Sabendo lidar com as tragédias globais e explicá-las aos filhos

Como você explica uma tragédia global para os seus filhos? Quando um avião cai com passageiros civis, ou um ataque terrorista acontece, o que você deve fazer para lidar com isso? Aqui estão algumas dicas para ajudar.

Mama Plus One

Este artigo foi originalmente publicado no blog “MamaPlusOne” e republicado aqui com permissão da autora Mama, traduzido e adaptado por Stael Pedrosa Metzger.

Como você explica uma tragédia global para os seus filhos? Quando um avião cai com passageiros civis, ou um ataque terrorista acontece, o que você deve fazer para lidar com isso? Aqui estão algumas dicas para ajudar a passar por isso.

Está nos noticiários. Ontem, um voo comercial foi abatido sobre uma zona muito volátil. O que é traumatizante e assustador sobre isso é que a atividade normal de voar em um avião está uma vez mais ligada à tragédia. Embora, é claro, haja perigo de se voar sobre uma zona que é essencialmente de guerra, é uma trajetória de voo que muitos aviões estavam tomando. Este evento passou a ser apenas uma anomalia, e não é a primeira grande tragédia que as crianças tenham ouvido falar a respeito.

Pense nos últimos meses. Você vai se lembrar de outra tragédia aérea importante que foi com o voo da Malásia Airlines, onde um avião desapareceu. Em uma festa do pijama aparentemente normal, dois pré-adolescentes se sentiram compelidos a esfaquear uma amiga várias vezes enquanto brincavam de esconde-esconde, e então culparam uma obra de folclore na internet. Um homem dirigiu por uma cidade matando pessoas porque estava cansado de ser rejeitado pelas meninas. Outro homem matou pessoas do lado de fora de um centro judaico por ódio ao povo judeu (quando aqueles que ele matou não eram nem mesmo judeus, não que isso torne seu ato menos odioso). É muito fácil para as crianças ouvirem o que está acontecendo na mídia e começar a se sentir inseguras em aviões, em festas do pijama, no cinema, na escola, ou mesmo apenas andando por sua cidade natal. Enquanto você quer que seus filhos sejam informados e preparados para situações de perigo como um estranho perigoso ou tiros dentro da escola você também não quer que eles se sintam tão ansiosos e com medo a ponto de simplesmente paralisarem.

Mas existem algumas maneiras de explicar e lidar com essas tragédias para que seus filhos possam se sentir melhor sobre esses atos horríveis.

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Limitar a mídia

Em primeiro lugar, limitar o tempo gasto assistindo aos meios de comunicação, especialmente quando a cobertura de uma tragédia é o primeiro relato, por mais tentador que seja ficar paralisado assistindo a essas coisas se desenrolarem. A mídia é rápida em compartilhar os detalhes mais chocantes para mantê-lo assistindo. Ainda ontem li com muitos detalhes gráficos, sobre um passageiro no voo Malásia Air que foi derrubado. Era uma “mulher, em um suéter preto.” O artigo mostrava detalhes de como seu rosto estava coberto de sangue, e seu braço esquerdo estava levantado sobre sua cabeça. Mostrava corpos salpicados no chão em uma área gramada com flores roxas. O autor pintou um quadro na minha cabeça que era difícil até mesmo para mim não tremer. De repente, isso não era mais um acidente de avião que matou várias pessoas. Era uma imagem muito clara na minha cabeça de uma mulher, uma vítima, um corpo morto vestindo um suéter preto que eu podia visualizar, eu podia imaginar a textura, ver o horror em seu rosto quando este evento se desenrolou. Tornava pessoal. Isso é o que a mídia quer, mas não é o que você quer que suas crianças presenciem.

A melhor maneira de lidar com isso é apenas desligar a TV. Se você sente que deve ver todos os desdobramentos de uma tragédia, considere se manter a par dos detalhes emergentes vendo em um smartphone, assim seus filhos não vão ver nem ouvir o que você está assistindo, ou assista à cobertura em outra sala ou talvez em um momento posterior (grave em DVD e veja mais tarde).

Não estou dizendo que as crianças não devam saber o que está acontecendo no mundo ao seu redor. Eu estou dizendo que, enquanto a tragédia se desenrola, são muitas vezes imagens assustadoras. Lembro-me de assistir à cobertura das notícias de 11/09 e, como eu, uma estudante do ensino médio, vi as pessoas saltarem dos prédios. Ao vivo. Na televisão. Isso não é algo que você quer gravado nas cabeças de seus filhos.

Perceba que eles vão saber por outras pessoas sobre os eventos. Apesar de seus esforços para poupá-los, as crianças vão ouvir falar de coisas através dos outros. Eu posso garantir que se os seus filhos têm idade suficiente para as mídias sociais, eles vão ver no Facebook (especialmente agora, com a seção de tendências pessoais na barra lateral). Mesmo que eles não tenham idade para Facebook, ainda pode ser um garoto na escola, ou no bairro, no parque, que ouviu ou assistiu a cobertura e vai contar às outras crianças.

