Ainda que tenha recebido de você a lição mais cruel, aprendi muito sobre o amor

O amor verdadeiro vem quando você aprende a se amar.

Erika Otero Romero

Não conheço ninguém que não tenha sofrido por amor. Às vezes acho que é a taxa que temos de pagar se quisermos descobrir realmente o que é o amor.

Pode parecer rude dizê-lo, mas recordar a minha história pessoal é o que me leva a escrever e pensar assim.

Um pouco de mim

Eu conheci o que eu pensei ser amor em uma época devastadora da minha vida. A pessoa em questão entrou na minha vida de repente. Quando se foi, fez um pouco mais de barulho, deixando pedaços por toda parte.

Eu gostei e me apaixonei como jamais havia me acontecido. Acreditei por anos que vivia uma das melhores experiências de minha vida. Claro que a “relação” não era perfeita, na verdade, era a mais imperfeita que eu vivera. Vivi maus-tratos por parte da sua família, mentiras, infidelidade e maus-tratos emocionais.

Para resumir, essa “tragédia” em que, por vontade própria, me meti me deixou destroçada, mas repleta de conhecimentos. Hoje posso dizer que agradeço por essa experiência que odiei no início. Essa situação ensinou-me o que não quero voltar a encontrar numa relação.

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Falso amor

Não tenho outro jogo de palavras para descrever a relação que vivi. Deixou-me tão desiludida que, durante dez anos, recusei a possibilidade de me apaixonar novamente.

No entanto, no processo, descobri que, apesar de ele me ter magoado muito, aprendi a dar-me o meu lugar. O amor próprio é primordial quando se deseja começar a busca por um amor. É necessário porque não se quer voltar a “tropeçar na mesma pedra”.

Descobri que queria atrair uma pessoa diferente, alguém bom e de quem aprender. Soube, então, que deveria fazer mudanças profundas em mim. Não posso pedir a alguém que me dê algo que não estou disposta a dar.

Eu comecei a fazer as mudanças. Eu não queria mais um falso amor, fazia muito tempo. E se há uma coisa boa que as más experiências trazem, é que elas o ajudam a amadurecer, isso aconteceu comigo.

Eu sei que não posso pedir alguém perfeito; no entanto, eu posso “ter uma lista” de qualidades e até mesmo defeitos que eu sou capaz de tolerar em um futuro amor.

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Minha lista especial

Não quero parecer exagerada, mas esta lista é baseada nas coisas que eu mesma sou capaz de dar; não quero menos, nunca mais.

Quero que a próxima pessoa seja honesta, leal, sincera, valente e perseverante. Também deve ser capaz de lutar por seus sonhos. O seu passado é o que menos me importa, todos fizemos coisas das quais não nos sentimos orgulhosos.

Não quero que tenha medo do trabalho duro ou das dificuldades da vida. Quero que seja amável e generoso. Alguém capaz de sorrir, embora haja muitos desafios na vida. Também que seja habilidoso, talentoso no que quer que faça, autodidata. Que desfrute dos momentos de tranquilidade. Saiba escutar e dar conselhos equitativos. Seja respeitoso. Que goste de ler e escutar música. Alguém que me ajude a melhorar a cada dia.

A verdade é que a lista continua. Sei que é ambiciosa; no entanto, se esses anos de solidão me serviram de algo, foi perceber a pessoa que sou. Como disse no início, só peço o que sou capaz de dar.

Depois da separação, não odeie, cresça!

Se exponho agora é porque passei por isso e não posso escrever sobre algo que não conheço.

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Quando essa terrível relação terminou, odiei essa pessoa, como ninguém pode imaginar. Todos os que se aproximavam de mim eram apenas uma extensão mais perversa dele.

Havia algo de errado comigo e era essa raiva que ele me fazia sentir por me ter enganado durante anos. Essa raiva e desconforto recalcitrantes eram o que fazia com que eu atraísse à minha vida o mesmo tipo de pessoa; foi assim que soube que a mudança deveria vir do meu interior.

Tudo é um processo

Comecei a meditar. Fiz uma lista dos meus defeitos e qualidades. Empenhei-me em mudar e melhorar como pessoa; é algo que continua até o dia de hoje.

Iniciei um processo de fortalecer as minhas qualidades e dominar os meus defeitos.

Algo que jamais esquecerei é quando ele gritou, certa vez, que eu “deveria conseguir-me uma vida”. Sou uma pessoa introvertida e reservada. Talvez por esta razão, quando eu tenho alguém na minha vida, eu quero passar tempo com essa pessoa. Eu sei que isso pode ser sufocante. Quando me tornei consciente disso, as minhas inseguranças assustaram-me. Isso, no início, fez-me ficar ainda mais confinada em minha solidão.

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Eu tinha que parar de ser uma dependente emocional. Aprendi a viver com meus medos, aprendi a viver comigo mesma. Já não tenho vontade de preencher os meus espaços vazios com pessoas que não valem a pena. Hoje sei quanto valho; não vou estar com qualquer um que venha trocar o meu tesouro “por espelhos e bugigangas”.

Só posso dizer, por último, que você não deve temer a solidão. Desfrute de seus momentos a sós, cresça e ame-se; só assim saberá o quanto você vale e a qualidade de pessoa que merece em sua vida. Mudança e felicidade começam quando você se ama.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Aunque de ti recibí la lección más cruel, aprendí mucho sobre el amor

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.