Lições que os 40 anos dos israelitas no deserto nos ensinam
Eles andaram em círculo durante 40 anos no deserto, para quê? Para acabarem não conseguindo entrar na terra prometida. Entenda por que e quais lições podemos tirar dessa história.
Erika Strassburger
Uma das histórias bíblicas mais conhecidas é a de Moisés libertando os hebreus (ou israelitas) de sua condição de escravos no Egito. Esse evento é recheado de milagres espetaculares, como as dez pragas e a abertura do Mar Vermelho.
Depois de cruzarem o mar em terra seca, os milagres não cessaram. Israel teve sede, o Senhor proveu água potável. Israel teve fome, o Senhor mandou maná. Israel ficou enjoado de maná, o Senhor mandou também codornizes. Fico imaginando quanto alimento foi preciso para alimentar esses milhões todos os dias. Mas, para Deus, tudo é possível.
A terra prometida
O Senhor revelou a Moisés que seria ele quem conduziria o povo à tão sonhada terra prometida. O povo já conhecia essa promessa, pois o Senhor fez um convênio com seu antepassado Abraão, depois renovou-o com Isaque e, por fim, com Jacó (que teve o nome mudado para Israel, dando origem às 12 tribos). Imaginem a alegria do povo por saber que, finalmente, essa promessa seria cumprida.
Não é difícil entender porque o povo ansiava tanto por chegar à terra prometida. Quem não quer ter um lugarzinho para chamar de seu, em que se pode viver livre para fazer o que gosta – no caso dos israelitas, viver sua religião em paz? Depois de séculos sendo não apenas privados de sua liberdade de adoração, mas escravizados e oprimidos com cargas pesadas demais, chegar à terra prometida significava o fim de todo aquele sofrimento. Bem, era assim que deveria ser.
Por que a peregrinação durou 40 anos?
Não, não foi por causa da distância geográfica entre o deserto do Sinai e Canaã (a terra prometida). O povo precisava desse tempo para percorrer uma distância espiritual entre quem eles eram e quem deveriam se tornar como povo do convênio, para estarem dignos de merecer a terra santa.
Eles precisavam se livrar da tendência de murmurar
Quantas e quantas vezes lemos suas queixas: “seria melhor ficado no Egito como escravos do que perecer de fome/sede no deserto” ou “não havia túmulos no Egito para que tenhamos que ser sepultados no deserto?” Eles nem sequer conversavam com o profeta (Moisés) sobre seus problemas para tentarem encontrar soluções. Apenas murmuravam.
Será que já tinham-se esquecido dos milagres que os conduziram até ali? Se Deus fez tudo aquilo para tirá-los do Egito, será que os deixaria morrer de fome e de sede no deserto? É óbvio que não. A não ser que se desqualificassem moralmente e espiritualmente para entrarem na terra prometida.
Eles precisavam abandonar a idolatria
Todos conhecem aquela parte da história que, enquanto Moisés esteve fora por 40 dias para conversar com o Senhor no Monte Sinai, o povo fundiu um bezerro de ouro para adorar. Mas não foi a única ocasião em que praticaram a idolatria. Às vezes, quando batalhavam com determinadas nações, alguns dentre o povo ficavam o despojo de guerra e ídolos daquelas nações, quando tinham recebido a ordem de queimá-los.
Eles precisavam ter mais fé
Não apenas para saber que os Senhor não os mataria de fome e sede no deserto, mas que o Senhor lutaria suas batalhas e que poderiam ser curados física e espiritualmente com atos bem simples.
Números 21 relata mais uma ocasião em que o povo “falou contra Deus e contra Moisés”. Como castigo, o Senhor mandou “serpentes ardentes” para picar o povo. Ele reconheceram que aquilo estava acontecendo por conta de sua rebelião e foram falar com Moisés, que orou ao Senhor por cura. O Senhor disse a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre uma haste, e a erguesse, para que todo aquele que olhasse para ela, fosse curado.
Adivinhe? Devido à simplicidade do processo, muitos não o fizeram e morreram.
Eles precisavam cumprir todos os mandamentos
Antes de partir, Moisés releu os mandamentos para o povo, Josué fez o mesmo. Na verdade, cada profeta depois de Moisés relembrou sua geração sobre o compromisso que assumiram com o Senhor como povo do convênio. Isso implicava (e ainda implica) guardar os mandamentos e estatutos do Senhor. Eles tinham as Tábuas da Lei com eles e estavam cientes do que estava escrito nelas.
Uma geração inteira precisou morrer
Essa é uma parte muito triste da história. De todos os adultos que saíram do Egito, com 20 anos ou mais, apenas dois entraram na terra prometida: Josué e Calebe. Todos os demais morreram. E Moisés foi levado pelo Senhor, tal como Elias. Isso mostra que aquela geração desperdiçou a oportunidade de se santificar.
Será que nós também não estamos andando em círculo no deserto?
É muito fácil apontarmos os erros dos israelitas, e julgá-los sem termos calçados suas sandálias. Mas será que estamos cientes de que, assim como eles, temos um deserto inteiro para percorrer? Um deserto pessoal de tentações, doenças, perdas e outras tribulações, e que, assim como eles, temos os mandamentos para nos orientar, poderemos ter o Senhor nos guiando durante a jornada, se O permitirmos. Será que nossos olhos estão fitos na terra prometida celestial?
Ou será que nossa ingratidão, idolatria, falta de fé e menosprezo pelos mandamentos do Senhor estão fazendo-nos andar em círculo?
Quando nos deixamos conduzir pelo Senhor, torna-se muito mais fácil cruzar rios, derrubar muralhas e vencer as batalhas da vida. Que possamos aceitar o convite e promessa feitos em Josué 3:5: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós”. Sem essa santificação, não temos promessa alguma.
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