O que os pais alemães e finlandeses fazem, que nós, latino-americanos, não fazemos

Emma E. Sánchez

Todos nós que somos pais temos em mente sempre a mesma pergunta quando o assunto é criar os filhos: estou fazendo certo?

É normal para todos nós, em algum momento, refletir sobre as formas ou decisões que tomamos sobre nossos filhos, mas, acima de tudo, essas dúvidas abundam em situações particulares: quando parece que nossos filhos não nos entendem ou a comunicação não flui, e quando eles cometem erros ou se metem em problemas sobre os quais já os havíamos alertado.

O que podemos fazer quando duvidamos da nossa maneira de criá-los?

Dialogar com o cônjuge

Nosso parceiro na criação dos filhos pode e deve ser nossa primeira fonte de diálogo sobre como criá-los em qualquer estágio de suas vidas. Quando os pais conversam entre si e são honestos sobre seus medos, dúvidas ou preocupações, é mais fácil entrar num acordo, procurar ajuda e adotar medidas para fazer acontecer as coisas que eles buscam.

Lembre-se de que é essencial que os pais estejam em acordo sobre maneira de educar os filhos.  A disciplina e tudo o que você deseja incutir neles tem uma chance maior de ter sucesso quando os pais trabalham juntos.

Compartilhar com outros pais

Reuniões de pais na escola, familiares e amigos da escola com crianças na mesma faixa etária, e pais cujos filhos são colegas dos nossos em sala de aula, oficinas ou de situações especiais, podem ser uma fonte de diálogo, de escuta e aprendizado.

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Nunca descarte a oportunidade de participar de um seminário para pais oferecido pela escola, de uma conferência em sua comunidade ou mesmo de consultar um profissional. É preferível conversar com outras pessoas e expressar nossas dúvidas a permanecer com perguntas.

Casamentos mais antigos

Olhe ao seu redor e veja um rapaz com os atributos ou atitudes que gostaria que seus filhos desenvolvessem no futuro; depois, encontre seus pais e converse com eles. Os idosos, cujos filhos cresceram e são boas pessoas, têm muito a compartilhar com os pais novatos. Ao fazê-lo, perceberá que eles tiveram dúvidas assim como você, cometeram erros como você na educação dos filhos, mas também venceram e fizeram o melhor possível.

Aprenda com outras culturas

Vivemos hoje em um mundo globalizado no qual pais jovens e, claro, seus filhos, já são cidadãos do mundo, eles não competem mais no trabalho ou na educação com jovens em sua cidade, nem mesmo em seu país, mas com o mundo inteiro! Portanto, torna-se muito significativo conhecer e familiarizar-se com outras culturas, costumes e, é claro, maneiras de educar.

Alemanha e Finlândia

Atualmente, esses dois países são uma referência em avanços significativos na educação e, portanto, merecem ser analisados e imitados naquilo que pode funcionar para sua própria família.

Como o quê?

Nesses países, o pai tem uma licença paternidade mais extensa para passar um tempo com a esposa e o filho que nasceu. Na Finlândia, por exemplo, a licença paternidade pode ser estendida para pouco mais de 50 dias. Se você é um leitor na América Latina, essa quantidade de dias parecerá uma utopia, já que em nosso continente, incluindo os Estados Unidos, as licenças são em média pouco menos de 15 dias. No Brasil, é de cinco dias, podendo chegar a 20 se a empresa estiver vinculada ao Programa Empresa Cidadã, do governo.

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Então, para que serve essa informação para nós?

No começo, podemos destacar a importância de passar o máximo de tempo possível com a esposa e filhos, especialmente quando são bebês. Quando o pai dedica tempo ao seu recém-nascido, ele estabelece um vínculo muito semelhante ao da mãe, alcançando relacionamentos futuros onde há maior confiança e comunicação. Um pai que está envolvido no desenvolvimento e na educação dos filhos não ajuda a mãe, mas exerce sua paternidade e estabelece padrões psicológicos saudáveis ​​com seus filhos.

Bons professores, bons livros, boa educação

Outro ponto que podemos observar é a prioridade que esses países dão à educação. Embora o estado esteja encarregado de fornecer alimentos, livros e material escolar às crianças, as coisas não se limitam a isso, como acontece em outros países.

Na Finlândia e na Alemanha, espera-se que os professores tenham uma boa formação acadêmica para que possam ensinar as crianças com tudo o que é necessário para este mundo globalizado.

O que podemos fazer

Definitivamente, buscar a melhor educação que pudermos oferecer aos nossos filhos; e para deixar claro, isso não deve se traduzir em pagar escolas caras. Melhor do que isso, deixar os melhores livros ao alcance de nossos filhos e lê-los! Dar-lhes oportunidades para aprender de várias maneiras, descobrindo e indagando por si mesmos. A educação inclui a formação em valores, resolução de problemas para a vida, aplicando o conhecimento adquirido e desenvolvendo uma mente saudável.

Educação na liberdade

As últimas duas gerações de crianças desconhecem o conceito de “sair para brincar lá fora”, muito menos sem a supervisão dos pais. E não é para menos, os tempos em que vivemos obrigam os pais a manterem os filhos confinados em casa, onde, “aparentemente”, não há mais o que fazer do que estar na frente de um monitor com videogame.

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Embora as crianças de outros países tenham a oportunidade de sair para brincar, mesmo sozinhas, também podemos nos esforçar para proporcionar às nossas oportunidades de ter experiências ao ar livre e onde possam ser eles mesmos livremente.

Quando pensam na Alemanha, muitos podem imaginar uma disciplina rígida, mas, na verdade, as crianças podem viver e experimentar ir e vir de transporte público, caminhar para a escola ou andar de bicicleta na vizinhança sem a companhia de seus pais, porque, assim como no Japão, os adultos alcançaram um nível de sociedade em que as crianças são protegidas e cuidadas por todos.

Há muito o que fazer aqui para construir sociedades mais saudáveis ​​e seguras para os pequenos

Nós, pais, e todas as pessoas de maneira geral, devemos ser solidários e começar a apoiar-nos mais como pais, a ajudar-nos mutuamente e a sermos mais empáticos e solidários; a parar de criticar cerrar fileiras no cuidado com os menores.

Todos os pais têm dúvidas, mas juntos podemos fazer as mudanças que nossa sociedade exige, para que todas as crianças tenham mais e melhor esperança de uma vida saudável e feliz. É nosso dever como pais e nossa obrigação como seres humanos.

Vamos trabalhar juntos por eles.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Qué hacen los padres alemanes y finlandeses que los latinos no hacemos

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Emma E. Sánchez

Pedagoga e terapeuta de família e de casal. Casada e mãe de três filhas adultas. Apaixonada por Educação e Literatura. Escrever sobre temas familiares para ajudar os outros é minha melhor experiência de vida.