Seu filho fica muito tempo no videogame? Maslow explica!

Conheça Abraham Maslow e entenda por que o seu filho passa tanto tempo jogando.

Stael Ferreira Pedrosa

Abraham Maslow foi um psicólogo norte americano de rosto simpático e sorridente, que nasceu no começo do século XX, em péssimas condições econômicas, ou seja, miserável, segundo o próprio. Mais velho de sete irmãos, esse descendente de russos e judeus “se refugiava” da vida difícil passando tempo em uma biblioteca no Brooklyn, nos Estados Unidos.

Esse hábito fez com que concluísse dois cursos superiores, o curso de Direito em Nova York, e mais tarde psicologia, na Universidade de Wisconsin, onde também fez mestrado e doutorado.

Maslow, teve influência em grandes teorias comportamentais, tais como o “T” groups – do inglês Trainning groups, ou seja, grupos de treinamento em que os participantes aprendem sobre si mesmos por meio da interação. Nessa teoria, dizia que reunir grupos de pessoas era uma das formas de expor as áreas de conflito. Quem tem família grande vai entender.

No entanto, a teoria mais famosa de Maslow é a da “hierarquia das necessidades”, que ele criou nos anos 1950. Segundo esta teoria, todos os seres humanos têm necessidades que precisam ser satisfeitas de forma hierárquica, ou seja, das básicas para as mais complexas. Para ficar mais claro, ele colocou essas necessidades como uma pirâmide – a pirâmide das necessidades de Maslow.

De acordo com essa teoria, as necessidades fisiológicas estão na base da pirâmide e devem ser satisfeitas antes de se buscar a seguinte. Ou seja, antes de termos, por exemplo, um emprego, precisamos estar respirando, ter nos alimentado, etc. Sem isso, seria impossível alcançar-se a etapa da segurança, que é onde está o emprego, e com um emprego que garanta a segurança, passa-se à seguinte. E assim sucessivamente.

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Mas, o que isso tem a ver com o meu filho jogar videogame?

Antes de explicar a ligação entre a pirâmide das necessidades de Maslow e os videogames, é necessário explicar um termo muito comum em pedagogia: ludicidade, que significa jogo ou o brincar, mas que se relaciona aos pontos mais altos da pirâmide de Maslow: relacionamentos, criatividade, autoestima entre outros.

O videogame é lúdico por excelência. Antes de qualquer atributo, este é o principal, afinal, ele é para jogar, brincar, resolver situações com criatividade, interagir (ao se jogar on-line), entre outras atividades de cunho recreativo vindas deste.

De acordo com o professor e historiador Johan Huizinga (1872-1945), o jogo, embora uma atividade considerada “não séria”, é capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. Além disso, dizia que o jogo é desprovido de uma ligação com a realidade, é livre, não é uma tarefa e acaba por se tornar uma saída para a realidade cotidiana (fantasia). Essa liberdade traz prazer e é um fim em si mesma, ou seja, o prazer de jogar e fantasiar.

O videogame e as necessidades de Maslow

Aí que vem a questão que Maslow explica. Após satisfeitas as necessidades básicas, surgem as complexas. Entre estas estão a criatividade, solução de problemas, conquista, autoestima, respeito dos outros e pelos outros. E os videogames podem proporcionar a satisfação dessas necessidades.

Celso Antunes, autor do livro Jogos para a Estimulação das Múltiplas Inteligências, defende que o jogo é um meio eficiente de estimular a inteligência, sendo um espaço que permite que o indivíduo realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o indivíduo é quem quer ser, ordena o que quer ordenar, decide sem restrições. Graças a ele, pode obter a satisfação simbólica do desejo de ser grande, do anseio de ser livre.

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E isso vem explicar o porquê de seu filho ficar tanto tempo no videogame, ele está satisfazendo altas necessidades humanas: brincar, ser criativo, enfrentar desafios, ser reconhecido e respeitado, interagir com outros e se divertir – muito!

Isso é ruim?

Embora se deva estabelecer limites, saiba que o videogame não é algo nocivo. Seu uso talvez seja quando se torna doentio. Porém, a maioria dos autores afirma que este é um meio de a criança, o adolescente ou mesmo os adultos, satisfazerem, ainda que fantasiando, suas necessidades descritas por Maslow, nas esferas superiores da pirâmide.  

Desde que dentro de um limite saudável, saiba que o videogame pode ajudar a aumentar as habilidades sociais e a inteligência de seus filhos.

É pelo brincar que crescem a alma e a inteligência […] uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto, que não sabe pensar”. Jean Chateau

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.