Livros são insubstituíveis: Estimulando os filhos a ler

Ler um bom livro não deve ser uma história que nossos filhos irão ouvir de seus avós. Vamos estimular a leitura para que eles mesmos possam sentir essa maravilha.

Fernanda Ferrari Trida

Lembro-me de quando essa onda tecnológica começou aqui no Brasil (não vou entrar no mérito histórico, pois o escopo aqui não dá margem a polêmicas), com aqueles computadores de tela verde e sistema DOS. Eu sempre tirava notas baixas nas provas de computação. Jamais consegui entender aquelas letras e barras invertidas e pontos. Depois foi a vez dos imensos e pesados aparelhos celulares analógicos, conhecidos como tijolões, cujo sinal só era obtido se fizéssemos a “dancinha da cobra” (mais ou menos como o Axl Rose fazia no clip da música Patience). Na mesma época vieram os computadores high tec. Eu achei o máximo. Veja onde chegamos em tão poucas décadas. Bastou virar o século para atingirmos um avanço inimaginável nos anos 1980. Parabéns!

Mas me entristece o fato de que, durante esse “disparo” bem-sucedido dos cliques, botões, telas e operações virtuais, os livros impressos tenham sido quase que esquecidos. Percebe-se um desinteresse pela leitura e um aumento da dificuldade em fazê-la.

Para corroborar esse meu pensamento, cito uma pesquisa de 2008, feita por Valdemar W. Setzer, da USP, intitulada Efeitos Negativos dos Meios Eletrônicos em Crianças, Adolescentes e Adultos: “A internet influencia decisivamente a leitura, pois vicia em se querer interromper a linearidade do texto para se abrir alguma página nele citada (…) alguns dos problemas mais críticos da Internet (…): o vício no seu uso; o aumento do uso da rede diminuiu o uso de outros meios; o fato de ela prejudicar a concentração mental; o fato de induzir uma necessidade constante de distração; e o impacto negativo na memória (…) as pessoas que seguem os links durante a leitura de um texto da Internet acabam tendo menos compreensão e memorização do conteúdo, e os prejuízos causados pela execução de várias tarefas ao mesmo tempo”. O livro todo tem como enfoque central o fato de o cérebro ter uma enorme plasticidade e, como todas as atividades inclusive mentais, acaba influenciando a estrutura cerebral.

Contudo, não há como fugir da tecnologia. Afinal, ela se faz necessária no nosso cotidiano seja para o trabalho, seja para contactarmos um parente ou amigo com o qual só conseguimos conversar desta forma. Creio, porém, que há meios de manter a curiosidade pela leitura em papel acesa também. Veja algumas dicas:

  1. Se você tem filhos pequenos, tente comprar livros voltados para as idades deles em vez de brinquedos que não têm o que ensinar (os meus adoram olhar as figuras e me ouvir contar as histórias).

    Advertisement
  2. Se seus filhos são maiores, certamente a escola em que estudam pede que leiam alguns autores ao longo do ano letivo. Estimule a leitura em papel e não em e-book (uso excessivo de computador faz mal para a visão; vale a pena consultar um oftalmologista).

  3. Procure dar o exemplo. Leia sempre que possível.

  4. Mesmo que você seja viciado em meios eletrônicos, tente não ficar o tempo todo usando esses aparelhos na frente dos seus filhos. Crianças aprendem por repetição. Se eles o virem lendo uma revista ou um livro, mesmo que somente de vez em quando, começarão a pegar gosto pela coisa.

  5. Respeite os livros: não rasgar, não pisar, não riscar, não molhar e não sujar os livros que você tem em casa é um ensinamento muito importante para todos. Respeitar o objeto de leitura cria uma aura de importância ao redor dele e também estimula a curiosidade para com ele.

Ler ainda é legal. Aquele que não lê não desenvolve a mente. Ler textos curtos na internet não é a mesma coisa que pegar um livro na mão. Se você não tem o costume de ler, saiba que nunca é tarde para começar e que você não precisa pegar um clássico de 700 páginas para iniciar essa prática. Existem muitos tipos de literatura por aí. Você vai encontrar um livro que gosta. Tenho certeza. Não deixe a tecnologia engolir o cheirinho do papel impresso e o sabor do destino da personagem principal ao virar a última página do livro. Boa leitura!

Advertisement
Toma un momento para compartir ...

Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.