Isso provavelmente vai levar seu filho a fazer perguntas. Quando um homem armado entrou e matou crianças na escola fundamental Sandy Hook, isso foi muito comentado, pois eram crianças pequenas, bem jovens. É normal que as crianças nessa idade contem que ouviram falar sobre outras crianças da sua idade que morreram. Infelizmente, você não pode proteger seus filhos de ouvir sobre essas coisas. Mas o que você pode fazer é explicar-lhes, sinceramente, autenticamente, e de uma forma que eles vão entender.

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Manter detalhes no mínimo

Quando seus filhos têm perguntas, responda-as. Se o seu filho diz “mãe, crianças foram mortas em uma escola?” Ou “um avião foi derrubado?”, você pode dizer: “sim, isso aconteceu. É muito triste, e eu sei que isso pode ser confuso. Existe algo que eu possa fazer para ajudá-lo a se sentir melhor sobre isso ou entender o que aconteceu?” A partir daí, você conhece seu filho melhor para prosseguir a conversa. Mas não entre em detalhes sobre o que eles perguntaram. Se o seu filho pergunta se havia uma grande quantidade de sangue ou se doeu, fica a seu critério se é algo que você compartilharia ou não com ele. O que você certamente não quer fazer é responder à sua pergunta como “Sim, um avião foi atingido por um míssil, porque essas pessoas estavam lutando com aquelas pessoas e, agora, 295 inocentes estão mortos.” Ao dar mais detalhes do que eles pedem isso pode levar a algumas cicatrizes ou questões emocionais.

Não prometa segurança, mas ensine a ter cuidado

Há uma possibilidade muito real de que seu filho queira saber “Isso pode acontecer comigo?” Por mais que você queira abraçá-los e dizer: “Não, eu nunca vou deixar nada acontecer com você!”, há uma chance de que possa sim acontecer, da mesma maneira que eu poderia sair amanhã e ser atingida por um caminhão. É uma possibilidade muito pequena, mas pode acontecer. Se o seu filho pergunta sobre se pode ou não acontecer, é bom dar uma resposta neste tom “Coisas como esta são muito raras. Na verdade, esta é a primeira vez que eu ouço sobre um acidente de avião que aconteceu dessa forma”, ou “Você pode ir para a escola e se sentir seguro; sei que é muito triste que esta pessoa tenha usado uma escola como alvo de sua raiva, mas você não precisa ter medo. Isso provavelmente nunca acontecerá com você, seus professores e a escola tem um plano para mantê-lo seguro, caso isso aconteça, mas somente caso aconteça.” É claro que você deve levar em conta a idade da criança e sua disposição geral antes de compartilhar isso. Se o seu filho tem idade suficiente, é bom reforçar a ideia de que, se alguma vez ele vir alguém fazendo algo suspeito em um avião, em um aeroporto, ou na escola, por exemplo, ele deve deixar que um adulto de confiança saiba imediatamente.

Perceba que as perguntas podem vir mais tarde. Como as crianças estão sendo alimentadas por informações, elas podem levar algum tempo para processarem e fazer essas perguntas difíceis. Você pode estar sentada jogando legos semanas mais tarde, e de repente surge uma questão sobre o evento. Seja honesta com seu filho, mas também tenha em mente como os detalhes devem ser reduzidos ao mínimo.

Ore pelas famílias afetadas, e encontre uma maneira tangível para ajudar

Algumas crianças podem querer saber como ajudar e sentirem esse impulso em seus corações e mentes. Eu sei, pois ouvi muitas histórias de crianças que sentiram esse impulso muito pessoal em seus corações com relação à garota que recentemente foi esfaqueada por seus amigos. Uma maneira em que você pode ajudar a aliviar é orando. Ore pelas famílias que são afetadas, os sobreviventes do evento, a comunidade do entorno, etc. E algumas crianças podem sentir a necessidade ou o desejo de ajudar. Busque saber como ajudar. Após o voo da companhia aérea da Malásia desaparecer no início do ano, um site chamado TomNod encorajou as pessoas a ajudarem a identificar possíveis destroços ou balsas; um adolescente que se sente compelido a ajudar pode ser uma boa opção para isso. Quando uma garota morreu recentemente de uma doença, uma boa opção para alguns foi doar bichos de pelúcia para o hospital infantil local em sua honra. Eu sei de algumas crianças que doaram dinheiro do seu fundo para educação. Era uma forma tangível para servir e ajudar a sentir que eles estavam fazendo algo na situação. Fazer algo muitas vezes ajuda as crianças a se sentirem menos impotentes sobre uma situação que não podem controlar.

No geral, a transparência é a chave quando se fala de crianças. Responda às perguntas com honestidade dentro da idade adequada; não entre em detalhes, e só responda o que eles estão perguntando sem levar o assunto mais longe do que precisa. Dê-lhes opções sobre como ajudar se eles sentirem essa necessidade, e incentive-os a usar isso como uma oportunidade para orar. Lembre-lhes que estes incidentes são raros e é pouco provável que aconteça com eles, mas também considere usar isso como um ponto de ensino de conscientização e segurança, quando apropriado.

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Situações como esta nunca são fáceis para ninguém, mas certifique-se de que você as usa como um meio de conversar e fique longe de manchetes sensacionalistas enquanto as crianças estão presentes. Isso pode minimizar o medo associado quando coisas assustadoras acontecem.

Imagem: emin kuliyev / Shutterstock.com

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