Meu pais se divorciaram: Como lidar com a separação

Os sentimentos de dor e medo começam a surgir antes mesmo da separação física, pois antes dela vem a separação emocional. É importante saber lidar com cada fase da separação de seus pais e...

Beth Proenca Bonilha

Infelizmente, está tão comum ver casais se separando que chega a ser dito que isso é normal, que as coisas são assim mesmo, e com essa “falsa normalidade” os filhos sentem a separação, mas não sabem como lidar com ela e acabam ficando em crise por entender que é algo considerado, hoje em dia, como normal e ao mesmo tempo sem saber como lidar com o sentimento de dor pela separação.

Os sentimentos de dor e medo começam a surgir antes mesmo da separação física, pois antes dela vem a separação emocional que, em muitos casos, leva a uma série de desentendimentos e desencontros entre o casal, afetando também os filhos que começam a ficar inseguros e com medo da eminente separação de seus pais e, ao mesmo tempo, ouvem que devem encarar numa boa, pois é normal. Mas para os filhos, ver os pais separados nunca será normal. Então, o melhor a fazer é buscar ajuda e compreender o que está acontecendo para trabalhar os sentimentos de forma que a criança ou jovem possa encontrar meios para lidar com o fato.

Enfrentando a separação dos pais

Saiba que não será somente a separação física de seus pais o único problema que terá que enfrentar, normalmente novos problemas irão surgir, como dificuldades com o orçamento familiar, mudança de residência ou até mesmo de cidade; nova escola, novos amigos terão que ser conquistados. Para isso, prepare-se emocionalmente e lembre-se de uma coisa importante, não é só você que está sofrendo, seu pai e sua mãe estarão sofrendo e precisarão de seu apoio e compreensão.

Portanto, procure se equilibrar e ajudar a si próprio e a seus irmãos menores se os tiver, sendo o apoio que eles precisarão. Com isso, verá que eles ajudarão a você também, pois a união é uma grande fonte de força e esperança para superar desafios.

Comece sabendo que

A culpa não é sua –

é muito comum surgir esse sentimento no momento da crise, por isso, não deixe que a culpa cresça dentro de você. Procure entender os fatos e razões dos dois lados, e verá que nada tem a ver com você. Muito pelo contrário, você e seus irmãos normalmente são as razões que os uniram até então.

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Não sinta culpa por estar aliviado –

perceber que a separação de seus pais foi a melhor solução diante das constantes brigas e desentendimentos ou até mesmo de agressões físicas pode provocar sentimento de alívio e certeza de que a separação está sendo muito melhor para todos. Isso não deve parecer ruim e te levar a pensar coisas do tipo: “Como posso estar bem com a separação de meus pais?”. Trabalhe esse sentimento e transforme-o em apoio para superar os momentos de saudade e tristeza.

A dúvida é normal –

será comum surgir a dúvida se for deixado para que você escolha se quer ficar com seu pai ou com sua mãe. Essa sempre será uma situação delicada. Mas você não precisa assumir a responsabilidade de escolher sozinho. Se for lhe dado essa incumbência, expresse seus sentimentos e angústias, peça ajuda para tios, avós e pessoas adultas que possam interferir entre você e seus pais, para que eles compreendam sua situação e possam te orientar. Se você não tem dúvida e já fez sua escolha, também não deve se sentir mal com isso, afinal você não causou a situação e foi lhe dado a opção, então não tem por que sofrer ou se sentir mal por escolher seu pai ou sua mãe.

Procure a neutralidade –

é normal que seu pai e sua mãe queiram que você escolha um dos lados em detrimento ao outro. Ou seja, que você, ao escolher com quem vai ficar, terá que se desligar do outro. Isso normalmente acontecerá no início do processo, e você não deve ceder a pressão que farão sobre você. Deixe claro que você sabe que não provocou a separação deles e que ama a ambos, e sabe do amor que os dois têm por você e por isso não será manipulado por nenhuma das partes na intenção de agredir ou provocar-se mutuamente. Essa é uma atitude mais fácil, se você for um adolescente, mas mesmo se você tiver menos de 12 anos, deve ter esta compreensão de que não precisa entrar na briga de seus pais.

Muitos outros desafios virão, mas saiba que você pode superar cada um deles se tiver consciente dos quatro tópicos que tratamos neste artigo. Lembre-se também, o que falamos aqui são sugestões para que você possa iniciar este processo que terá muitas etapas a frente. Uma coisa é importante ter sempre em mente: você não precisa estar sozinho, você sempre encontrará apoio de um adulto para te ajudar, procure essa pessoa entre familiares fora de sua casa, talvez um professor ou coordenador de sua escola, os pais de seu melhor amigo, o líder religioso que conhece. E em último caso, peça a seus pais ajuda profissional de um psicólogo, por exemplo.

O importante é você estar bem e contribuir para que seus pais possam ficar bem também.

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu