Usar o celular para acalmar uma criança impede que ela aprenda a se acalmar sozinha

As babás virtuais são aliadas dos pais modernos, mas não ajudam a criança a controlar a ansiedade, muito menos regular suas emoções.

Emma E. Sánchez

Os tablets e telefones celulares foram recentemente chamados – em tom de brincadeira – de “babá inteligente” e “chupeta digital”, porque, por incrível que pareça, é a nova ferramenta utilizada por muitos pais para distrair e, pior ainda, acalmar seus filhos em meio a uma birra, ou ainda para “serem deixados em paz” enquanto eles (os pais) realizam alguma outra tarefa.

Para os leigos, ver um pequenino brincando com o celular da mãe, mordendo-o, e vê-lo se acalmar e parar de chorar quando lhe entregam, pode não significar nada, mas para os psicólogos e especialistas em desenvolvimento infantil, esse é um sinal de alerta e requer bastante atenção.

Mas para que tanto drama por algo tão normal? Você pode até pensar que é exagero dos especialistas declarar que esse dispositivo é prejudicial, sendo que contém tantos jogos e atividades tão atrativas.

Portanto, gostaria de lhe apresentar algumas ideias para você tirar suas próprias conclusões.

As crianças pequenas precisam da atenção dos pais

Nestes tempos em que as novas tecnologias nos surpreendem a cada dia, podemos nos esquecer de que, independentemente dos avanços conquistados, os seres humanos ainda precisam seguir os processos biológicos naturais necessários para o desenvolvimento saudável. 

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E como parte desse desenvolvimento natural e normal, os pais devem passar tempo com seus filhos. Conversar, brincar, dormir, discutir, comer e tudo que faz parte de um relacionamento normal, as crianças necessitam.

Nenhum dispositivo eletrônico pode suprir as necessidades de atenção que pai e mãe podem dar aos filhos em qualquer idade.

Eles também precisam de tempo para brincar e se exercitar

Toda criança, para não dizer todo ser humano, precisa se movimentar para manter a saúde; e as crianças em desenvolvimento precisam, em especial, de brincadeiras ao ar livre, caminhar, escalar, cair e aprender a levantar, explorar e descobrir, experimentar e sentir todos os tipos de texturas, sabores e cheiros. Um tablet ou telefone celular nunca poderá proporcionar essas experiências de vida.

Um pequeno aprende a lidar com a frustração e desenvolver tolerância através de experiências

Por mais que nos recusemos a aceitar, precisamos entender que a tolerância é desenvolvida como um músculo e a frustração é superada à medida que tentamos repetidamente alcançá-la.

Nossos níveis de paciência vão aumentando à medida que enfrentamos tudo aquilo que é desafiador. Não é algo que simplesmente surge, mas são virtudes alcançadas ao enfrentarmos, com paciência, um desafio após o outro em nosso dia a dia. E um dispositivo tecnológico não é o melhor caminho para alcançá-las.

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Satisfação e gratificação instantâneas não contribuem para que  ocorram os processos de amadurecimento necessários 

Nos últimos quinze ou vinte anos, a vida mudou tão rapidamente, que nos pegou de surpresa de várias maneiras. Começamos a viver de maneira muito rápida em todos os sentidos: fast food, serviços expressos e prazer ou gratificação rápida e imediata.

As crianças (e adultos) buscam reconhecimento imediato, prêmios instantâneos e bônus por “mover o dedo”. Portanto, paciência, espera e esforço prolongado para alcançar algo ou atingir uma meta são idéias do passado, resultando em espíritos fracos e sem força de vontade; é daí que surgiu o termo “geração de cristal” (“quebram” por qualquer coisa).

Os dispositivos eletrônicos fascinam as crianças, mas não lhes ensinam o autocontrole

Observe uma criança pequena, de 2 ou 3 anos, quando estiver fazendo birra. Nada parece ser capaz de dar um fim naquele drama. Então, a mãe lhe dá o celular. A criança fica em silêncio imediatamente e se perde, fascinada, com aquilo que vê. Você pode ver como ele mexe a mão e sorri em algum momento, e enquanto seus olhos ficam atentos ao dispositivo, sua mãe pensa que está tudo bem. Mas, então, o dispositivo é tirado da sua mão e em 3 segundos a criança começa a chorar novamente, igual ou pior que a primeira vez.

Os dispositivos acalmam as crianças enquanto os usam, mas em nenhum momento eles contribuem para que elas aprendam a dominar a si mesmas.

O que podemos fazer?

* Evitar que as crianças pequenas brinquem com dispositivos eletrônicos antes dos 5 anos

* Não usar esse tipo de dispositivo para fazê-las parar de chorar ou parar de “incomodá-lo”

* Deixar seus filhos desfrutar as atividades ao ar livre

* Permitir que as crianças fiquem entediadas e descubram sozinhos o que fazer

Convido-o a ler mais sobre “birra infantil” e como isso pode ajudar as crianças a se controlar. Leva mais tempo do que dar um celular ou tablet, mas, pode acreditar, é muito melhor para elas, porque estará contribuindo para o desenvolvimento normal e natural das habilidades para a vida.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Calmar a un niño con el celular le impide aprender a calmarse por sí mismo

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Emma E. Sánchez

Pedagoga e terapeuta de família e de casal. Casada e mãe de três filhas adultas. Apaixonada por Educação e Literatura. Escrever sobre temas familiares para ajudar os outros é minha melhor experiência de vida.