O rancor é um castigo que você não precisa em sua vida

Perdoar é um ato de amor não apenas consigo mesmo, mas com quem o magoou.

Erika Otero Romero

Acho que todos sabemos como é guardar rancor por alguém. Não importa as razões pelas quais nos sentimos dessa maneira; sentir rancor é prejudicial sob muitos pontos de vista.

O rancor surge de não ser capaz de perdoar alguém que nos fez mal. A realidade é que perdoar é muito difícil. Precisamos ser muito nobres e humildes para perdoar facilmente, e a maioria de nós não é assim.

Uma má compreensão do que é o perdão é o que nos torna difícil concedê-lo. Durante anos, acreditou-se que perdoar é esquecer o mal que nos fizeram e voltar a tratar essa pessoa como se nada tivesse acontecido. Muitas pessoas acreditam nisso hoje em dia, mas a realidade é outra.

Nós, seres humanos, não somos máquinas. Não é como se fossemos computadores aos quais basta apertar uma tecla e os maus momentos se apagariam. Lamentavelmente, nossa memória armazena uma quantidade infinita de informação; também somos um compilado enorme de emoções. Esses dois aspectos combinados tornam-nos fracos ou fortes, dependendo do caso.

Somos fracos porque não podemos perdoar facilmente? Depende. Há situações que às vezes acontecem que são totalmente mal-entendidos. Inclusive, pode acontecer de nos sentirmos feridos por coisas que só aconteceram em nossa mente. Isso acontece quando somos dados a supor coisas. A suposição nos faz deduzir coisas que não aconteceram ou não são como imaginamos.

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O problema é que quando somos muito rancorosos, não podemos distinguir a realidade da fantasia. Isso faz com que nos tornemos amargos e não perdoemos. A solução é simples: basta parar de supor e perguntar como as coisas são. Saberá se são mentiras ou não; então, terá todo o direito de ficar com raiva ou se desculpar pelo ocorrido.

O que é perdoar?

Anos atrás, aprendi à força o que significa perdoar.  Era difícil entender o conceito e o valor por trás dessa ação.

Eu era a típica pessoa que acreditava que perdoar não era igual a dar a outra face. Na minha cabeça, voltar a tratar alguém que me magoou como se nada tivesse acontecido era inconcebível. A minha opinião não mudou, apenas a minha atitude mudou depois do que aprendi.

Há algum tempo, conheci algumas pessoas e soube por alguém que uma delas tinha feito algo errado com a outra, e isso as tinha afastado. Apesar disso, um dia as vi falar de novo e me pareceu estranho. Foi assim que, um dia, falando com a que havia sido traída, perguntei por que ainda falava com a outra. Ela disse-me o seguinte:

-“Erika, é que perdoar não é voltar a ter direitos”.

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– “Como assim?” Perguntei.

-“Perdoar não é igual a devolver direitos a quem lhe machucou, perdoar é se libertar do rancor“.

Honestamente, eu não tinha entendido, então fiz um gesto de não estar entendendo.

–”Ok, explico: não significa que quando alguém a trai, você segue tratando a pessoa como se nada tivesse acontecido; não é assim. Perdoar é se liberar do rancor. Você não esquece, aprende. Não somos máquinas para esquecer o mal que nos fizeram. Você continua a lidar com quem a magoou, mas sabe que tem que ter cuidado, porque essa pessoa não é de confiança. Quando você perdoa, livra-se do peso do rancor”.

Nesse momento entendi o que aquela pessoa queria me dizer: que não devo carregar amargura por algo de que fui vítima e não a agressora.

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O rancor é doentio

Se parar para pensar, o rancor deixa você doente. É um mal que corrói seu tempo, saúde e atenção. Deixe-me ser clara para que você entenda melhor:

Um problema qualquer acaba estressando você. Quando tem um confronto com alguém, você se enche de raiva e mal-estar, isso é estresse. Se além disso você é daquelas pessoas que têm dificuldade para esquecer palavras ofensivas, vai sofrer mais.

O estresse tem uma característica particular: geralmente gera doenças psicossomáticas. Ou seja, doenças físicas que têm sua origem na mente. Exemplos desses males são a insônia, cólon irritado, úlcera gástrica, doenças cardíacas e viroses devido às defesas baixas.

Lembro que quando era rancorosa, era difícil dormir. Cada um que encontrava em meu caminho que me havia feito mal, o que eu mais desejava era machucá-lo. Quem pode viver dessa maneira? Não, é impossível ter paz. Além disso, também vivia doente de gripe como resultado de minhas baixas defesas. Além disso, antigamente, por um emprego difícil devido a um chefe que tinha, desenvolvi Síndrome do Intestino Irritável, pois minha saúde era precária.

Quando aprendi que o perdão me liberta do rancor, minha saúde mudou completamente.

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Foi difícil, não vou mentir, mas com o perdão chegou a resiliência. Também aprendi a minimizar o que os outros diziam, pensavam ou faziam contra mim.

Hoje em dia, passam meses e mesmo anos sem eu saber o que é uma gripe ou dor relacionada ao intestino irritado. Minha vida melhorou completamente.

Eu não acreditava no perdão porque pensava que era dar muito a alguém que não merecia; no entanto, quando compreendi que era uma ação de amor para comigo mesma, entendi que perdoar valia o esforço.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original El rencor es un castigo que no necesitas en tu vida

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.