Microcefalia: o que é?

O aumento de casos de microcefalia no Brasil tem deixado grávidas e médicos preocupados. Veja o que é a malformação e saiba o que você pode fazer para prevenir a doença.

Caroline Canazart

Com centenas de casos confirmados no Brasil em 2015, a microcefalia é um dos assuntos mais comentados ultimamente na imprensa e nas rodas de conversas, principalmente entre mulheres grávidas ou que estão querendo engravidar. Mas, o que é a microcefalia e por que o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS) colocaram não só o Brasil, mas também outros países em alerta sobre o assunto?

A microcefalia é uma malformação congênita observada quando o bebê nasce com o perímetro cefálico menor do que 32 centímetros – no início de dezembro o Ministério da Saúde brasileiro mudou a classificação para considerar uma criança com microcefalia de 33 para 32 centímetros ou menos de diâmetro. Isto é, a cabeça da criança é menor do que o convencional significando que o cérebro não se desenvolveu corretamente. Isso pode fazer com que ela morra nas primeiras semanas de vida ou que tenha sequelas graves de desenvolvimento, como retardo mental ou dificuldades de visão ou audição. O problema pode ser diagnosticado quando o bebê ainda está no útero da mãe, por meio de exames de ultrassom. Porém, alguns casos atuais só foram descobertos depois do nascimento da criança.

Por que essa malformação pode ocorrer?

Alguns fatores podem fazer um bebê nascer com microcefalia. Entre eles estão o consumo de drogas e álcool durante a gravidez; contaminação por mercúrio ou cobre; desnutrição; HIV; meningite, exposição à radiação durante a gravidez, e uso de medicamentos para câncer, epilepsia e hepatite. Porém, os atuais casos têm ligação, comprovada pelo Ministério da Saúde, com a epidemia do zika vírus, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti,bem conhecido da população brasileira por também causar a dengue e chikungunya. Mas diferente delas, os sintomas do zika vírus são mais leves.

Quais os tratamentos disponíveis para a criança que nasce com microcefalia?

A microcefalia não tem cura. A criança terá que passar por avaliações médicas frequentes e tratamentos para estimulá-la, como sessões de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Tudo para diminuir o retardo mental e viabilizar uma qualidade de vida ainda melhor para a criança. Além disso, de acordo com os tipos de lesões que ela tenha em seu cérebro, poderá ter que tomar medicação para convulsões.

Por que o Ministério da Saúde colocou o Brasil em situação de emergência para microcefalia?

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Tudo começou no mês de agosto, em Pernambuco, quando médicos neurologistas observaram aumentar o atendimento de crianças com sintomas de malformação na cabeça. Cruzando informações do estado eles notificaram o órgão federal de saúde em outubro. De nove casos por ano, Pernambuco já contabiliza mais de 800. O Brasil, até 5 de dezembro, tinha1761 crianças confirmadas com microcefalia em 13 estados e no Distrito Federal. A maioria deles nos estados do Nordeste onde, no início do ano, se estabeleceu uma epidemia do zika vírus, daí veio a ligação entre ele e a microcefalia.

A confirmação só veio depois da realização de um teste pelo Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde no Pará, que detectou a presença do zika vírus em amostras de sangue de um bebê do Ceará que nasceu com microcefalia e faleceu.

Os dados armazenados pelo país para a malformação revelam a proporção da tragédia: em 2010, o Brasil teve 153 casos registrados de microcefalia; em 2011, 139; em 2012, 175; 2013, 167; e em 2014, 147.

Quais os sintomas do zika vírus?

Mais brando do que a dengue, a pessoa que é picada pelo mosquito e contrai o zika vírus tem febre leve e descontinuada, vermelhidão na pele, coceira e dor muscular que desaparecem espontaneamente entre 3 e 7 dias.

Quais as recomendações para as mulheres grávidas ou que estão tentando engravidar?

Como a relação entre o zika e a microcefalia no Brasil é única no mundo, o Ministério da Saúde tem recomendado que as mulheres se protejam e não entre em contato com o mosquito.

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Entre as orientações estão:

  • Evitar horários e lugares com a presença de mosquito. Diferente daqueles que ficam zunindo à noite, o transmissor do zika tem hábitos diurnos e costuma ser mais ativo durante a manhã até o meio da tarde.

  • Usar roupas que protejam as pernas e braços.

  • Usar repelente. Para afastar o mosquito Aedes é importante que o produto tenha um dos três princípios ativos aprovados pela Anvisa: IR3535, que age por quatro horas no corpo; DEET, age entre seis e oito horas; e o ICARIDINA, com ação de até 10 horas.

  • Ficar em locais que tenham telas de proteção ou mosquiteiros.

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Caso a gestante observe alguma alteração em sua saúde é importante procurar orientação médica e, principalmente, fazer o pré-natal corretamente. De acordo com o órgão federal, o período de maior perigo para o feto está no primeiro trimestre da gravidez.

Depois de se curar do zika, a mulher poderá ter um bebê com microcefalia?

O que se sabe sobre o zika vírus não é capaz de definir se existe esse risco. Porém, especialistas afirmam que é curto o tempo em que o vírus circula na corrente sanguínea da pessoa infectada. Desta forma existe uma possibilidade que não haja risco para uma futura gravidez, mas serão necessários estudos mais aprofundados sobre o assunto.

Além da microcefalia, o zika está conectado com outra doença?

O Ministério da Saúde tem considerado a possibilidade de que o zika vírus também seja responsável pelo aumento de casos da síndrome de Guillain-Barré, doença que afeta o sistema nervoso e pode provocar fraqueza muscular e paralisia nos braços, pernas, face e músculos respiratórios. Tudo porque o aumento de ocorrências também acontece nas regiões afetadas pela epidemia da doença. De acordo com especialistas, em 85% dos casos a recuperação é total, mas também pode deixar sequelas.

O que a população pode fazer para ajudar a prevenir novos casos de doenças ligados ao mosquito _Aedes aegypti?_

A prevenção é o melhor remédio para combater o mosquito e isso cada indivíduo pode contribuir, começando por deixar o quintal de casa limpo e sem locais para acúmulo de água. Latas, copos plásticos, caixa d’água, tambores, pneus, garrafa e tampa de refrigerante, vasos de plantas, tudo o que acumule água é local propício para o aparecimento de foco do mosquito.

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Se em sua vizinhança existe algum local fechado e que exista possibilidades de ter foco do Aedesinforme a Vigilância Epidemiológica na prefeitura da sua cidade.

Leia também: Evite a epidemia em sua área: Protegendo sua casa contra dengue

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.