O desafio das pessoas que não receberam amor na infância

O amor pode ser a fonte da maior felicidade humana. Você sabe o que acontece quando crescemos sem amor?

Erika Otero Romero

Todos necessitamos receber amor. É reconfortante quando, desde pequenos, sabemos que somos amados por nossa família. O ideal é que todos nos sentíssemos assim, no entanto, em muitas famílias isso não acontece às crianças.

Para quem cresceu em lares onde recebeu amor, é difícil compreender como os pais podem negar afeto a seus filhos. O triste é que não imaginam os danos que isso causa e os efeitos ao longo da vida.

Quer se trate de homens ou de mulheres, crescer sem o amor dos pais é um problema que passa uma fatura cara na vida adulta.

Efeitos de uma criação sem amor

Falemos primeiro da imensa solidão e vazio que se sente. Não importa quantas pessoas digam que gostam de você, é impossível sentir-se amado.

O amor de nossos pais é insubstituível. A razão é que ele nos dá segurança e amor-próprio. Quando sentimos que nossos pais nos valorizam, o amor-próprio prevalece. Isso não quer dizer que aceitem de olhos fechados nossos erros, só significa que, por amor, corrigem nosso caminho porque não desejam que nada de mal nos ocorra.

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Mas, quando alguém cresce sem o amor de seus pais, cresce sem se sentir valorizado por quem mais deveria amá-lo, isso enche a pessoa de desconfiança e dúvidas sobre seu valor como ser humano.

Talvez, os pais amem à sua maneira, mas o que acontece a essas pessoas é que tendem a relacionar-se de maneira equivocada.

É comum que tanto homens quanto mulheres caiam em relações tóxicas e dependentes. Por isso se sentem impulsionados a manipular os outros para conseguir afeto, inclusive o fazem para manter o ser “amado” ao seu lado.

Embora haja consciência, não conseguem fazer muito por si mesmos

Para quem cresceu em lares amorosos, é difícil entender como uma pessoa pode suportar tanta dor e maltrato por parte de seus parceiros.

A realidade é que ainda que estejam conscientes dos maus-tratos, para elas é uma manifestação de amor. Sofrem, claro que sofrem, mas não conhecem o amor e preferem isso a serem ignoradas.

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Além disso, suas vidas estão tão cheias de decepções, rejeições e um grande vazio que, de maneira má, é “preenchido” com esses maus momentos.

Muitas vezes, o que acontece é que aprenderam de seus pais esse tipo de “amor” doentio, os maus-tratos e a manipulação emocional são as únicas coisas que conhecem.

O apego inseguro

Quando falamos de apego, referimo-nos ao vínculo que surge entre a mãe e seus filhos. O apego inseguro ou ambivalente não é mais que a situação de não saber o que esperar de seus pais, mais especificamente de sua mãe.

Quando bebês e criança pequenas, dependemos de nossa mãe para receber segurança e afeto, além de depender desta relação para desenvolver personalidades fortes e amor-próprio. Quando não há mostras de amor positivas, que seria o esperado recebermos, desenvolve-se o apego inseguro.

O amor de uma mãe dado a “conta-gotas” faz emergir muitas inseguranças nos filhos. Algumas vezes demonstram amor e, em outras, é como se os filhos não existissem, isso na idade adulta se vê traduzido em relações abusivas.

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Essa situação, segundo Peg Streep, autora norte americana de Daughter Detox, faz com que as pessoas que sofrem desamor na infância desenvolvam 3 tipos de comportamentos:

1 Comportamento afetivo ansioso-preocupado

A característica deste comportamento é que a pessoa se sente insegura e ansiosa diante das relações afetivas. O medo de não ser amado e abandonado põe em alerta a pessoa para uma possível traição.

2 Desdenhoso-evitativo

Como diz o nome, a pessoa evita as relações e os compromissos. Seu medo de sofrer se manifesta como preferência por independência e liberdade, evitando um possível sofrimento.

3 Temeroso-evitativo

Neste caso, as pessoas desejam ter uma relação afetiva, no entanto, têm medo de se decepcionar e voltar a sentir a mesma dor que sofreram na infância.

O que você deve fazer se cresceu sem amor materno

Ao crescer sem amor, a pessoa, sem querer, se envolve em relações doentias que apenas geram mais sofrimento. Diante dessa situação de desamor constante, é importante que ela se faça uma série de perguntas que ajudarão a centrar-se na realidade.

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Algumas dessas perguntas são:

Mereço realmente ser maltratado em minhas relações?

Preciso de alguém ao meu lado para me sentir valioso(a)?

Meu medo a compromisso se deve a minha falta de amor na infância? Como posso solucionar isso?

O que é o amor para mim?

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Qual tem sido a maior razão para que meus relacionamentos amorosos não deem certo?

Que conceito tenho de mim mesmo? Eu me amo ou não?

Quando penso em minha infância, o que sinto e por que me sinto assim? São essas emoções as que desejo sentir em minhas relações amorosas?

Ao terminar esta autoanálise, você descobrirá como é sua visão do amor e de você como pessoa. Se não lhe agrada o que responder e sentir que, de verdade, precisa fazer mudanças, então é o momento de buscar apoio psicológico. Acredite, você precisa curar essas feridas e aprender a amar-se para que lhe amem bem e como merece.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original El desafío de las personas que en su infancia no recibieron amor

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.