Margarina – você sabe o que está consumindo?

Stael Ferreira Pedrosa

Na segunda metade do século XX, houve um rebuliço na ciência da nutrição quanto às dietas. Surgiram várias delas, sendo uma das mais controversa “ A Dieta Revolucionária do Dr. Atkins”, em 1977, que pregava que os carboidratos eram o vilão da alimentação e que o correto ao ser humano seria uma dieta isenta (ou com baixa quantidade) de carboidratos e rica em proteína animal e gorduras.

A dieta fez sucesso, inclusive tem novas versões, já que permitia “delícias” como bacon, frango frito, ovos, queijos gordos, creme de leite e maionese. Uma de suas vertentes é a dieta low carb. Com isso, alguns alimentos saíram da situação de “permitidos” para proibidos. Uma dessas é a margarina que tem em sua formulação soro de leite, leite em pó e outros derivados que têm carboidratos.

Outra razão importante para a criminalização da margarina é um estudo que indicou que os ácidos graxos trans (AGT) que, inclusive, compõem a fórmula das margarinas e cremes vegetais presentes em biscoitos, sorvetes, pães, batatas fritas de lanchonetes, produtos de pastelaria, bolos, massas, entre outros, têm efeitos adversos à saúde, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), tais como a elevação da lipoproteína de baixa densidade (LDL – o mau colesterol) e a diminuição da lipoproteína de alta densidade (HDL – o bom colesterol).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) começou então a recomendar que o consumo diário de AGT seja inferior a 1% do consumo energético total diário. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tornou obrigatória, em dezembro de 2003, a rotulagem nutricional com declaração do conteúdo de AGT. Atualmente, a maioria dos produtos que contêm gorduras vegetais já estão isentas de gorduras trans e o rótulo traz essa informação.

Mas, e a margarina, é mesmo essa vilã?

Embora tenham circulado notícias de que a margarina foi feita para engordar perus, ou que é feita de solventes de petróleo, e ainda que protege o coração, baixando taxas de colesterol, nem tudo é verdade e nem tudo é mentira. É falso que as margarinas tenham sido feitas para engordar perus, mas é verdade que um de seus componentes é um solvente de petróleo (hexano ou éter de petróleo), além de ácido fosfórico – um produto para eliminar ferrugem que é usado também na fabricação de refrigerantes.

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Quanto a baixar o colesterol, essa questão divide pesquisadores. Alguns afirmam que entre o óleo e o azeite, a margarina é a única que baixa o colesterol. Já outros afirmam que a margarina baixa sim o colesterol, mas o colesterol bom, e faz aumentar o colesterol ruim.

Em suma, a manteiga é constituída por leite e obtida por meio do batimento do creme de leite, rica em gorduras saturadas e colesterol. Já a margarina é resultado da hidrogenação de óleos vegetais, com a incorporação dos produtos químicos já mencionados e moléculas de hidrogênio, transformando gordura insaturada em parcialmente saturada.

Qual é a melhor para o consumo?

Para a professora do curso de Nutrição da Universidade Anhembi Morumbi, Luciana Setaro, nenhuma! Ambas devem ser consumidas com moderação ou substituídos por produtos mais saudáveis como requeijão light, cream cheese light ou queijo tipo cottage, que têm além da vitamina D que a manteiga tem e a margarina não têm, oferecem também cálcio e proteínas.

Nesse caso, a margarina pode ser completamente descartada, já que a manteiga, embora seja mais gordurosa, não tem produtos químicos, tem vitamina D, e a margarina não tem nada além de gordura insaturada (por isso não endurece quando vai para a geladeira) adição de produtos químicos e ainda aumenta o colesterol ruim. Se a pessoa não gosta (ou não pode) ingerir gorduras, pode fazer substituições mais vantajosas.

Faça um teste: margarina pode ficar fora da geladeira que não embolora, não é invadida por insetos e não azeda – sua “vida útil” é mantida artificialmente. Você quer mesmo isso dentro do seu corpo?

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.