O Brasil é um dos países mais depressivos do mundo

O povo considerado o mais alegre e legal do mundo, já não é tão alegre mais devido ao mal do século 21 – a depressão.

Stael Ferreira Pedrosa

A depressão é uma das doenças mais mal compreendidas e a que mais cresce atualmente em todo o mundo. De 2005 a 2015, ela cresceu 18%, segundo recente relatório da Organização Mundial de Saúde no documento “Depression and other common mental disorders: global health estimates”.

A OMS estima que há aproximadamente 322 milhões de pessoas sofrendo com esse mal atualmente no mundo e a maioria é composta por mulheres: 5,1 das mulheres e 3,6% dos homens sofrem com depressão.

No entanto, a pior notícia é que o povo considerado o mais legal e alegre do mundo – o brasileiro – figura como as maiores vítimas deste transtorno mental.

Os números no Brasil

O número de depressivos no Brasil não é só o maior de toda a América Latina, mas também maior que a média global. Aproximadamente 5,8%, enquanto que no restante do mundo a média mundial é de 4,4%.

A porcentagem da população brasileira que sofre deste mal é de 9,3% o que representa 18,6 milhões de pessoas. Os números no Brasil, assim como no mundo, são estimativas baseadas em pessoas que buscam ajuda médica. No entanto, são muitos que sofrem sem sequer saberem que têm depressão.

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A OMS ainda aponta que as mortes por suicídio – que geralmente é causada pela depressão, ficou entre as 20 maiores causas de morte em 2015 o que representa 1,5% das causas de morte no mundo (800 mil por ano), principalmente entre os jovens.

Uma doença incompreendida

Até mesmo entre profissionais de saúde mental, há casos de a depressão ser subestimada, no entanto, quando se nota o número de transtornos associados a ela e o número de suicídios, não se torna mais sequer cabível que ela seja ignorada. Tenho experiência pessoal com o assunto e alguns dias atrás conversando com um profissional de saúde (psicólogo) sobre meu caso de depressão ele simplesmente me disse: Você é uma pessoa ótima, inteligente, tem uma carreira, não precisa ficar depressiva… (oi?)

Me senti como se ele dissesse: “você é vegetariana, nenhum touro precisa lhe atacar…”

Mas, infelizmente, essa ainda é a realidade do depressivo – além de sofrer com uma doença devastadora, que de tão desesperadora pode levar a pessoa a dar fim na própria vida para parar de sofrer, ainda tem que ouvir frases desse tipo ou até piores como: “é frescura”, “tente ser mais otimista”, “seja forte” e outras tantas que têm índice terapêutico em 0%.

Males associados

Como se não bastasse a depressão em si, existem outros problemas associados a ela, como o transtorno de ansiedade que está ligado a distúrbios como a síndrome do pânico, fobia e estresse. A ansiedade até certo ponto é normal, mas pode se tornar um problema incapacitante quando surgem medos exagerados, tensão constante, sensação de perigo iminente, dificuldade de concentração, fadiga, irritabilidade, problemas sexuais, dificuldades para dormir, mal-estar, sudorese, palpitações, tremores, vertigens, diarreia e náuseas.

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O que tem sido feito para combater a depressão

A Organização Mundial de Saúde lançou em 2008 o Programa de Ação Mundial em Saúde Mental (mhGAP), na tentativa de reduzir as diferenças de tratamento das doenças mentais entre países ricos e pobres. O programa está em plena atividade e busca capacitar os profissionais de saúde (não necessariamente da saúde mental) dos países com menos recursos no combate às doenças mentais através do uso de terapias de baixo ou nenhum custo. Segundo a própria OMS: “A iniciativa defende que, com cuidados adequados, assistência psicossocial e medicação, dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão, poderiam começar a levar uma vida normal – mesmo quando os recursos são escassos.”

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.