Saber escutar o outro é demonstração de amor. Você sabe ouvir?

"Calando-se é como se aprender a ouvir; ouvindo é como se aprende a falar; logo, falando, se aprende a calar”. Diógenes, o Cínico

Erika Otero Romero

Quando somos pequenos, aprendemos sobre comunicação na escola. Lembro-me da professora nos ensinando que na comunicação efetiva há dois participantes: o emissor e o receptor. O emissor é aquele que transmite a mensagem, e o receptor é quem a recebe.

Evidentemente, também há outros fatores importantes no ato de se comunicar. Por exemplo, o meio (canal) usado para transmitir a mensagem é importante; se você usa uma carta, o telefone ou fala pessoalmente. Também deve ser lavada em consideração a linguagem que é usada e, claro, o contexto da situação. Com isso em mente, parece que somos todos adeptos da comunicação , mas, honestamente, não sabemos como fazê-lo .

Basta relembrar um momento da vida em que sentimos, ao falar com o cônjuge ou familiar, que estávamos conversando com a parede. É terrível que isso aconteça, pois quando sentimos que não nos atendem, acabamos nos distanciando.

A verdade é que saber ouvir o outro é tão importante quanto saber dizer o que sentimos ou pensamos sobre algo. O problema é que, na maioria das ocasiões, não sabemos nos expressar, muito menos ouvir. Basicamente, a falta dessas habilidades nos torna analfabetos emocionais.

O que é um analfabeto emocional?

Basicamente, é alguém que não consegue traduzir o que sente em palavras. Eu sei que parece horrível, mas está muito ligado à falta de inteligência emocional. Felizmente, é um aspecto que pode ser mudado para melhorar nossa qualidade de vida social.

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Todos nós precisamos ser ouvidos. Às vezes, queremos reclamar de algo que não deu certo; outras vezes queremos dizer o que estamos sentindo. É bom saber que alguém, com um gesto ou um abraço, respondeu ao que você disse; entretanto, é doloroso estar falando com alguém e perceber que a pessoa está no mundo da lua.

No meu caso, fico muito incomodada quando sinto que estou falando com a parede. Minha atitude diante dessa situação é me distanciar ou ficar com raiva. Percebi que, de imediato, quem – supostamente me escutava – percebe minha atitude e tenta se corrigir. Claro, porque sei que é horrível que isso aconteça com alguém, o que sempre tento fazer é ouvir o que me dizem.

Felizmente, saber ouvir alguém, entender o que a pessoa diz e saber expressar o que você pensa é algo que você pode desenvolver.

Como dar entender que você é um bom ouvinte?

Quando conversamos com as outras pessoas, reagimos e intervimos de acordo com o que elas dizem. Podemos perceber seus gestos, como movimentam os olhos, as sobrancelhas, a boca e, dependendo do que está sendo dito, não há dúvida de que estão nos escutando. O mesmo serve para a outra parte, saber que estamos sendo ouvidos é uma sensação de afinidade que não tem preço.

Sinais de que não sabemos escutar

Existem vários, e é possível que você tenha expressado algum deles ou tenham lhe enviado aquela mensagem desesperada de atenção.

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Gritar

Uma pessoa que grita quando está falando com você o faz porque sente que você está prestando mais atenção em outras coisas e não a está ouvindo. Gritar é um pedido de ajuda para ter atenção.

Interromper o outro

Uff! Acontece sempre. Você tenta contar uma história ou algo curioso e, de repente, alguém o interrompe para contar algo semelhante que aconteceu. A voz da pessoa é tão alta e seu comportamento tão imponente que você se cala e fica desanimado. Na verdade, não dá a mínima vontade de prestar atenção no que ela está contando.

É tudo sobre você (ele ou ela)

De mãos dadas com o ponto anterior, você diz, por exemplo, que seu chefe é um verdadeiro pesadelo e tudo muda. A pessoa interrompe você para descrever uma situação pior do que a sua; ela sofre mais ou suporta mais. Ou seja, é sempre o centro das atenções.

Não há troca de palavras

Se há um verdadeiro sentimento de impotência, é aquele que surge quando alguém fala, mas a pessoa com quem se está tentando conversar não responde. Ela está lá de corpo presente, mas sua atenção está em outro mundo. Para confirmar suas suspeitas, você lhe pergunta algo que a faz “aterrissar”, mas ela não tem mínima ideia do que você estava falando. É realmente terrível se sentir assim.

São rápidos para julgar e adivinhar

As pessoas que são ouvintes ruins costumam ser ligeiras em dar opinião a respeito de alguma coisa. Além disso, gostam de fazer suposições. Na verdade, elas não têm receio de opinar livremente mesmo que tenham apenas resquícios de informação.

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Sejamos francos, a última coisa que alguém precisa quando confia algo a alguém é ser criticado. O que ele quer é que lhe ouçam, não critiquem, menos ainda que suponham coisas que não são.

Não saber escutar é não ter interesse pelo outro

É duro, mas é verdade. Ou pelo menos é o que parece.

Qualquer relacionamento que envolva afeto deteriora-se progressivamente se as partes não estiverem interessadas uma na outra. E de que outra forma você mostra interesse em alguém que ama? Bem, sabendo ouvir e expressar.

Algumas pessoas podem pensar que estou minimizando a importância de outros aspectos, como detalhes e demonstrações de afeto; entretanto, tenho certeza de que muitos homens e mulheres trocariam um bom jantar ou um anel de diamante por um momento de boa comunicação.

A verdade é que muitas amizades se deterioram porque os amigos nunca estão lá quando você precisa conversar com alguém. Muitos casamentos terminam porque não existe um bom entendimento. E como se consegue um bom entendimento do casal? Bem, estando disposto a falar e ouvir.

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Isso também acontece com os relacionamentos entre pais e filhos. Fala-se de relacionamento de qualidade e não de tempo, e é verdade. O que as pessoas desejam mais do que horas de convivência é qualidade no relacionamento. Isso implica ser escutado e compreendido. Saber ouvir o outro é uma demonstração de verdadeiro de afeto.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Saber escuchar al otro es muestra de amor, ¿sabes tú escuchar?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.