Somos chamados a ser melhores, e fazê-lo requer mudanças

Somos chamados a ser cada dia melhores seres humanos. O processo é doloroso, mas sempre pode ser alcançado.

Erika Otero Romero

Quando ainda era muito jovem para estar consciente da realidade humana, costumava desejar que as minhas amigas nunca mudassem. Os meus desejos baseavam-se no princípio de que eram tão boas pessoas, que seria terrível que mudassem; eu estava muito errada. Hoje, estou ciente de que todas as pessoas mudam, tanto para o bem como para o mal.

Ao longo de nossa vida, todos passamos por grandes mudanças. Estas se dão tanto no aspecto físico como na forma de ser. No entanto, nossos valores e princípios também mudam, influenciados por nossas vivências. É assim que, ao recordar diferentes eventos da nossa vida, dizemos: “É que hoje já não sou capaz de fazer isso”.

Cada dia nosso corpo muda e morre um pouco

Desde o dia de nossa concepção, estamos nos transformando, crescendo e nos adaptando à vida que nos espera. Ora, no processo de crescimento e envelhecimento, as células do nosso corpo morrem e regeneram-se, e assim é até ao último dia das nossas vidas.

Nossos corpos mudam para nos dar a forma necessária para avançar na vida. Passamos do leite materno à ingestão de sólidos em questão de 3 anos. É assim até que estejamos velhos, e, no final, se tivermos alguma sorte – e dentes – poderemos continuar desfrutando desses ricos alimentos.

Da mesma forma que o nosso corpo muda para se adaptar, a personalidade, o nosso sistema de valores e as coisas a que damos importância também o fazem.

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Por que mudamos?

A mudança é necessária porque sem isso seríamos seres sem mérito e sem um fim determinado, e esse não é o propósito da vida. Mudamos por um processo de aprendizagem e adaptação ao mundo que nos rodeia.

É uma questão de olhar novamente para o processo de maturação dos bebês. Uma criança em seu primeiro ano de vida aprende a girar, levantar sua cabeça, sentar-se, rastejar, engatinhar e finalmente andar. Isso acontece porque é necessário que ela possa cuidar de si mesma. É assim até que, ao final da segunda década de vida, já alcança seu pleno desenvolvimento físico.

Apesar disso, mudanças na personalidade, nos valores e princípios estão sujeitos à aprendizagem da vida. É por isso que, às vezes, algumas pessoas criadas sob uma crença religiosa X, chegada à idade adulta decide mudar de religião ou deixar de acreditar no que lhe ensinaram seus familiares. É importante ter em conta que todas essas mudanças, como disse antes, devem-se às experiências de vida de cada um de nós.

A mudança mais importante em nós: nossos valores e princípios

Pessoalmente, considero que as mudanças que mais podem beneficiar ou prejudicar-nos são as acima referidas.

Todos vamos reagir de forma diferente diante de uma mesma situação; mesmo sendo irmãos. Por exemplo: a morte da mãe pode fazer com que um dos filhos sofra uma forte depressão e outro, embora lhe doa, supere mais rapidamente. Não é que a ame menos que quem sofre mais, só é sua maneira de enfrentar a morte.

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Quero ir um pouco mais longe e demonstrar o que digo com um exemplo pessoal. Tenho um parente que, quando adolescente, sofreu um acidente e perdeu o braço direito. Agora ele é um homem de quase 60 anos que não soube enfrentar esse novo desafio que a vida lhe trouxe. É um homem cheio de talentos e habilidades, mas a perda do braço foi algo que nunca superou e usa como desculpa para ter uma vida desordenada.

Sei que a comparação é grosseira, mas tenho conhecimento de centenas de pessoas que aprendem a lidar com a perda de seus membros. Muitos aprendem a usar próteses e são grandes esportistas ou profissionais. Pode ser que, no início, a adaptação seja complicada, mas não ficam colados no trauma e superam o dano. Essa é a grande diferença entre uns e outros: a atitude que assumem para enfrentar as grandes mudanças da vida.

Ser uma versão melhor de nós deve ser uma meta para o futuro

Por nossa natureza humana, somos chamados a ser as melhores pessoas que podemos ser. Para consegui-lo, é vital que saibamos lidar com as situações que nos são apresentadas diariamente.

O que nos torna bem-sucedidos na vida não é quanto dinheiro se tem ou o quão atraente somos. O que nos torna especiais é como lidamos com os desafios da vida.

É nosso dever mudar conforme a vida nos obriga a fazê-lo. Não se trata de mudar por mudar, mas, sim, de fazê-lo com um objetivo em mente: ser melhor a cada dia. No entanto, essa mudança para melhor pode levar anos. E se deve à incapacidade de compreender o propósito das provas da vida.

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Algumas pessoas demoram menos tempo a aprender o propósito de uma situação, mas há outras que demoram mais tempo a compreender. Finalmente, quando se compreende a razão pela qual algo acontece, pode-se avançar para o próximo nível. A vida é como se estivéssemos na escola, um ano após o outro até nos formarmos.

E o que acontece quando nos tornamos a nossa melhor versão?

Aí conseguimos compreender o propósito de nossa vida em particular. Além disso, deixa-se de ter medo do que virá e dos problemas da vida; é dessa maneira que se chega a desfrutar desta experiência de forma mais plena. Todos temos nosso próprio ritmo para consegui-lo – alguns conseguem-no e outros não. Sim, a vida pode não apenas ser feliz ao aprender a superar os desafios, mas muito angustiante quando não se sabe como enfrentá-los.

A boa notícia é que todos podemos aprender as lições a tempo. É uma questão de analisar o que se deve ou não fazer; quando afinal aprendemos, decidir entre o caminho certo ou o errado é mais fácil.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Estamos llamados a ser mejores, y hacerlo requiere de estos cambios

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.