Seu celular ou seu parceiro? Se ficou em dúvida, você tem um problema

Mais um vício que promete prejudicar todas as relações afetivas.

Erika Otero Romero

Nada mata mais o amor que o descuido. E justamente o descuido é o que acontece quando se dá prioridade a outras coisas antes de seu parceiro.

Hoje em dia é muito comum ver as pessoas andarem cabisbaixas com uma só coisa em sua frente: seu smartphone. Isso não seria um problema se não lhe fosse dada a prioridade que se dá; e é pior quando o celular passa a consumir o tempo que deveria ser dedicado ao cônjuge.

Você me dirá: “Mas é normal que eu verifique minhas redes sociais de vez em quando”, “É que eu gosto de saber o que meus amigos solteiros fizeram no fim de semana” ou “Eu só uso para ver minhas redes sociais quando vou ao banheiro”. As desculpas sempre existem, pois você precisa justificar o tempo que gasta olhando seu celular; racionalizar de alguma forma lhe dá a importância que você necessita que tenha para seguir evadindo-se de sua responsabilidade conjugal.

Por que é tão prejudicial para o amor?

Porque se está substituindo uma pessoa por uma coisa. Antes, seu tempo livre (quando os filhos estão dormindo, ou de férias do trabalho, ou um feriado, etc) era investido em conversar com seu parceiro, em sair para jantar, em ver filmes ou para a intimidade. Mas agora não, porque parece que às vezes prefere ter uma vida ativa virtual a uma real e tangível.

Você se preocupa mais com o candy crush (ou qualquer jogo), ou o debate do grupo de Whatsapp que estava tão bom sobre aquele filme, ou as fofocas que você literalmente descarta, às necessidades de seu parceiro. O pior é que você empurra seu parceiro, que rejeita constantemente, a procurar como ou com quem distrair-se, porque você simplesmente nunca tem tempo para ele ou para ela.

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A distância emocional que gera

Um estudo publicado no Journal of Applied Social Psychology descobriu que rejeitar o seu parceiro para usar o celular (ato chamado phubbing) origina uma grande insatisfação emocional que termina distanciando os casais tão lentamente, que não percebem o que está acontecendo até que o problema já tenha se apoderado da relação.

Imagine que ser ignorado, por si só, sem smartphones envolvidos, já é ofensivo, mais ainda o é seu parceiro mostrar pouco ou nenhum interesse no que tem a dizer-lhe; que fale enquanto tenta dizer-lhe algo, que interrompa-o ou, de fato, ignore-o de forma incisiva, faz com que sinta como se um espinho de raiva e rancor se cravasse cada vez mais fundo em sua consciência e coração.

Pode me chamar de exagerada, mas não é exagero. Basta imaginar o seguinte, você se senta com o seu parceiro e sinceramente pergunta-lhe o que você faz que mais o incomoda; se é o tempo que você passa na frente do telefone ou do computador e justo nesse momento, ele pega o telefone para “ver as redes sociais”, e depois me diga se a sensação foi irritante ou não.

Mais um vício

O “phubbing”, nome que nos Estados Unidos deram a esse tipo de adição, cai dentro do catálogo dos vícios. Mais uma para a lista, e sim, mesmo que não gostemos disso, é justificável, porque se pode tornar fora de controle e está destruindo vidas e relações afetivas.

Também rouba o tempo de seus filhos

E é isso que está acontecendo. Se antes lhe restava pouco tempo para ajudá-los com as tarefas ou para um jogo de tabuleiro ou um passeio de bicicleta, agora menos porque os pais estão mais concentrados em seus celulares que nas necessidades de seus filhos.

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Não sei se já viu na Internet um vídeo de uma mãe que está com sua filhinha no que parece ser um consultório médico, e a menina pequena – talvez 5 anos- reclama atenção da “mãe”, uma mulher que está ligada ao seu smartphone e lhe dá pequenos empurrões quando a menina se pendura em seu braço e a chama mergulhada em pranto.

Isso parece justo para você? Se, por si só, há pais e mães que, por qualquer razão que seja, não dão tempo suficiente aos seus filhos, fazendo com que estes na idade adulta se desliguem de seus progenitores, atitudes como a dessa mulher podem resultar em uma menina rejeitada e trocada por um telefone celular.

Você está no controle

Como tudo na vida, se der o controle de sua vida a objetos, substâncias ou pessoas, será subjugado e dominado de forma que nem imagina por essas situações externas que tomaram o controle de sua vontade.

Por isso o que recomendo é que saiba repartir o tempo que investes nessa distração, e que seja apenas isso: uma leve distração.

Guarde apenas um momento do dia para ver as redes no celular, se tiver de responder a uma mensagem do seu chefe, faça-o e deixe o aparelho de lado. Se é hora de jantar, que seja em família e longe do celular; se é hora de dormir: celular fora do quarto e em modo avião, para que não interrompa o que quer que esteja fazendo com seu parceiro.

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Assim, pouco a pouco, você recupera o controle de sua vida. Seja generoso e justo com o tempo que dedica a seus seres amados; do contrário, a única coisa que lhe restará é passar uma vida sozinho na companhia de seu smartphone.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Tu smartphone o tu pareja? Si has dudado, estás en problemas

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.