Terror Noturno: um distúrbio do sono que afeta muitas crianças e até adultos, provocando alucinações

Muitos sofrem de Terror Noturno, que é confundido com aparições de espíritos e outras visões aterrorizantes, e que trazem muito sofrimento tanto para quem sofre, como para os familiares.

Luiz Higino Polito

Uma menina de 2 anos, R., acorda e grita, dizendo que tem “um morto no corredor”. Paige Magarrey, uma mulher já adulta, vê um homem entrar pela janela e ficar em pé perto de sua cama, olhando para ela. Paige vê também criaturas terríveis saírem do armário e entrarem debaixo de seu cobertor. Certa vez, ao acordar, Paige se levantou e “tropeçou” num cadáver que estava no chão.

Eu mesmo, quando tinha uns 5 anos, às vezes acordava gritando, enquanto meus pais me seguravam de pé sobre a cama ou sobre uma mesa: até hoje ainda me lembro das alucinações que eu tinha com um tipo de avalanche de enormes pedras que vinham em minha direção. Com o tempo, felizmente, tudo isso cessou.

Um mal pouco conhecido e de difícil diagnóstico

Terror Noturno atinge mais gente do que imaginamos, porém, ainda é pouco reconhecido como um distúrbio do sono, sendo confundido com experiências espirituais ou “assombrações”. Não sou descrente da vida após a morte, nem de certas experiências espirituais, tais como algumas de que eu mesmo fui testemunha e de tantas outras que podemos encontrar na Bíblia, e em outros livros sagrados.

No caso do Terror Noturno, porém, a causa é de um distúrbio do sono: segundo os médicos, é a disfunção de um interruptor neuronal, localizado (obviamente), no cérebro. A pessoa desperta do seu sono, porém, continua ainda vivenciando o seu sonho, como se o sonho fosse realidade. Pode durar alguns segundos ou até alguns minutos. São chamadas de “alucinações hipnopômpicas”, ou seja, se ver coisas que não existem, no momento em que se desperta do sonho (ou pesadelo).

Na revista Seleções de Reader’s Digest de agosto de 2012, no artigo “Monstros debaixo da cama”, a autora, Paige Magarrey, conta sua assustadora experiência com o Terror Noturno. Ela conta que seus problemas começaram em 2008. Já adulta, ela diz como aconteciam suas alucinações: “Sentava­‑me na cama, de olhos abertos, e assistia a um filme… que meu cérebro projetava no mundo”.

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Embora o Terror Noturno seja mais comum em bebês e crianças pequenas, pode afetar pessoas adultas também.

Quanto aos bebês e crianças, num artigo sobre esse assunto, publicado na Revista M de Mulher, lemos que o Terror Noturno é uma “atividade anormal” do sono, e que é muito frequente em crianças pequenas, e até em bebês. “Na fase pré-escolar, ele chega a atingir metade da população infantil, segundo estatísticas internacionais”, cita a revista.

Nos bebês e crianças, o Terror Noturno se manifesta, segundo a revista, de acordo com a idade: “Os bebês de colo simplesmente acordam chorando no meio da madrugada. Já as crianças mais velhas também costumam gritar ou emitir sons sem nexo.” Os pais ficam assustados, porque é uma cena que pode impressionar mesmo. Apesar do susto e do medo dos pais, felizmente, o Terror Noturno não afeta a saúde ou o desenvolvimento da criança.

O que fazer quando uma criança tem alucinações?

“O ideal é não intervir e deixar que o momento de transe passe naturalmente e (a criança) volte a dormir”, aconselha a revista citada.

Normalmente, o problema sumirá sozinho e só em raríssimos casos será necessário algum acompanhamento médico, como no caso de as alucinações se tornarem tão constantes que causem privação de sono.

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Adultos com Terror Noturno

Voltando à reportagem da revista “Seleções”, lá podemos ler que “quando sonhamos, o corpo paralisa os músculos para não saltarmos da cama”- senão nós nos movimentaríamos conforme agimos no sonho. Quando o tal interruptor neuronal responsável por isso falha, a pessoa vai despertando e tendo uma visão (alucinação) da continuação do sonho ou pesadelo.

Um especialista em transtornos do sono, Dr. Raymond Gottschalk, de uma Clínica para tratamento de distúrbios relacionados ao sono, da cidade de Hamilton (Canadá), diz que “o cérebro (humano) possui 100 bilhões de neurônios”, e que “não admira que de vez em quando um curto-circuito (entre os neurônios) provoque defeitos no sono”.

No caso da autora do artigo citado acima, ela começou vendo pessoas escondidas nos cantos do quarto, que saltavam, às vezes, sobre ela. Ela via também insetos gigantes, morcegos e aranhas que a faziam sair gritando do quarto. Tinha medo de ir dormir, por causa da possibilidade de ter tais alucinações. Chegou a ter tais alucinações quase toda noite! Foi buscando ajuda médica que ela percebeu que o Terror Noturno é confundido com pesadelo, até por médicos especialistas. Demoraram um ano até chegarem ao diagnóstico certo. Recomendaram, então, o uso de uma máscara de dormir, o que agravou mais ainda o problema, quando ela acordava com as alucinações. Com psicoterapia, ela aprendeu finalmente a se conhecer melhor e a relaxar mais, o que a ajudou muito na superação do distúrbio, embora ela ainda tenha, ocasionalmente, alucinações ao acordar.

Dormir bem

Todos são unânimes em dizer que dormir bem é um santo remédio. Para isso, uma alimentação correta pode ajudar muito. Comer muitos alimentos “pesados”, principalmente à noite, pode facilitar os pesadelos. Aprender a ter autocontrole em épocas de crise, lutos, problemas de relacionamento e outros desafios de uma vida normal, também é fundamental para se ter um sono satisfatório. Evitar um pouco as telas de celulares e computadores antes de ir dormir também ajuda. Cada um de nós deve investir tempo para se conhecer melhor e assim aprender a importante arte de dormir bem.

Entender um pouco sobre sonhos, também pode ser útil: veja o artigo Os nossos sonhos têm algum significado?

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Luiz Higino Polito

Casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, estudei oratória e didática. Gosto muito de escrever. Profissionalmente, sou músico e tenho um Sebo Virtual, onde vivo com minha esposa e cercado de livros!