Por que acontecem coisas más com pessoas boas?

A vida tem dias claros e escuros, cinzentos e azuis, mas cada momento da vida nos ajuda a ser uma versão melhorada de nós mesmos.

Erika Otero Romero

Esta é, talvez, uma das perguntas que os seres humanos mais fazem a si próprios ao longo das suas vidas.

Não é que esperamos que viver seja uma experiência livre de dor. Muitas vezes, há épocas onde experimentamos uma dificuldade atrás da outra. É como se vivêssemos um ciclo sem fim de males que não nos permitem ter um momento de paz.

Aconteceu-me muitas vezes, e nesses momentos, questionei-me o porquê de tanta dor. Honestamente, nesse tempo, não sabia o que me responder. No entanto, aprendi uma lição que me fez a pessoa forte e resiliente que sou agora.

O sentido das “coisas más”

“Nada na vida acontece sem um motivo”; isso é algo que jamais se deve esquecer. Esta é a lição que aprendi e que, recentemente, voltei a recordar.

Tudo o que vivemos, sejam coisas boas ou ruins, têm uma razão de ser. Algumas experiências acontecem para que apreciemos o que temos. Outras vezes acontecem como recompensa por nossos atos de bondade; em outras ocasiões, para fechar ciclos de aprendizagem.

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A experiência que vou contar a seguir foi pelo último motivo.

Noites de apagão

Uma segunda-feira antes da meia-noite, houve um apagão na minha casa. Não saí para ver o que tinha acontecido porque em duas ocasiões anteriores a luz se foi como produto de apagões.

Primeiro, descobrimos que alguém desligou o interruptor externo e deixou-nos sem energia pelo resto da noite. Por isso tivemos que ligar para a companhia de eletricidade no outro dia, e eles nos disseram a causa. A segunda vez, foi uma falha nos fios elétricos, uma noite de tempestade e ventos fortes. O curioso é que era a única casa da região afetada por tal circunstância. Por isso não saí para ver, felizmente não saí!

O susto

Pouco depois de acabar a luz, segundos depois, ouvimos o vidro da porta partir-se, deixando um grande buraco perto da maçaneta.

Como é lógico, minha mãe, irmã e eu fomos à sala para ver o que tinha acontecido. Olhei para o buraco e vi um jovem com um pedaço de pau comprido e grosso. O homem me desafiava a sair com movimentos de sua cabeça, mas sem pronunciar uma só palavra. Não faço ideia de quem era, jamais o vi; o certo é que o homem procurava bater em alguém. Ele estava claramente sob o efeito de algum alucinógeno, porque seu olhar estava “perdido”.

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Não era possível que um estranho viesse à nossa casa à procura de problemas. Fiquei com tanta raiva que fui ao pátio procurar algo com o que o enfrentar. Sim, dirá que uma mulher não pode contra um homem; porém, ao longo de minha vida, tive que aprender a me defender, essa não ia ser a exceção. Quando voltei, o “homem” já tinha ido.

O que concluímos depois do susto

Depois de varrer os vidros, saí para a rua e me dei conta do motivo do apagão. Segundo o que concluímos, o homem, fingindo que alguém saiu para consertar o interruptor externo, cortou a luz. Ao esperar um pouco e ver que ninguém saiu, optou por quebrar o vidro para que alguém saísse. A intenção era clara: assim que a porta se abrisse, ele golpearia a quem saísse, com pedaço de madeira, na cabeça.

A situação é que nada disso aconteceu. Por que não aconteceu? Bem, como já disse antes, duas vezes antes tínhamos sofrido apagões. Não saímos na terceira porque, basicamente, já sabíamos o que tinha acontecido. A decisão que tomamos foi ficar dentro de casa e esperar até o dia seguinte para chamar a companhia.

Se eu tivesse saído (que sou quem sempre sai), teria sido golpeada na cabeça. A razão? Desconheço, porque sinceramente, não temos ideia do porquê de esse homem ter feito o que fez. O que nós sabemos é que ele não pôde ferir ninguém, e nós aprendemos que tudo acontece por uma razão.

Aprender nos faz sábios

Claro que muitas vezes coisas ruins acontecem sem que sejamos merecedores delas.

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Na minha família, não temos problemas com ninguém; apesar disso, essa situação aconteceu. Na realidade, não merecíamos viver essa experiência; no entanto, passou e o pior dano foi a quebra do vidro. Claramente, os danos poderiam ter sido piores porque aquele homem poderia ter-me ferido gravemente, mas, felizmente, não aconteceu.

O que aconteceu é que eu e a minha família estamos cientes de que toda experiência deixa uma grande lição.

Coisas ruins acontecem com os bons, mas tudo tem uma razão de ser. Às vezes, para apreciar as coisas boas e bonitas da vida, devemos percorrer caminhos carregados de dor e espinhos.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Por qué a los buenos les suceden cosas malas?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.