele consentir, deixe a natureza fazer o seu trabalho.

Lembre-se, a palavra que define mãe é “força”.

Para saber mais acesse o site da OMS-Brasil

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.