Você sabe como as pessoas introvertidas amam?

Por ser introvertida, eu nunca me senti adaptada em lugar nenhum. Nós, introvertidos, temos uma maneira peculiar de amar. Explico em detalhes neste artigo.

Erika Otero Romero

Sou uma pessoa introvertida. Algo pelo qual me interessei por anos, antes de estudar psicologia, era descobrir que tipo de personalidade eu tinha. Eu lia todos os livros de psicologia que surgiam em meu caminho, mas não importava o quanto eu procurasse, eu não entendia direito.

Nunca me senti adaptada a nenhum lugar. Quando criança, sempre tive um círculo bastante grande de amigos, e ainda assim, sentia-me excluída. Talvez seja por isso que eu tenha mudado completamente com o passar do tempo. Eu me recusava a aceitar que era introvertida. Eu via esse tipo de personalidade como pouco aceita socialmente e queria me encaixar na sociedade. Isso nunca aconteceu.

Hoje, apesar de todas as desvantagens de ser introvertida, ficou mais fácil eu me entender. Agora, não me sinto estranha socialmente, mas, honestamente, tenho dificuldade em me abrir para as pessoas e fazer amigos. Quanto ao amor… bem, isso é outra história.

O amor e a personalidade introvertida

Os introvertidos têm dificuldade em estabelecer relacionamentos porque sua vida social pode ser escassa. Não é que não saibamos como tratar as pessoas, temos “rajadas” de energia, entusiasmo e contato social, mas somos seletivos quando se trata de conhecer pessoas.

Outro aspecto importante é que estar cercado por muitas pessoas drena nossa energia. Pessoas extrovertidas tendem a nos ver como “seres estranhos”. A verdade é que precisamos de longos momentos a sós para nos “recarregar”. Isso pode ser o que nos impede de relacionar facilmente, como fazem as pessoas extrovertidas.

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Apesar de tudo, gostamos de pessoas, queremos ter amigos e ser amados; só que muitos de nós têm mais dificuldade.

A questão é que, quando amamos, nossa afeição é mais profunda e sincera; talvez seja porque somos mais intensos e é mais difícil para nós encontrar alguém para amar. Também somos mais seletivos ao escolher amigos e possíveis amores; além de observadores, sensíveis, bons líderes e conselheiros.

Obviamente, não quero minimizar a importância da extroversão. Posso dizer que os extrovertidos são o sal da terra. Eles sabem se expressar, não se sentem desconfortáveis quando são o centro das atenções. Além disso, são líderes natos, gostam de novidades e se adaptam com muita facilidade às mudanças.

Os extrovertidos têm muito mais facilidade em encontrar o amor do que nós, mas também sabemos amar.

A solidão é necessária para nos recarregarmos

Sim, nós nos sentimos melhores estando sozinhos, mas a solidão muitas vezes pode se tornar nossa prisão; uma armadilha em que caímos por vontade própria.

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Nós, introvertidos, não nos sentimos confortáveis em ambientes em que falamos por falar. Nem nos sentimos à vontade para chamar atenção. Justamente por isso, não é fácil para nós flertar, ir a festas e socializar.

Segundo os neurologistas, nosso cérebro funciona de forma diferente. Sofremos um enorme desgaste neuronal ao socializar. Precisamos de longos momentos de solidão “para nos recarregar”.

Introvertidos e relacionamentos

Se eu comparar introvertidos com extrovertidos, nós, introvertidos, não temos nada a ver com o brilho deslumbrante dos extrovertidos.

É muito comum irmos a festas durante a adolescência, mas ficamos encostados na parede. Não queremos chamar atenção, apenas “olhamos para o quadro geral”. Claro, quando começamos a nos sentir mais confortáveis, passamos a nos divertir e rir. Mesmo assim, isso não dura muito, pois muita gente e barulho nos deixam desgastados.

É normal que nos sintamos atraídos por pessoas específicas, mas tendemos a gostar e a amar em silêncio e à distância. Isso porque não temos coragem de nos aproximar. No entanto, com o tempo, podemos descobrir do que somos capazes.

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No meu caso, perdi o medo da rejeição depois de ter sofrido várias humilhações públicas. Isso não me deteve. Passei a pensar que eu já tinha o “não”, o que mais poderia acontecer que eu já não tivesse sofrido?

Na realidade, gostamos de pensar muito antes de agir para estarmos mais bem-preparados no campo social.

… E o amor?

Antes de tudo, é preciso saber que a introversão e a extroversão “são dois extremos de uma corrente”.

Ou seja, não é porque somos introvertidos que não temos habilidades sociais. Gostamos de nos divertir, mas a diferença é que nossa vida não está sujeita apenas a estarmos atentos ao exterior. Encontramos proteção dentro de nós mesmos. Isso nos leva a ser mais criativos, sensíveis, originais, analíticos.

O interessante é que sabemos que não é necessário ir a festas para conhecer pessoas. Diferentemente das pessoas extrovertidas, somos mais propensos à proximidade. Gostamos de conversas cara a cara, daqueles momentos que enchem o ambiente de intimidade, simplicidade e cumplicidade.

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Como são os casais introvertidos?

É um mito que introvertidos só namoram introvertidos. Estamos apenas procurando um relacionamento no qual possamos crescer, aprender e amadurecer uns com os outros. As relações sentimentais com uma pessoa introvertida são caracterizadas por:

1. Compartilharemos momentos de solidão e tranquilidade com nosso parceiro. Usamos esses momentos para alcançar uma conexão emocional profunda que fortalece o compromisso.

2. Sabemos dar espaço e tempo para a pessoa que amamos. Se nós precisamos, eles também.

3. Não gostamos de ser “forçados” a socializar. Não gostamos de mudar nossos hábitos, valores e costumes; isso não vai mudar, mesmo que amemos muito alguém.

4. Haverá longos momentos de silêncio. Isso não é uma coisa ruim; nem significa tédio ou que estamos pensando coisas ruins sobre o relacionamento ou aquele que amamos.

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Como pode ver, somos diferentes dos extrovertidos, mas nem tanto. Gostamos de amar e ser amados, mas amamos de maneira diferente.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original ¿Sabes cómo aman las personas introvertidas?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.