Após 1 ano de covid-19 no Brasil, o que aprendemos?

As lições deixadas pela pandemia de Covid-19 afetarão nossas vidas para sempre.

Stael Ferreira Pedrosa

No dia 26 de fevereiro de 2021, completou 1 ano desde primeiro caso de covid-19 ser confirmado no Brasil. De lá para cá, muita coisa aconteceu. Muita dor, muito sofrimento, famílias devastadas, problemas psicológicos, doenças mentais agravadas e crise econômica entre outras coisas. Em todo esse ano, afinal, o que o brasileiro aprendeu com essa situação?

Enquanto escrevo verifico os números da Covid-19 que certamente serão outros quando você ler. Hoje, 21 de março de 2021, temos no Brasil, 12 milhões de casos registrados de contaminação pelo vírus, 10 milhões e 759 mil recuperados e quase 300 mil mortos (295 mil). A média de mortes hoje é de 2.234 pessoas por dia.

Um dos maiores aviões do mundo, o Boeing 747-8, transporta em sua lotação máxima 410 passageiros; então é como se caíssem todos os dias 5 Boeings lotados e mais um com metade da lotação, no Brasil, matando todos seus passageiros. Certamente as pessoas teriam medo de voar. No entanto, as pessoas parecem não ter medo do coronavírus.

O terrível é que a morte pela queda de um avião é muito rápida, já no caso dos pacientes da Covid-19, tanto os que recebem atendimentos e vêm a morrer, quanto os que não recebem, têm morte lenta, dolorosa, sufocante e solitária – sem parentes ou amigos por perto. Isso deveria levar as pessoas a uma profunda reflexão. Impossível ignorar esses dados desesperadores. Afinal o que aprendemos? E o que precisamos aprender ainda?

O que aprendemos?

1. A ciência deve prevalecer

Embora a ciência não tenha todas as respostas, ainda é a primeira fonte de informações seguras. O que vimos foi uma invasão de vídeos com receitas milagrosas para curar ou evitar a doença. Negacionistas e desinformados dando conselhos danosos. No entanto, o que prevaleceu foram as instruções vindas da ciência: a melhor maneira de evitar a doença é o isolamento social, o uso de máscaras, a higienização das mãos e aumento da imunidade física.

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2. Todos podem aprender

Crianças tendo aulas on-line, trabalhadores em home-office, professores aprendendo a fazer, editar e enviar vídeos aos alunos, idosos fazendo videoconferências, trabalhadores tendo que aprender a ser donos de casa e entreter as crianças durante todo o dia, enfim… Todos tivemos que aprender ou aprimorar nossos conhecimentos para nos adaptar a essa inevitável nova realidade.

3. A solidariedade é o que nos salva

Muitas pessoas experimentaram ser solidárias, seja doando alimentos, roupas, ou mesmo fabricando máscaras por dias a fio para doação, tudo isso veio mostrar que a solidariedade pode fazer a diferença nessa época em que a recessão econômica ceifou empregos e renda de grande parte da população. Porém, a maior solidariedade é usar máscara. Quando usamos estamos, protegendo a vida do outro, não a nossa.

4. Podemos mudar nossos hábitos a nosso favor e a favor de outros

Fazer compras on-line, procurar consultas on-line, fazer conferências por vídeo com nossas famílias e amigos, aceitar a solidão e utilizar álcool em gel, máscara, exercitar-se em casa, trabalhar e estudar a partir de casa, fazer todas as refeições em família e lavar as mãos várias vezes ao dia, são hábitos novos que adquirimos a favor de nossa saúde, das nossas famílias e de outros. Certamente sairemos desta pandemia mais unidos, mais flexíveis e com mais recursos para enfrentar as dificuldades que podem se apresentar.

5. Devemos ser prevenidos e ter uma reserva para tempos difíceis

Todos os economistas, conselheiros financeiros e até alguns líderes religiosos já alertavam sobre ter uma reserva para tempos difíceis, seja de dinheiro, de alimentos ou ambos e outros meios de subsistência. A pandemia veio mostrar a necessidade desta prevenção. Muitas empresas faliram, empregos foram extintos, os preços se elevaram e a recessão já é uma realidade.

6. Devemos ter autossuficiência espiritual

Além da autossuficiência material, a pandemia também exige de nós a autossuficiência espiritual. As reuniões religiosas estão suspensas, muitas igrejas, sinagogas, mesquitas e outros centros religiosos estão fechados. É hora de viver aquilo que entesouramos durante anos com a dedicação à nossa fé. Temos que edificar e fortalecer a nós mesmos e nossas famílias durante esses tempos difíceis.

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O que ainda temos que aprender?

Pelas notícias que ouvimos de festas clandestinas, bailes, reuniões de todo tipo, o que nos resta aprender é a valorizar a vida, tanto a nossa quanto a dos outros. Pessoas que promovem essas aglomerações e quem delas participa são inconsequentes e visam apenas o lucro ou o prazer. Não têm a capacidade de olhar para o outro, não medem as consequências e são nocivas à sociedade.

Aqueles que visam apenas o seu lucro ou olham apenas para o lado econômico, fazem pessoas saírem de casa, lotarem ônibus e trens e aumentar cada vez mais o número de infectados, de leitos de UTI ocupados, filas de espera e milhares de mortes, tanto de quem tem Covid quanto de quem não tem, já que não há leitos para quem sofre um acidente no trânsito, um AVC, infarto ou precisa de tratamento para o câncer.

Precisamos desenvolver mais empatia, mais senso de responsabilidade e maturidade. Máscaras no queixo não servem para nada, máscaras apenas para entrar no comércio, tampouco. O vírus permanece suspenso no ar por cerca de 3 horas, você pode aspirá-lo na rua, nas escadas do seu prédio, ou em outros locais de circulação sem nem ao menos saber de onde ele veio. Use sempre a máscara.

Façamos a nossa parte para sairmos dessa pandemia o quanto antes e melhores pessoas do que quando entramos.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.