Não tolere a agressividade de ninguém, se alguém não quer você na vida dele, deixe-o ir

Você nada pode fazer quando alguém já não lhe quer na sua vida, apenas afaste-se, talvez algum dia o outro se dê conta de seu erro.

Erika Otero Romero

“As relações não devem ser forçadas.

Nem as amorosas, nem as familiares, nem as de amizade.

As pessoas que mostram não querer estar em sua vida,

deve deixá-las ir”.

Algo que não entendo é por que, quando uma pessoa já não ama seu parceiro, começa a maltratá-lo. O triste é que acontece nas amizades, no amor e até nas relações familiares.

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Eu vivi com alguém que amei muito. Também sofri muito pelas amizades que me trataram mal para logo se afastar, e até com familiares muito queridos me aconteceu. O que pode ficar pior, é que acontece sem você perceber. Enquanto você acha que as coisas vão bem, na verdade não vão, e sem aviso prévio tudo se desmorona.

A agressão têm muitas faces

As razões pelas quais alguém que você ama decide que não o ama mais são variadas. Seja inveja porque conseguiu algo que desejou por muito tempo, competitividade pela atenção de alguém, má interpretação de algo que fez ou disse; enfim, as causas podem ser muitas.

A agressividade pode ser direta ou indireta. As diretas vão desde tratar mal diretamente, sem evasivas; desde xingar até agressões físicas. A agressividade indireta aplica-se mais a ações mais dissimuladas: fofocas, desprezos, mentiras sobre você, insinuações, olhares irados e distanciamento.

A hostilidade não tem idade

Vou contar o que aconteceu comigo. Quando eu estava no ensino fundamental 2 e tinha 11 anos, todas as crianças que estudavam comigo oscilavam em torno da mesma idade, então, fazer amigos foi relativamente fácil; entretanto, conheci uma menina um ano mais velha que eu, com a qual simpatizei muito, a ponto de, por quase dois anos, ir à sua casa fazer tarefas e brincar.

Durante quase dois anos, considerei-a minha melhor amiga, até que ela simplesmente decidiu que não lhe convinha que eu estivesse na sua vida.

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Uma sexta-feira, no meio da aula de biologia, ela me disse que não seria mais minha amiga e não queria que eu fosse mais à sua casa brincar ou fazer tarefas. Segundo ela, alguém “lhe tinha lido as cartas” e advertiu-a de que uma amiga dela iria afastá-la do amor da sua vida.

Eu, com 12 anos, não tinha cabeça para namorados e coisas assim. Além disso, ela também não tinha uma aparência atraente para os rapazes.

Argumentou que, segundo as características que “a bruxa” lhe deu, eu era essa pessoa. Honestamente, fiquei de boca aberta e me partiu o coração. Ao terminar a aula, saí do laboratório chorando como nunca tinha feito antes.

A resolução

Naquele dia, cheguei em casa chorando muito. Minha mãe, depois de um tempo, conseguiu me acalmar e foi quando eu contei o que tinha acontecido.

Aquele fim de semana foi eterno porque eu teria que vê-la novamente na segunda-feira. Nossas mesas estavam próximas, então eu decidi que se ela não quisesse ser minha amiga, eu nunca mais olharia para ela. E foi isso que eu fiz.

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Cheguei na segunda-feira e pedi a uma colega para mudar de lugar; ela não teve problema e assim o fizemos. Quando chegou quem tinha sido minha amiga e viu que não estava perto de sua mesa foi falar comigo para saber porque eu tinha mudado de lugar. Disse-lhe que tinha ficado claro o que ela tinha dito e isso era tudo. Ela me disse que eu tinha entendido mal e que embora não quisesse que eu fosse sua amiga, ela queria continuar falando comigo. Lembro-me de olhar para ela com um sorriso triste na cara, levantei-me e saí da sala. No que me diz respeito (e até hoje) se alguém não me quer por perto, eu simplesmente deixo-o ir e ponto final.

Ela não aceitou o afastamento e, em retaliação, começou a rir de mim. A questão é que nunca tive gênio para aguentar as agressões de ninguém e respondi como merecia.

Aquele ano acabou e minha mãe me mudou de escola. As coisas foram melhores na nova escola e consegui novas amigas. Sei que o que aconteceu foi fruto de imaturidade, ignorância e preconceito. Mas se o que vivi serviu para alguma coisa, foi aprender a escolher melhor as minhas amizades e a ser mais forte.

Hostilidade como falta de habilidade social

Para ser mais clara, se alguém é hostil (agressivo) com você, é porque não sabe como fazê-lo entender que você fez algo que o incomoda. Agir de forma agressiva com um ente querido, longe de levar a solucionar a situação, acaba por piorá-la e levar a um rompimento.

As poucas habilidades sociais podem ter sua fonte na infância. A pessoa incapaz de dizer a alguém que algo a incomoda geralmente sofreu abandono, o que lhe causou muita dor e nunca soube como enfrentar.

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Também acontece que às vezes se age sem pensar, por impulso. E o mau gênio, longe de consertar algo, torna-o pior.

Em muitas outras ocasiões, também confundem franqueza com ofensa. As coisas que incomodam podem ser ditas sem ferir ninguém, mas se a pessoa não tem boas habilidades sociais, o que faz é falar sem filtro, acabando por ferir a vítima da sua “franqueza”.

O que torna as cosias piores é que a pessoa agressiva não espera que o ofendido reaja à sua agressão. No entanto, não se pode pretender ferir alguém, ofendê-lo e esperar que a pessoa em questão não se defenda.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original No debes tolerar la agresividad de nadie, si alguien no te quiere en su vida, déjalo ir

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.