Perdoe sempre e liberte-se do fardo do rancor

Pode ser difícil perdoar quem nos faz mal, mas é mais fácil fazê-lo, do que ter que lidar com o fardo do rancor por toda a vida.

Erika Otero Romero

O perdão cai como chuva suave do céu à terra.

Ele é duas vezes abençoado;

Abençoa aquele que o dá e aquele que o recebe”.

William Shakespeare

Pode ser difícil perdoar quem nos faz mal, mas é mais fácil fazê-lo, do que ter que lidar com o fardo do rancor por toda a vida.

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Por muito tempo eu confundi o significado do perdão. Para mim, era muito mais simples carregar o peso da ferida devorando minha mente. Aquilo de ser humilde, de “esquecer a ofensa” era simplesmente algo para os fracos e não, eu não era fraca.

Sim, envenenei-me por anos e isso me prejudicou mais do que devia. Sim, fez-me forte, é verdade, mas também solitária e desconfiada. No entanto, isso mudou radicalmente até que eu compreendi o poder libertador do perdão.

A vida mostra o caminho

Há que se aprender o que é o perdão. Perdoar não é tolerar a humilhação e cada afronta sem dizer nada em absoluto. Nenhum ser humano, por muito humilde e bom que seja, pode tolerar eternamente tal veneno. Perdoar tampouco é esquecer a ofensa. Esquecer é realmente impossível para as pessoas.

Perdoar é ser capaz de recordar a ofensa sem que a lembrança da ofensa gere dor ou desejos de vingança. Para mim, descobrir isso foi revelador.

No princípio, é difícil superar a dor, não vou negá-lo; no entanto, o tempo e a resiliência ajudam a sermos capazes de compreender as coisas. Além disso, aprende-se a deixar a situação nas mãos do tempo ou do destino.

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Não é carma, é questão de física

Digo sempre, brincando, à minha família: “Ninguém sai da loja sem pagar o que compra”. Quero dizer com esta expressão que nenhuma pessoa morre sem que a vida lhe cobre as ofensas ou o dano causado aos outros.

É que a mesma natureza o ensina a terceira lei de Newton, quando diz que “toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto”.

É o mesmo com a justiça nas mãos da vida. Nenhuma pessoa pode escapar das consequências de seus atos; tudo, absolutamente tudo, tanto os atos bons como os maus, recebem a recompensa merecida. É por isso que não perdoar e guardar rancor é prejudicial e sem sentido.

Ora, também não se trata de que “como existe a lei do retorno, então esperarei vigilante que me paguem o que me fizeram”, tampouco.

A questão é perdoar o mal que nos fizeram e seguir a vida da melhor forma possível. Se você vai querer continuar a falar ou não com a pessoa que lhe magoou, é uma questão só sua.

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A natureza libertadora do perdão

Perdoar requer que você decida. Uma vez que você tenha tomado a decisão de perdoar, você deixa sair toda a sua dor. Não precisa ter a pessoa que o machucou na sua frente, só chore, se precisar descarregar a raiva, a dor da traição, da tristeza e da frustração, e ore por força para alcançar seu propósito.

Vai custar algum tempo; no entanto, pouco a pouco você irá percebendo que esse evento que lhe marcou tanto com dor e raiva, já não dói.

Outra coisa importante do perdão, além de seu efeito curador e libertador, é que também se aprende uma lição. É magnífico perceber que nunca mais se voltará a agir como antes.

Deixe o universo cuidar disso

A vida continua, com ou sem ter por perto quem lhe prejudicou, mas a realidade é que, quer você se dê conta ou não, a vida encarregar-se-á de passar a fatura pela ferida que lhe fizeram. O importante é não esperar essa “desforra”, isso não seria, nem de perto, perdoar.

O que é certo é que a vida continua. Pode ser que o dano causado tenha deixado em você muito sofrimento, mas não se torne amargo e desconfiado por causa disso, fazer assim é como fazer alguém mais pagar por algo que lhe fizeram. Não é justo de nenhuma maneira. Esta é uma parte importante de curar graças ao perdão.

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A vida ensina que, não importa quanto tempo passe, estamos aqui para aprender valiosas lições de vida. Algumas podem ser aprendidas pelo exemplo que os outros nos dão com suas vivências; no entanto, o perdão é algo que só se aprende por experiência própria e se consegue com o tempo e a força de vontade.

Quer se trate de um ensinamento de um familiar, quer siga o conselho de um livro sagrado ou se guie por um ensinamento espiritual, o perdão jamais deixará de ter essa magia reparadora que lhe libera e enche de luz o caminho até o amor.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Perdona siempre, y libérate de la carga del rencor

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.