O que se esconde por trás de um amor impossível

Os amores impossíveis existem e nos fazem sofrer, mas deles também se aprende, ainda que seja através da dor.

Erika Otero Romero

Ai! Esses amores impossíveis. Todos tivemos um que nos põe o mundo de cabeça para baixo e nos faz a vida em pedacinhos.

Quando tinha 20 anos, fixei minha atenção em um jovem de minha idade que sempre morou perto de minha casa, só que eu jamais me havia dado conta de sua existência. A verdade é que ele nunca reparou em mim, e quanto mais me ignorava, mais eu me sentia atraída. Posso até dizer que me apaixonei por ele. Essa tortura durou cerca de dois anos, e enquanto durou eu não tive olhos para mais ninguém.

Felizmente, o tempo cura e ajuda-nos a ultrapassar tudo, e tanto ele como eu seguimos as nossas vidas. Hoje sei que é casado e pai, e deixo-lhe os meus cumprimentos.

Tal como aconteceu comigo, pode acontecer a qualquer ser humano no mundo. Começa-se a sentir uma atração inexplicável por alguém, que, às vezes, não é a típica pessoa que chamaria a nossa atenção. Depois, acontece que, quanto mais esses sentimentos e emoções crescem, maior se faz a rejeição.

Podemos passar por esta situação em qualquer idade e, até mesmo, várias vezes ao longo de nossas vidas. A verdade é que, em torno desses tipo de sentimentos que surgem nas relações interpessoais, há muito que explicar, e tentarei dar-lhe uma resposta a seguir.

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Por que nos sentimos atraídos por alguém por quem não somos correspondidos?

O que acontece, é que idealizamos a pessoa que nos rejeita. Este “fenômeno” recebe o nome de reatância psicológica, um termo que faz referência ao sentimento que nasce em qualquer indivíduo que se vê privado de sua liberdade. Em outras palavras, uma pessoa que é forçada a ter um ponto de vista ou opinião que não é a sua. Desta maneira, ela cria uma reação emocional que a motiva a adotar um ponto de vista contrário ao que surge por efeito da pressão; além disso, faz endurecer a resistência a qualquer tipo de tentativa de persuasão.

A proibição de poder estar, livremente, com alguém faz com que a pessoa veja seu amor impossível como algo digno de se lutar. É aí que surge o desejo irrefreável de “perseguir” essa pessoa impossível.

Um exemplo típico é quando os pais descobrem que seus filhos estão tendo um relacionamento com uma pessoa que não é de seu agrado. Os pais se opõem a tal relação, mas a filha ou filho insiste (relutância) em manter o relacionamento ainda que às escondidas. Quer e precisa a todo o custo estar com essa pessoa, e não muda de parecer por persuasão, tampouco quando ameaçados com os piores castigos. Os meninos sentem sua liberdade cortada pela exigência de seus pais; isto os leva a querer mantê-la, ainda que traga problemas.

Tipos de amores impossíveis

Sim, há três tipos de amores impossíveis. O amor impossível pode surgir como efeito da indiferença, pois o objeto do seu amor já estava com mais alguém; enfim, as razões podem ser infinitas.

São eles:

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1. O amor fantasma

Chama-se assim quando se idealiza uma pessoa e lhe atribui qualidades que sonhamos na pessoa ideal. Recebe este nome porque a pessoa que amamos não é realmente como pensamos. É assim que nos enganamos e apaixonamo-nos por alguém que não existe.

Felizmente, esse estado de obnubilação não dura para sempre. Quando a pessoa percebe que o ser amado não é como pensava, efica decepcionada e desencantada. É aí que, então, ela consegue pôr os pés no chão e tornar-se consciente da realidade.

2. Amor narcisista

Este amor caracteriza-se porque a pessoa procura alguém parecido consigo mesma, ou, pelo menos, com características semelhantes às suas ou que gostaria de ter. É um tipo de egoísmo exagerado, onde a pessoa se sente superior e considera que alguém como ele ou ela só é digno da própria companhia.

Este tipo de pessoa está sempre em busca da pessoa ideal, por isso, raramente ou nunca encontram alguém digno ou bom o suficiente para elas.

Como resultado desse amor narcisista, a pessoa acaba decepcionada e indo de um fracasso amoroso, e, em muitos casos, terminando sozinha.

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3. O amor complexo

O amor difícil ou complexo, é aquele impossível de se concretizar. Acontece quando há uma grande diferença de idades, um empregado de baixo escalão que se apaixona por uma chefe, alguém homossexual ou hétero apaixona-se por outra pessoa com gostos diferentes. Todos esses casos podem se tornar um tipo de amor impossível, seja porque há limitações em sua mente, ou porque, de fato, são inverossímeis.

O interessante é que este tipo de amor é atrativo pelo mesmo fato de ser difícil; mas, quando se alcança, o interesse pela pessoa em questão tende a se perder. O que acontece é que, normalmente, trata-se de uma atração física momentânea, sem laços com a emoção.

Esses amores são considerados impossíveis porque o conflito faz parte deles. O primeiro idealiza e decepciona; o segundo, porque não há duas pessoas iguais; e o terceiro, porque é algo meramente imaturo e passional.

Amar melhor começa quando você se ama

Um ponto importante no amor, é que o afeto verdadeiro só é alcançado quando a pessoa aprende a se amar melhor. Isso se consegue desenvolvendo uma melhor autoestima, respeitando-se, mas acima de tudo, procurando cultivar em si mesmo as características que busca e deseja na pessoa que deseja encontrar.

A conclusão a que se pode chegar é que, quando se alcança a verdadeira maturidade emocional,  aprende-se a amar de verdade. No entanto, todas essas experiências e vivências nos ajudam a nos tornarmos pessoas melhores e a vermos os outros da maneira correta, evitando, assim, cometer erros, e encontrando o verdadeiro amor.

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Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Lo que se oculta tras un amor imposible  

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.