5 Princípios para melhorar a comunicação com seus filhos

Seu filho adolescente chega da escola e se tranca no quarto ou "em sim mesmo", e põe a música no último volume? Leia até o fim!

Oscar Pech

Diz um antigo refrão: “A educação de uma criança começa vinte anos antes de ela nascer.” Os pais cujo filho mais velho está entrando no jardim de infância não conseguem imaginar o que é ter um adolescente em casa. É exatamente por isso que este artigo foi escrito, para ser lido por quem tem filhos recém-nascidos.

Comunicar-se com adolescentes pode ser muito difícil, mas nem tudo é culpa desses pobres garotos. Se nós, como pais, apresentamos falhas na comunicação, pode ser que haja problemas latentes ou situações ocultas, originadas muitos anos antes que os problemas apareçam.

Pode ser que tenhamos maus hábitos na educação de nossos filhos, coisas que negligenciamos ou que pensamos poder ignorar, que não os iriam afetar. No entanto, de repente, em meio a todas as mudanças pelas quais nossos filhos passam na adolescência, percebemos que as grandes coisas sempre provêm das pequenas, e que pequenos descuidos geram grandes desastres.

Há muitos modelos do que é o processo de comunicação. Talvez um dos mais aceitos hoje em dia seja o seguinte:

Transmissores e receptores

Neste caso, nós, pais, somos os transmissores. Através de um canal, enviamos uma mensagem que é sempre acompanhada de uma referência e de um código, e é dirigida a um receptor, que é o nosso filho. Para piorar a situação, sempre há uma fonte de interferência ao longo do processo, o que pode limitar nossa eficácia em dizer o que queremos dizer, ou para que nosso filho entenda o que queremos que ele entenda. Na verdade, o modelo é muito mais complexo, mas vamos mantê-lo nesse nível.

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Você tem problema de comunicação? 

Acho que todos nós, em maior ou menor grau, temos. E se eu lhe dissesse que vou lhe dar todas as soluções aqui, estaria mentindo. É impossível fazer generalizações absolutas que funcionem, porque pode haver diferentes fatores que estejam falhando. 

Vejamos os principais problemas a nível técnico, semântico ou de eficácia com que os transmissores (pais) precisam se preocupar:

1. Problemas técnicos

Refere-se a sermos precisos naquilo que queremos dizer, exatos na transmissão. Isso implica usarmos um volume de voz adequado (nem muito alto nem muito baixo), dizer o nome correto das coisas, inclusive das partes do corpo, usando um tom de voz natural. 

Por exemplo, se criarmos o hábito de falar aos berros, chega um momento em que isso se torna normal. Se sempre lhes pedirmos as coisas chorando, chega um momento em que não vamos mais causar a mínima comoção, inclusive veremos um efeito contrário: acabamos sendo completamente ignorados por nossos filhos.

2. Problemas semânticos: compreensão

Nesse modelo, a mensagem é acompanhada por um código (uma linguagem) e uma referência (um conhecimento compartilhado). Nossos filhos geralmente falam uma língua diferente da nossa, mesmo que ambos pensemos que estamos falando português.

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É preciso fazer ajustes: eles dirão palavras que nos deixarão irritados, e nós usaremos expressões que eles acharão ridículas. Haverá questões de normas, pontos de vista, costumes, que nossos filhos e seus amigos acharão muito antiquados; e nós acharemos escandalosos. Para conseguirmos nos comunicar, ambos devemos estar cientes disso e procurar o ponto intercessão onde a comunicação possa ocorrer.

3. Comunicação eficaz envolve mudança

A comunicação não é apenas para nos expressarmos corretamente, mas para sermos eficazes na modificação do comportamento do destinatário (ou seja, dos nossos filhos). 

Quando são criancinhas, eles nos obedecem em tudo, porque acreditam em tudo. Se formos consistentes em nosso comportamento, quando crescerem, continuarão a acreditar em nós. Talvez não seja da mesma forma, mas se eles sentirem no coração o quanto os amamos, se o demonstrarmos dando-lhes tempo (com qualidade e quantidade), nossa comunicação sempre será eficaz.

4. A mensagem

Há mensagens que são difíceis. Devemos nos preparar de maneira especial para transmiti-las. Como quando falamos sobre sexualidade ou regras sobre sair com seus amigos à noite. Devemos estar dois passos à frente deles em todos os sentidos. E, pode acreditar, você não resolve o problema fugindo dele. 

Eu deveria ter me preparado para falar sobre sexualidade com meus filhos antes que eles entrassem na adolescência, para não ficar vermelho quando a hora chegasse. Quando a mensagem é “espinhosa”, é bom preparar o canal, o ambiente: ajuda muito quando se trabalha com eles. Quando estão fazendo em uma caminhada juntos, ou se suas mãos estão ocupadas com alguma coisa, as ideias fluem melhor e são mais bem-recebidas.

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5. Repetição

As fontes de interferência são eliminadas com a repetição: melhora a precisão, corrige erros de canal, elimina a interferência na mensagem e na audiência. Em grande medida, a repetição na comunicação familiar deve vir acompanhada de cortesia e boas maneiras. Existem exceções, mas são apenas isso: exceções.

E o receptor?

É verdade, o adolescente está passando por tantas mudanças por dentro, que seria injusto pedir-lhe para ser o receptor perfeito que ele foi durante a infância. 

Nós, que estamos em um ponto mais estável da vida, temos o dever de ser flexíveis a esse respeito. Além do mais, seu filho provavelmente não quer se comunicar com você. É algo que não podemos mudar. Mas é muito importante que você o faça saber, continuamente e por diferentes meios, que você quer se comunicar com ele, e que quando ele quiser se comunicar, você estará lá, disposto e ansioso para ouvi-lo.

O ciclo inverso

Claro, uma vez que a informação fluiu de nós para eles, então acontece o inverso, seu filho é o remetente e você é o receptor. Isso traz dois grandes desafios: primeiro, você precisa fazê-los falar. E em segundo lugar, você tem que estar disposto a ouvi-los. Com esses princípios, você certamente irá conseguir.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Principios para mejorar la comunicación con tus hijos

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Oscar Pech

Oscar Pech nasceu no México, é conselheiro. De seus 50 anos, 26 tem sido dedicados a sua carreira de conselheiro, de escritor, do ensino e do "coaching".