Uma nova esperança para a depressão profunda: a neuromodulação direcionada

Estímulos elétricos individualizados no cérebro acenam como uma nova esperança para os portadores de depressão severa com risco de suicído.

Stael Ferreira Pedrosa

Segundo a Sociedade Brasileira de Neuromodulação, este é um tratamento que tem sido bastante utilizado para dores crônicas, Doença de Parkinson, distúrbios de movimentos (ex: distonia, tremor), contrações musculares involuntárias, distúrbios psiquiátricos, epilepsia, melhoria da movimentação gastrointestinal e urinária, angina cardíaca e reabilitação motora e obtido bons resultados.

O que é a neuromodulação

Trata-se de um estímulo elétrico (ou químico) direcionado a um determinado ponto neural. O objetivo desse estímulo é aliviar a dor ou melhorar a movimentação de indivíduos com dor crônica, Parkinson ou outros distúrbios do movimento.

Embora já tenha sido usada para tratamento de problemas psiquiátricos, pesquisadores da University of California San Francisco’s Dolby Family Center for Mood Disorders publicaram um artigo científico no Sciency Daily, onde trazem uma nova abordagem personalizada da neuromodulação que, segundo os autores, pelo menos em um paciente, foi capaz de proporcionar alívio dos sintomas de depressão severa resistente ao tratamento – em poucos minutos.

Segundo os pesquisadores, o cérebro, assim como o coração, é um órgão elétrico, ou seja, utiliza-se de estímulos elétricos para seu correto funcionamento. Então a ideia seria substituir estímulos defeituosos por estímulos elétricos mais saudáveis.

De acordo com a dra. Katherine Scangos, “a depressão afeta pessoas diferentes de maneiras muito diferentes, mas a ideia de mapear locais individualizados para a neuromodulação que correspondem aos sintomas particulares de um paciente não foi bem explorada.” Esse novo experimento com a neuromodulação trata de atingir a área afetada específica de cada paciente, sendo, portanto, um tratamento individualizado.

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Para quem é o tratamento

Segundo a Dra. Scangos, esse tratamento direcionado e individualizado tem tido efeito em pacientes com depressão severa, resistente a medicamentos e que estão em alto risco potencial para suicídio. Assim, essa abordagem está sendo desenvolvida especificamente para essa fração significativa de pessoas com depressão debilitante que não respondem a terapias existentes.

Leia: Depressão é doença séria: Lidando com quem não entende o que é depressão

O que os estudos mostram

No jornal científico Nature Medicine, a Dra. Scangos e seus colegas mapearam os efeitos da estimulação leve em vários pontos do cérebro de um paciente com depressão profunda e grave resistência aos tratamentos. Eles descobriram que a estimulação em diferentes locais poderia aliviar sintomas diferentes da doença cerebral. Foi possível reduzir a ansiedade, aumentar os níveis de energia, ou restaurar o prazer em atividades diárias e, que os benefícios dos diferentes locais de estimulação dependiam do estado mental do doente no momento.

Já está sendo utilizado esse tratamento?

Não. Ainda está em fase de estudos, que embora tragam muita esperança para os casos severos, ainda carece de informações sobre seu efeito em longo prazo. O estudo pretende ainda um ensaio clínico de cinco anos que avaliará a eficácia da neuromodulação personalizada em 12 pacientes com depressão resistente a tratamento grave a fim de determinar se a estimulação direcionada é capaz de trazer os circuitos cerebrais dos pacientes de volta ao equilíbrio.

O objetivo é personalizar o tratamento, “mostrando que os efeitos distintivos de estimular diferentes áreas do cérebro são reprodutíveis, duradouros e dependentes do estado do paciente”, disse Andrew Krystal, diretor do Dolby Center da UCSF e coautor sênior do novo estudo.

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Embora ainda esteja um pouco distante, os resultados dos pesquisadores da Universidade da Califórnia acenderam uma luz no fim do túnel para aqueles que têm depressão severa e para aqueles que os amam.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.