Seu filho merece ser castigado? Então isto é para você

O que você faz quando seu filho quebra um copo ou derrama leite? Você o repreende? Você bate nele? Seu filho merece punição? Então isto é para você.

Emma E. Sánchez

Alguns especialistas em educação infantil argumentam que uma grande porcentagem de pais educa seus filhos de maneira semelhante à que seus pais os criaram. O que significa isto? Basicamente, que repetimos o que vivemos na infância. Se você foi criado à base de surras, é provável que também bata em seus filhos. Puro reflexo.

Se perguntar a qualquer pessoa, ela dirá que bater não é uma boa maneira de educar e criar uma criança. Porém, na hora de corrigir, a violência, em todas as suas manifestações, está presente com mais frequência do que gostaríamos.

Vamos examinar o mesmo cenário de três perspectivas diferentes:

Cenário

Você está com pressa, mas quer que seu filho tome o café da manhã antes de ir para a escola. Você serve o leite, do qual, aliás, sobra muito pouco. Seu filho derruba sem querer o copo no chão, que quebra e derrama o que sobrou.

Perspectiva 1: punição

Você grita, dá um tapa nele, tenta acalmar seus irmãos (com gritos), recrimina-o por derramar o leite e começa com aquela ladainha de como tudo está caro, do quanto você tenta, do mínimo que eles fazem para ajudar. Talvez você até diga que ele foi um “lerdo” ou usa qualquer outro adjetivo depreciativo e humilhante e manda-os para a escola.

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Esse tipo de atitude não corrige comportamentos, ou seja, a criança não vai ter mais cuidado da próxima vez, só vai fazer algo ou fingir que está fazendo quando você estiver por perto. Sua mudança é apenas temporária e gerada pelo medo de apanhar ou levar uma bronca.

Isso se deve ao abuso, porque você reage com raiva e pode perder o controle, e, finalmente, as crianças tornam-se retraídas e com autoestima baixa porque passam a acreditar que são incapazes ou que não conseguem aprender.

Perspectiva 2: superproteção

Para evitar problemas e não perder tempo, você serve o leite em um “copo com canudinho” para ele não derramar e poder levar no carro, se quiser. Você nunca usa copos de vidro porque quebra, tudo é de plástico na sua casa. Você o veste, deixa-o prontinho e arruma o lanche do recreio. Depois, coloca-o no carro (com tudo e o copo), diz a ele o quanto o ama e o deixa na escola.

O mais seguro é que, desta maneira, você nunca chega atrasada em lugar algum, não briga com os filhos pela manhã e, obviamente, não os torna independentes, autossuficientes, autônomos. Além disso, você os incapacita para todos os dias da a vida deles.

Lembre-se, “Qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo ao desenvolvimento” (María Montessori).

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Perspectiva 3: criança responsável

Desta vez, você mantém a calma e pede a ele para recolher o copo quebrado. Se ele se cortar, você dá uma olhada, manda-o lavar e lhe dá um curativo. Então, pede para ele continuar recolhendo e limpando ou, se estiver tarde, limpar o que sujou quando voltar.

Ele toma outra coisa no café da manhã ou vai só com um copo d’água na barriga (porque o único leite que tinha ele derramou e não há outra coisa para tomar), e você o leva para a escola, onde lhe dá um beijo de despedida. No dia seguinte, você pede a ele que sirva o próprio leite e o parabeniza por ter feito corretamente.

Duro demais para a criança? Ou duro demais para você? Permitir que nossos filhos assumam as consequências naturais de suas ações é um processo de vida que permite que eles se tornem responsáveis, autônomos e autoconfiantes.

Será que isso requer mais tempo de dedicação? Claro que sim! Estamos criando filhos, não gado, nem plantas. A criança que experimenta cedo as consequências de suas ações – tanto positivas quanto negativas – conseguirá cuidar e si mesma mais cedo, e sua dignidade e autoestima ficarão intactas.

Leia: Disciplina e castigo: não são a mesma coisa

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Para você, pode parecer um tempo perdido durante a infância; mas a adolescência confirmará que foi um tempo muito bem investido.

Leia também: 9 maneiras eficientes de punir seus filhos de modos não cruéis

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original ¿Tu hijo se merece un castigo? Entonces esto es para ti

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Emma E. Sánchez

Pedagoga e terapeuta de família e de casal. Casada e mãe de três filhas adultas. Apaixonada por Educação e Literatura. Escrever sobre temas familiares para ajudar os outros é minha melhor experiência de vida.