Segredos que machucam: é isso que filhos de pais divorciados guardam só para si

O divórcio dos pais marca para sempre a vida dos filhos, deixando uma ferida no coração que é difícil de curar.

Erika Otero Romero

Agora que sou adulta, admito que gostaria de ter crescido em um lar em que meus pais tivessem ficado juntos. Essa não foi a situação, eles se separaram quando eu tinha 11 e a minha irmã tinha 7 anos de idade.

Foi difícil para nós duas. Lembro-me de que, a cada Natal, minha irmă ficava repleta de uma tristeza impossível de ser contida. Era natural, suas amigas tinham seus pais passando o Natal com elas e suas famílias; e, em vez disso, nós estávamos sempre sozinhas. É algo que um adulto pode entender, mas não uma criança.

O divórcio ou a separação machuca. É difícil para a pessoa que deixa de ser amado, como também para os filhos que veem sua família estilhaçada em mil pedaços.

Dói porque nós, crianças, ficamos entre a cruz e a espada. Sabemos que se nossos pais ficarem juntos, continuarão se machucando. E, no entanto, também não queremos que eles se distanciem. Apesar disso, muitas vezes é a melhor coisa que pode acontecer a uma família. Viver em um caos constante destrói a autoestima e ensina a seus filhos um aspecto do casamento que não deveria existir.

O divórcio não é o ideal, mas às vezes não há escolha a não ser se distanciar para recuperar a paz que os membros da família tanto merecem.

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Depois de tudo o que foi dito acima, quero destacar os seguintes pontos que todos os filhos de divorciados querem que você saiba.

1. Não é um jogo

Sempre foi dito que as crianças são “esponjas” que absorvem todas as informações que chegam até elas. Bem, o divórcio não fica muito atrás.

Preciso ser franca, pois nunca vi isso dessa forma, mas para muitos o que direi a seguir é verdade: o divórcio pode ser uma boa opção se o casamento não tiver dado certo.

É como dizer: “Bem, se não der certo, eu me divorcio e adeus drama”. A verdade é que o divórcio, embora seja uma opção, deve ser o último da lista.

Devemos aprender a nos esforçar para que o casamento permaneça forte e supere os inconvenientes O casamento não deve ser descartado, embora isso seja “ensinado” a uma criança que vê seus pais se divorciarem.

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2. 0 divórcio não é igual para todos

Nenhuma pessoa reage da mesma maneira a uma situação semelhante. Para algumas crianças, o fato de seus pais se divorciarem pode ser muito doloroso; para outros, no entanto, pode ser um alívio da constante tensão que se vive em casa.

Além do mais, os filhos da mesma família podem vivenciar essa situação. Foi o caso de minha irmã e eu. Minha irmã, que era muito apegada a meu pai, teve dificuldade em aceitar a separação. Eu, pelo contrário, queria que eles não brigassem mais. Admito que foi um alívio quando tudo acabou, mas aquele episódio marcou muito minha irmã.

3. Fale claramente com seus filhos

Vejamos, muitos pais querem que seus filhos fiquem o mais longe possível dos problemas do relacionamento. A questão é que, por mais que tentem esconder os problemas, os filhos sempre acabam percebendo o que está acontecendo.

É melhor falar claramente com as crianças, como se diz “colocar as cartas na mesa”.

É questão de sentar os filhos e dizer o que vai acontecer (o divórcio), e esclarecer que, mesmo que isso aconteça, você sempre estará ao lado deles. Acredite em mim, é algo que todas as crianças precisam ouvir.

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Este é um ponto muito importante, pois muitas pessoas, quando se divorciam, parecem também ter se separado dos filhos. Não deve ser assim, os filhos são uma responsabilidade para a vida toda.

4 Pai e mãe são insubstituíveis

Após a chegada do divórcio, é possível que com o tempo surja a possibilidade da chegada de um novo parceiro.

Seu novo parceiro pode passar a ser visto por seu filho como um intruso, e você não quer isso. Para evitar que isso aconteça, você deve garantir a seu filho que, mesmo que você tenha um novo parceiro, o pai ou a mãe é insubstituível.

É claro que você não quer que seu filho ultrapasse os limites e o trate mal, e vice-versa. Seu parceiro, não importa o quão próximo ele seja de você, deve respeitar seu filho e, claro, receber o mesmo tratamento.

Uma coisa é certa, você nunca deve dar a ele poder como pai ou mãe. Ele é seu parceiro, não um progenitor substituto para seus filhos.

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5. Mantenha um boa relação com seu ex-cônjuge

As coisas podem ter ficado muito ruins entre vocês, mas os filhos não são os culpados. Portanto, nunca fale mal a seus filhos do pai ou da mãe deles.

A realidade por trás disso é que, se você ceder à tentação e falar mal do pai ou da mãe de seus filhos por raiva, pode acontecer de eles o(a) verem, a princípio, como “vilão”. Apesar disso, com o tempo, eles perceberão a realidade e a situação se voltará contra você.

O que você pode fazer é evitar todo tipo de comentário negativo sobre ele. Tente fazer com que, após o divórcio, a calma retorne a suas vidas e as feridas sejam curadas. É algo que logo agradecerá e seus filhos irão valorizar muito.

Por fim, devo dizer que, embora o divórcio possa ser a opção mais prática, tente salvar seu relacionamento, pois mesmo que pareça implausível e obstinação, seus filhos sempre precisarão de vocês.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Secretos que duelen: esto es lo que callamos los hijos de padres divorciados

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.