Hiperempatia: quando ser empático torna-se contraproducente

Ser uma pessoa empática abre portas para o serviço ao próximo. Mas não deixe para trás o amor e o cuidado consigo mesmo.

Erika Otero Romero

Tornou-se popular a ideia de que ser um empata é a melhor coisa que pode acontecer a uma pessoa. E, de certa forma, é. Um fato interessante é que os narcisistas não têm empatia. Então, se olharmos dessa perspectiva, é um bom sinal de que não é uma pessoa que machucaria alguém intencionalmente. 

No entanto, nem tudo sobre empatia é como pintam. Vejamos da seguinte forma:

Imagine que a empatia é uma longa linha horizontal. À esquerda, no ponto extremo, está o narcisismo e no direito, a hiperempatia.

Certamente você já ouviu falar que nenhum dos extremos é bom e tenha certeza de que é verdade. Pessoas narcisistas não têm o dom da empatia. Por outro lado, quando as pessoas empáticas cruzam a linha do esgotamento emocional, sua qualidade é enaltecida; e isso é realmente exaustivo.

O que é hiperempatia?

Para começar, devemos levar em conta algo importante. Dentro da psicologia existem dois tipos de empatia:

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Empatia cognitiva: tem a ver com a capacidade de entendermos os estados mentais e psicológicos das pessoas ao nosso redor.

– Empatia afetiva: envolve uma maior capacidade de sentirmos e vivenciarmos as emoções de alguém; isto é, permite-nos mostrar compaixão.

hiperempatia abrange a empatia afetiva. Com isso em mente, podemos dizer que as pessoas hiperempáticas “absorvem” as emoções de outras pessoas. Esse nível extremo de empatia é conhecido como reatividade empática e geralmente está relacionado à  alta sensibilidade emocional.

Como é a pessoa que sofre de hiperempatia?

Antes de descrever pessoas hiperempáticas, é bom saber que isso ajudará a distinguir entre “alta sensibilidade emocional” e “hipersensibilidade” patológica.

1. Apresentam esgotamento social

Quando você é hiperempático, geralmente se sente muito esgotado. Isso ocorre por sentir compaixão e empatia em excesso. É como se você absorvesse a dor dos outros e isso esgotasse sua bateria emocional.

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Quem experimenta esse sentimento tem grande probabilidade de desenvolver ansiedade social. Isso leva a pessoa a ir se isolando gradualmente, porque relacionar-se torna-se angustiante para ela, por causa de como ela acaba se sentindo nesses relacionamentos.

2. Dificuldade para estabelecer limites 

As pessoas hiperempáticas têm dificuldade para estabelecer limites. É comum colocarem-se sempre em segundo plano diante das necessidades dos outros. Além disso, tem grande dificuldade em dizer “não” aos pedidos dos outros.

3. São vítimas vulneráveis em relacionamentos abusivos

Pode parecer absurdo, mas algumas pessoas hiperempáticas tendem a se permitir serem abusadas por outras pessoas. Isso ocorre por elas simplesmente sentirem compaixão por essas pessoas.

4. Suas respostas emocionais são desproporcionais

As pessoas com hiperempatia tendem a reagir de forma muito desproporcional a injustiças ou ações que, aos seus olhos, são desagradáveis.

5. Absorvem emoções

São esponjas humanas das emoções e problemas das outras pessoas. O que tornar isso pior é o fato de sentirem essa dor por tempo prolongado, ficando angustiadas por conta disso.

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6. Mudanças de humor

Pessoas hiperempáticas geralmente têm dificuldade para regular suas emoções. Devido a esse descontrole emocional, podem sofrer frequentes oscilações de humor, que geram estresse.

7. Sensibilidade à dor

Costumam experimentar sentimentos negativos em excesso diante de imagens ou vídeos tristes.

8. Ressentimento e isolamento

O excesso de empatia leva as pessoas a investirem pouco tempo em si mesmas. Isso porque passam muito tempo ajudando os outros. Além disso, pode desencadear isolamento voluntário por não conseguirem dizer “não” aos pedidos dos outros.

9. Dependência emocional

Hiperempatia e dependência emocional podem estar relacionadas. Isso porque, por serem muito sensíveis, essas pessoas tendem a colocar as necessidades dos outros acima das suas, o que pode torná-las presas fáceis de pessoas narcisistas.

10. Reações físicas ao desconforto de outras pessoas

Ao ver ou ouvir os problemas dos outros, os hiperempáticos  podem experimentar diversos desconfortos físicos.

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Você pode controlar seu excesso de compaixão e empatia

Como “desligar a chave” da hiperempatia? Bem, a resposta pode parecer fria, mas é preciso aprender a se colocar à frente dos outros se quiser ter uma vida saudável e equilibrada.

Aqui vão algumas sugestões:

Desconecte-se:  Dedique tempo aos seus hobbies e preferências. Isso o ajuda a equilibrar suas emoções e deixar para trás frustrações, preocupações e estresse.

Faça meditação: Nada é mais eficaz para acalmar a mente do que praticar meditação e exercícios de relaxamento.

– Estabeleça limites: os limites são uma forma de estabelecer uma distância saudável entre as pessoas para que elas não abusem da sua bondade. Isso não significa que você tenha se tornado mau ou insensível. Na verdade, você está apenas se protegendo e adotando uma atitude mais saudável e prática no relacionamento com os outros.

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Busque informações sobre inteligência emocional: a inteligência emocional ajuda você a tratar os outros com benevolência, mas sem se machucar. Isso traz um bom equilíbrio entre o amor-próprio e a empatia.

Ser uma pessoa empática não é uma coisa ruim. O prejudicial acontece quando você perde o controle e não estabelece limites ao lidar com os outros. Você precisa aprender a administrar sua empatia e conseguir equilibrá-la com seu amor-próprio. Só assim você conseguirá ter uma vida saudável e tranquila.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Hiperempatía: cuando ser empático resulta contraproducente

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.