Ignore o seu filho e o prejudicará para sempre

O vazio de uma criação sem amor pode ser difícil de ser preenchido. No entanto, você pode romper esse ciclo e amar seus filhos tanto quanto já desejou ser amado.

Erika Otero Romero

Todos conhecemos alguém que já admitiu entre lágrimas que se sentiu pouco amado por seus pais. E mais, pode ser até você mesmo.

São muitas as pessoas que cresceram com carências afetivas; o complicado é que essa situação lhes dificulta a vida em geral.

Essa sensação de abandono gera na criança grandes problemas de caráter. E o pior é que esses problemas se projetam na fase adulta.

O que se considera como abandono?

Entende-se como abandono o ato de deixar uma pessoa sozinha e sem atenção. No entanto, existem vários tipos de abandono.

Literalmente, existem pais que abandonam seus filhos deixando-os a cargo de outros familiares. Outros os deixam em orfanatos ou com desconhecidos.

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Também há aqueles que ignoram o filho em todos os aspectos possíveis, ainda que vivam na mesma casa. Trata de pessoas que só proveem o “necessário” para que não morra de fome ou frio. Nada mais que isso.

Como se pode ver, existem maneiras e maneiras de se abandonar a um filho. Desde negligenciá-lo, não dar a ele tempo nem atenção, até mesmo deixá-lo literalmente entregue à própria sorte, seja nas ruas ou em um orfanato.

Qualquer que seja a situação, o resultado é o mesmo: problemas de controle emocional, inseguranças, medos, além disso uma sensação de vazio que dura a vida inteira.

A síndrome da criança invisível

Fala-se de síndrome da criança invisível quando ela não recebe a atenção que merece. O descuido se dá na área afetiva e envolve diretamente os pais.

Os pais que não veem seu filho geram nele uma forte sensação de abandono, como se não existisse.

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Como é a criança que sofre desta síndrome?

Geralmente, uma criança abandonada afetivamente é irritadiça, isola-se e é emocionalmente distante, retraída. Tende a criar um mundo fantástico para se refugiar e, assim, poder lidar com a dor do abandono.

Tudo isso faz com que suas relações sociais sejam escassas ou nulas. É comum que, muitas vezes, a criança se sinta como um fardo para sua família. O pior é que a criança ainda se sente culpada porque pensa que é responsável pelo abandono. Em sua mente, a criança sente que merece todo esse sofrimento.

A síndrome da criança abandonada ao longo da vida

Quando a criança é abandonada emocionalmente, cedo na vida já apresenta diversos sintomas que deixam em evidência como ela se sente.

É comum que chore de maneira desconsolada, também se magoa muito por insignificâncias. Sofre constantes estados de ansiedade e tristeza. A fonte de todo esse sofrimento é a rejeição de seus pais.

Na adolescência, a manifestação da síndrome de abandono ocorre tanto em nível psicológico como fisiológico.

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No aspecto biológico, a criança se mostra rebelde e desafiadora. Também é comum que não apresente habilidades sociais. Ao se sentir rejeitada, torna-se complicado para ela confiar nos outros. A desconfiança se deve à insegurança e a sua baixa autoestima. Tristemente, essa necessidade de afeto as tornará facilmente manipuláveis.

Isolam-se pela rejeição de seus pais, mas secretamente anseiam por ser aceitos. Talvez por esta razão possam ser enganados com facilidade. Suas relações serão muito instáveis e de curta duração.

Uma pessoa abandonada por seus pais, na fase adulta, buscará consolo nas drogas ou álcool.

No aspecto fisiológico, fica evidente um atraso no desenvolvimento motor. O que acontece é que a criança tem dificuldade em desempenhar suas atividades físicas, pois seus movimentos são desajeitados.

Apesar disso, o jovem mostra uma grande imaginação, que o faz destacar-se entre seus pares.

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A realidade por trás disso é que o adolescente sofre muito. Não apenas foi e é ignorado por seus pais, mas também padece a angústia do bullying por outros de sua idade. Isso faz com que tenha grandes problemas de autoestima.

Para as crianças e adolescentes abandonados, o mundo é um lugar cheio de sofrimento. Por isso se isolam e reagem de maneira irritada diante das adversidades.

Superando a síndrome da criança invisível

A única maneira de evitar que uma criança se sinta abandonada é dando-lhe a atenção que precisa durante seu crescimento. Não se trata de quantidade, mas de qualidade. Não é questão de comprar-lhe tudo que quer, mas de estar perto quando necessita de um conselho, consolo ou um abraço.

Agora, se for adulto, o que deve fazer é buscar ajuda terapêutica. Por meio de estratégias de perdão e Terapia Gestalt, poderá, aos poucos, curar-se.

O principal que as pessoas que foram ou são ignoradas por seus pais devem entender é que possivelmente seus pais passaram pelo mesmo. Não é uma desculpa, mas um sinal de alerta para que trabalhem em sua própria cura. É importante que o façam para que não tratem seus filhos como foram tratados. É questão de desejar mudar ciclos e curar relações doentias.

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Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Ignora a tu hijo y lo dañaras para siempre

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.