Estudo em casa durante isolamento: 5 situações que atrapalham o rendimento do seu filho

A maioria das pessoas vai dizer que basta estabelecer uma rotina de estudo e dá tudo certo. Mas não é tão simples assim. Leia e entenda por quê:

Erika Strassburger

O mundo está praticamente parado devido ao novo coronavírus, mas muitas escolas seguem a mil, enviando semanalmente conteúdos para nossos filhos copiarem e estudarem; exercícios, trabalhos e projetos com prazo determinado para fazerem. E nós, pais, arrancamos os cabelos tentando fazê-los acordar cedo, não perder seu tempo precioso e, principalmente, manter a concentração naquilo que estão fazendo – os pais de crianças e jovens com déficit de atenção sofrem em dobro.

Mas como fazer nossos filhos realizarem todas as atividades semanais (que não são poucas!) e dentro do prazo?

A maioria das pessoas vai dizer que basta estabelecer uma rotina de estudo. Mas não é tão simples assim. Infelizmente, há variáveis que podem estar atrapalhando nossos filhos de apresentarem o rendimento esperado. Veja algumas delas:

1. Cada criança e jovem tem suas próprias suas limitações

Cada pessoa é única e tem a própria velocidade de aprendizado e tempo limite de concentração. Não bastasse isso, nossos filhos estão aprendendo conteúdos novos praticamente sozinhos, o que requer um esforço ainda maior. Claro, os professores se colocaram à disposição para responder a quaisquer dúvidas pelo WhatsApp ou por outro meio; e nossos filhos também podem contar conosco, com sites e vídeos com conteúdos explicativos, etc. Ainda assim, não é o mesmo que aprender em sala de aula sob a supervisão constante de um adulto (coisa que, devido às nossas tarefas, não conseguimos fazer), onde todos estão concentrados na mesma coisa.

2. O tempo dedicado ao aprendizado é muito maior agora

Nossos filhos não estão apenas fazendo lições de casa ou trabalhos, como costumava ser. Eles estudam todo o conteúdo que seria dado em sala de aula, e ainda fazem os exercícios e trabalhos que correspondem à lição de casa em si. Ou seja, para dar conta de tudo, meio período não é suficiente.

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3. Os ambientes diferem de um lar para o outro

Há também a variável “tipo de ambiente”. Pode não parecer, mas o ambiente é muito importante para o aprendizado. Você pode estar indagando, “Ué, então não é só fazer do lar um ambiente propício para o aprendizado?”. Infelizmente, não é tão simples assim.

Há lares em que há silêncio total, pois é constituído de pais e filho único, ou de um pai e dois adolescentes, por exemplo. Então, torna-se mais fácil estabelecer horários silenciosos para estudar. Outros lares são formados de famílias grandes, ou com, pelo menos, uma criança barulhenta. É impossível impedir uma criança pequena de fazer barulho. Não bastasse isso, há lares bem pequenos, em que é missão praticamente impossível encontrar um espaço para estudar quando todos estão em casa ao mesmo tempo.

4. Muitos precisam contar com recursos limitados

Nem toda casa tem um computador ou celular disponível sempre que necessário para todos que precisam estudar e trabalhar. Em muitos lares, há dois ou mais filhos que precisam fazer pesquisas, assistir a vídeo-aulas etc., pais trabalhando em home office, e apenas um computador para todos (às vezes, nem isso).

Nessa época de restrições financeiras e desemprego, muitos nem conseguem pagar a internet.

5. Há muitas distrações

Esse é, talvez, o maior desafio, e o que gera mais estresse. Todos os jovens adoram e precisam socializar, principalmente por estarem trancafiados dentro de casa 24 horas por dia. Querem falar com os amigos e ver o que está acontecendo nas redes sociais. Como fazer com que se concentrem tendo um celular na mão, principalmente quando precisam do aparelho para conversar com os professores e acessar conteúdos importantes?

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Não há fórmula mágica ou receita única

A saída é ir experimentando horários, tempo de estudo, lugares da casa, até encontrar o que dê melhor resultado para o seu filho. Alguns rendem mais pela manhã, outros à tarde. Se seu filho render melhor à noite, paciência!

Tenho dois filhos em idade escolar. O de 17 anos consegue sentar-se à mesa de jantar e passar a tarde inteira fazendo lições. O mesmo não funciona para o caçula, de 12 anos e meio. Ele se senta ao meu lado, na mesa do computador, e vai fazendo as lições ao longo do dia, dando pausas de uma hora (ou mais) entre elas. Nos dias em que eles precisam usar o computador para fazer trabalhos, precisamos fazer ajustes nos horários, pois é minha ferramenta de trabalho.

Evite pressões e cobranças exageradas

Nós, adultos, que estamos acostumados com cobranças e pressões do mundo corporativo e acadêmico, muitas vezes nos esquecemos de que nossos filhos são pequenos ou jovens demais para o pesado fardo de pressões e cobranças que depositamos sobre seus ombros frágeis.

Eu estava fazendo isso com meu caçula (e ainda preciso me policiar). Devido a isso, estudar em casa, em vez de ser um momento de aprendizado, estava sendo um momento de tortura para ele. À medida que os professores enviavam novas tarefas ou postavam avisos no grupo da turma no WhatsApp, eu lhe mostrava as mensagens e o pressionava para acelerar. Chegou ao ponto em que ele estava fazendo as lições chorando. Percebi que, daquele jeito, não dava mais.

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Negocie o prazo com os professores

Então conversei com a orientadora da turma, expliquei o que estava acontecendo e ela nos deu prazos maiores para entrega dos trabalhos e lições. Fiquei muito aliviada, porque eu estava fazendo mal para o meu filho e para mim mesma, pois o estresse era constante.

Em minha opinião, não há “certo ou errado” na forma de estudar em casa, levando em conta essa situação atípica que estamos vivendo. Precisamos fazer as adaptações necessárias e cuidar para que esse período não seja traumatizante para os pequenos, mas um momento de aprendizado e união familiar.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.