Na sua bagagem do passado podem estar as ferramentas para construir o futuro

Todos já passamos ou enfrentamos diversos problemas e o que podemos aprender de tais experiências?

Stael Ferreira Pedrosa

Muito se fala no futuro, agora que o mundo parece reconfigurado pela pandemia do coronavírus. Mudaram as relações em todas as suas esferas, sejam pessoais, familiares, de trabalho, escolar etc. Alguns dizem que as coisas voltarão logo ao normal, já outros preveem até mesmo o fim do capitalismo e da globalização. Sejam quais forem as mudanças que virão, nada disso é novidade para a humanidade. Pestes, fome, guerras, crimes, morte em massa, já foram enfrentados e continuamos a enfrentar. Mesmo assim, progredimos, nos desenvolvemos, estragamos bastante o planeta, alcançamos o espaço sideral e aumentamos em número e resistência. E agora? O que podemos aprender do passado para enfrentar o que vem pela frente?

O passado

Seja em nível pessoal, familiar, ou global, os problemas são nossos companheiros e mestres desde sempre, e isso é bom, afinal, o que não nos mata nos fortalece. Desde os primórdios da civilização, as guerras existem e através delas e por elas veio muito desenvolvimento, já que é necessário se reinventar, criar estratégias e meios de se vencer o inimigo e o saldo, embora triste e por vezes devastador, é também de progresso. Graças às guerras temos os antibióticos, o forno de microondas, GPS, câmeras digitais, absorventes higiênicos, zíper e até os computadores.

A humanidade já enfrentou fome, peste, catástrofes e permanece. E, se Deus permitir, continuaremos por aqui. Embora em um contexto totalmente diferente do anterior – talvez com menos liberdade individual, mais regionalismo e, certamente, muito dependentes da tecnologia.

Nossas vidas privadas não serão muito diferentes da vida no planeta, teremos muitos desafios, e é justamente nesses momentos que crescemos.

O presente

Então, o que podemos trazer do passado para ajudar a enfrentar os fatos vindouros e ainda construir hoje um bom futuro?

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Não foram necessários muitos séculos sem a presença humana, como se acreditava antes, para a camada de ozônio se reconstituir, para a poluição diminuir e o ar e água do planeta melhorarem, portanto, se houver boa vontade, o planeta pode ser renovado mesmo com o homem presente. Existe tecnologia limpa, combustíveis limpos, e meios mais sustentáveis de continuarmos a viver.

De quase 500 anos atrás, aprendemos com William Shakespeare que “o passado é prólogo”, ou seja, é a introdução e preparação para nossas vidas hoje. É uma bagagem de conhecimentos, eventos e experiências boas e más, que nos fizeram chegar a este exato momento de nossas vidas.

A escolha agora é o que fazer com essa bagagem? Não podemos viver nela – sob pena de estagnarmos em algo que não existe mais (ou que pensamos que existia) e tampouco negligenciá-la – ou repetiremos os erros já vivenciados. Podemos, então, usar com sabedoria o que temos de útil dentro dela e descartar o que não nos serve mais. Como diz a escritora portuguesa Carla Santos: “o passado é um professor poderoso, podemos crescer e aprender de maneira profunda a partir da boa reflexão sobre o que aconteceu”.  

O que podemos fazer no presente, é aproveitar o momento, a presença de quem amamos, viver intensamente, amar, sorrir, sonhar, aprender o que pudermos, traçar metas e com isso estaremos selecionando as ferramentas de construção do futuro.

O futuro

No filme “de volta para o futuro 3”, de 1990, a namorada de Marty McFly, Jeniffer, mostra ao Dr. Brown um memorando de demissão de McFly que havia trazido do futuro para o presente. O memorando havia se desvanecido após alguns acontecimentos no passado e no presente, e ela pergunta ao cientista o que isso quer dizer. O Dr. Brown responde a ela que o futuro ainda não está escrito, ele será o que fizerem dele.

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Escolha o seu futuro agora. Não é garantido que tudo que escolher acontecerá. No entanto, essas escolhas serão uma diretriz, como aquelas setas antigas que apontavam o caminho nas encruzilhadas. Faça metas para daqui a 20 anos e através de metas menores, talvez de 10 anos, 5, 3, 2, 1 ano, 6 meses, próximo mês e próxima semana, vá construindo os passos necessários para chegar à meta final. Uma pessoa sem metas é como um navio que não sabe onde quer chegar. Qualquer porto serve…

Pergunte a si mesmo, diariamente: o que posso fazer hoje para construir um futuro maravilhoso? Que experiências trago do passado? O que aprendi? O que posso ainda aprender? Assim, a cada dia, e com as ferramentas que temos em nossas bagagens, construímos o nosso futuro. E nesse processo vamos adquirindo ferramentas novas e mais precisas, sejam as que buscamos através do conhecimento, dos relacionamentos, das oportunidades, não importa.

Não existem acontecimentos totalmente ruins nem totalmente bons, mas todos ensinam algo. Sejam quais forem, dos mais dolorosos aos mais prazerosos, sempre trazem conhecimento e desencadeiam novos acontecimentos e novas experiências. A diferença é se as usamos para crescer ou para decair. Ou seja, nesse aspecto a vida continuará a mesma: será com nossas experiências do passado que construiremos o futuro, por isso, só guarde o que for proveitoso, o que edifica e o move para a frente.

Vamos sair da pandemia, das crises e de quaisquer outros desafios e construir o futuro, embora mais machucados, mais evoluídos.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.