Mãe: para o bem de seus filhos, às vezes você deve colocar-se em primeiro lugar

Para que na vida haja felicidade, deve-se aprender a dar e a receber.

Erika Otero Romero

Sei que, como mãe, você tem a ideia de que ser uma é a coisa mais maravilhosa do mundo, e é verdade. No entanto, também concordará se eu disser que ser mãe traz consigo uma quantidade incrível de sacrifícios.

Não é de modo algum errado sacrificar-se pelos filhos; aliás, é algo que se começa a fazer desde o momento da concepção. Não é segredo que o corpo materno fica muito desgastado durante a gravidez. Por esta razão são pedidos exames para conhecer sua saúde e também recomendam tomar vitaminas.

Após o nascimento os sacrifícios continuam. A duras penas dorme-se devido às necessidades de seu recém-nascido; além disso, você o alimenta em seu peito. A par disso, também se inicia um processo educativo que, à primeira vista, não se vê como tal. Você começa a ensinar ao seu filho centenas de coisas diferentes, que para a vida de um bebê são grandes aprendizados.

Isso dura talvez até os 4 anos; tempo durante o qual você não só se adapta às atividades do seu filho, mas a se desviar delas quando necessário para sua sanidade. As coisas não mudam talvez até que ele ou ela tenha 10 anos; idade em que se torna um pouco mais independente.

Foi assim com minha mãe e com todas as mães do mundo. Repito, não há nada de errado com isso. No entanto, há uma mensagem entre as linhas que você não notou, mas vai perceber agora: seu filho esteve sempre em primeiro lugar, e você?

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O grande problema de colocar seu filho em primeiro lugar

Peço, por favor, que antes de se sentir ofendida, continue a ler.

Não há amor maior que o de uma mãe que põe as necessidades da sua família acima dela. No entanto, alguma vez pensou no ensinamento que dá a seu filho com esse exemplo? Sim, esse, de pôr a todos acima de si mesma?

É muito bom ser alguém capaz de dar de si aos demais. Isso talvez valha muito mais que o dinheiro. Ainda assim, no futuro, quando ele crescer e for adulto, vai colocar a todos os outros em primeiro lugar, antes dele ou dela.

Este é um comportamento que aprendeu de você, do exemplo que ao longo de sua vida a seu lado você lhe deu. Acredita que isso o fará feliz? Pense um pouco antes de responder. Ele vai colocar as necessidades de todos antes das suas. Ele vai sacrificar-se por pessoas que nem sequer merecem. Ele vai colocar o seu próprio bem-estar em segundo lugar para dar privilégios aos outros. O que há de bom nisso? Isso lhe fará feliz?

Pode ser que diga que sim, que não há nada de errado em sacrificar-se pelos demais; entretanto, não é tão lindo como parece.

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Dar é bom, mas também é bom receber

Vou dar um exemplo simples de minha própria vida. De minha mãe aprendi a colocar os outros em primeiro lugar sempre e, sim, foi graças a seu exemplo.

Minha mãe é a terceira de sete filhos. Tendo dois irmãos mais velhos, ela foi a única que se sacrificou pela sua família.

Quando o meu avô morreu, minha mãe, que tinha 14 anos, teve de abandonar a escola e começar a trabalhar. O irmão mais velho da minha mãe tinha saído de casa e nada se soube dele até anos mais tarde. A irmã que o segue foi para outra cidade para seguir seus estudos; com o tempo, voltou para onde minha avó vivia, mas nunca se pôs em último lugar para favorecer seus irmãos.

Minha mãe começou a trabalhar por amor à minha avó, que trabalhava além de suas forças para criar os filhos. Ela costurava roupas dia e noite, mas, mesmo assim, o dinheiro não conseguia chegar ao fim do mês. Foi quando, então, minha mãe começou a trabalhar para apoiar minha avó. Meus tios, mais jovens, ajudavam à sua maneira, mas eles eram muito pequenos; ainda assim, quando cresceram, as coisas mudaram um pouco.

Minha mãe continuou trabalhando até alguns meses depois de se casar com meu pai. Ela parou porque a empresa fechou. No entanto, ela sempre colocou sua família acima dela.

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Hoje, ela diz que não se arrepende do que fez. Apesar disso, dói nela o fato de que seus irmãos, pelos quais ela mais se sacrificou, não se lembrem dela nem para um telefonema.

Em tudo deve haver um equilíbrio

Uma coisa é clara: não é que se façam as coisas à espera de algo em troca. O que acontece é que a gente não espera que ninguém se aproveite tanto de outra pessoa.

Por isso, quando com o seu amor incondicional e exemplo, você ensina seu filho a ficar sempre em segundo lugar, ensina-o a dar, mas não a receber. Ensina-o a sacrificar até o cansaço; dessa maneira, seu filho sempre esperará que as pessoas ajam de igual maneira, mas isso raramente acontece.

Nas relações humanas deve haver correspondência. Nenhuma relação funciona bem se só uma pessoa ama, se apenas uma das partes é honesta e está disposta a dar.

Todos precisamos sentir que valemos, que nos amam, que estão dispostos a dar o mesmo que damos. Essa é uma das muitas razões pelas quais muitos casamentos e amizades terminam: porque as pessoas gostam mais de receber do que dar.

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O que você pode fazer é mostrar ao seu filho que é ótimo dar, sim, a quem ele ama. Ensinar que ele também merece receber e que os outros também devem sacrificar-se de vez em quando por ele. Para isso, é justo que fale claro, que peça que ele faça coisas para você.

É quando entra em jogo a negociação: “quer este brinquedo? Então seja um bom filho”. Desta forma, você lhe ensinará que, como mãe, você não está ali apenas para dar amor e atenção, mas também merece receber dele o seu respeito e carinho sincero. Acredite em mim, é algo que ele vai agradecer e ensinar aos próprios filhos.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Madre: por el bien de tus hijos, a veces debes ponerte en primer lugar

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.