Mãe que grita: Como vencer a tendência de gritar

Existem alguns momentos em que um grito da mãe talvez seja necessário, como num momento de perigo para os filhos, mas mães que gritam sempre podem estar causando danos que podem afetar os filhos para o resto da vida.

Luiz Higino Polito

Um amigo muito sábio disse certa vez, que “A única justificativa para alguém gritar em casa”, é se a casa estiver se incendiando. Então, deve-se gritar: “Fogo!”.

Vemos, com preocupação, e muitas vezes sem poder ajudar, mães gritando com seus filhos por qualquer motivo.

Será que gritar com as crianças resolve, como muitas mães pensam? Gritar educa? Ou só assusta as crianças e pode até criar traumas ou complexos, ou deixá-las inseguras, se as crianças só ouvirem gritos e mais gritos todo dia? O que dizem especialistas no assunto?

Leia: A questão relevante sobre o grito

Numa reportagem desta revista, a terapeuta de família Amy McCready disse: “Trabalho com milhares de pais e posso dizer, com certeza, que o grito é a nova surra“. Amy McCready, que dá cursos e aconselhamento para pais, continua dizendo que “A maioria se sente sem ferramentas para disciplinar seus filhos e acaba gritando. Depois se sente culpada e passa por um período de autocontrole, mas acaba apelando para os berros novamente, criando um padrão familiar.” Essa mesma terapeuta, numa reportagem com vários psicólogos que falavam contra os gritos com crianças e adolescentes, também disse, ao The New York Times

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,que“Nós elogiamos os pequenos por aprenderem a assoar o nariz, somos amigos do adolescente e somos capazes de passar um bom tempo ajudando nosso filho a entender seus sentimentos. Mas, paradoxalmente, somos uma geração que berra”.

Gritar mostra perda de controle

Nos dias de hoje, ele (o ato de gritar com os filhos) revela perda de controle“, é o que afirma Anne Lise Scapatticci, psicanalista infantil e doutora em saúde mental pela Escola Paulista de Medicina.

Aqui poderíamos abrir um parêntese para dizer que mães que gritam estão somente assustando seus filhos, e não educando-os, e provavelmente, no dia seguinte estarão gritando pelos mesmos motivos!

Leia: 30 dias para ser uma mãe melhor

Quem é que manda?

Um erro muito comum é a mãe se colocar no mesmo nível dos seus filhos, perdendo assim muito de sua autoridade. Embora devam ser amigas dos filhos e orientá-los, conversar sempre com eles, explicar os motivos porque age da forma que age, as mães devem deixar claro para os filhos que ela é a líder (junto com o pai). Os pais não devem deixar que seus filhos percam o respeito por eles.

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Para isso, os pais devem ser dignos de respeito, claro. E serem o exemplo, antes de berrar para os filhos fazerem o que eles devem fazer.

O famoso psiquiatra e educador brasileiro Içami Tiba, numa entrevista ao Jornal da Cidade de Bauru, disse: “Outra coisa que precisa ser explicada é que os pais precisam deixar claro o que querem dos filhos. A criança fica desesperada quando não entende o que os pais querem dela. Há mães que ficam o tempo todo fazendo previsões sobre o que pode acontecer. Em um parque, por exemplo, ela começa a gritar para o filho não subir em tal brinquedo porque vai cair e se machucar e isso e aquilo. A criança sobe, nada acontece, e a mãe cai em descrédito.”

Içami Tiba também diz que a mãe precisa estudar, buscar aprender a ser uma boa educadora. Porque senão corre o risco de ver seus filhos se tornarem o que ela não quer: “(…) a criança cresce delinquente, medrosa ou sem limites. Hoje você vê pequenos tiranos de quatro ou cinco anos de idade mandando em pai que é chefe de empresa ou em mãe que é líder no trabalho.” Içami pergunta: “Por que mudou a liderança em casa? A mãe precisa entender que é a líder e o filho é o seguidor“. E conclui que, agindo como líder, a mãe ajuda o filho a “(…) aprender que se ele cumprir o que está sendo feito será a melhor coisa do mundo. Para ter direitos ele precisa ter deveres e cumpri-los.”

E como se controlar para não gritar com os filhos?

A mãe (que normalmente é quem mais fica com a parte maior da educação dos filhos em casa) ou o pai que nunca gritou com seus filhos, que seja o “que atire a primeira pedra”…

Porém, hoje pode ser o dia para se mudar para melhor, com as mães se conscientizando que gritar não é o melhor meio de educar.

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A mãe deve ser a líder, como disse o Içami Tiba, e deixar isso bem claro aos filhos, quanto antes possível. Aí não precisará gritar feito louca para seus filhos a obedecerem hoje, e amanhã ela ter de gritar novamente, porque, segundo os especialistas, as crianças não aprendem quase nada “no grito”.

Leia: 20 táticas fáceis para não gritar com seus filhos

Mães, aprendam o quando antes a se tornarem líderes de seus filhos, ensinando-os com firmeza, mas também com amor!

As crianças merecem!

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Luiz Higino Polito

Casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, estudei oratória e didática. Gosto muito de escrever. Profissionalmente, sou músico e tenho um Sebo Virtual, onde vivo com minha esposa e cercado de livros!