Estudo revela que não é o espermatozoide mais rápido que fecunda o óvulo, outro fator é mais importante

Se você duvida da sua capacidade em escolher a pessoa certa, talvez ajude saber que a natureza dá uma forcinha.

Stael Ferreira Pedrosa

Até agora, as leis biológicas pareciam ciência exata, ou seja, quando se tratava da reprodução das espécies sexuadas, desde a elaboração das leis de Mendel, sempre se acreditou que qualquer espermatozoide pudesse fecundar um óvulo normal, desde que fosse o mais rápido.

No entanto, um novo estudo realizado nos Estados Unidos, mostrou que as coisas não são tão simples. Para um espermatozoide ter acesso a um óvulo que está esperando para ser fecundado, tem que ser selecionado primeiro. É como se o óvulo entrevistasse os candidatos para saber qual o melhor deles: eles escolhem os espermatozoides com a melhor carga genética para garantir que a cria gerada a partir da fecundação seja o mais saudável possível.

Joe Nadeau, o pesquisador responsável pela descoberta, diz que a reprodução não é uma simples combinação aleatória de genes. Em seus testes foram observados parâmetros que se mostraram mais frequentes que o outro, como se fosse feita uma escolha do parceiro.

O que, segundo Nadeau, aponta para preferência ou rejeição – por parte do óvulo – de espermatozoides de acordo com a boa ou má qualidade dos genes deste e sua capacidade de originar descendentes melhores tornando os gametas femininos como partes ativas da reprodução, ao contrário da passividade que se supunha anteriormente.

A recíproca não se provou verdadeira, ou seja, os gametas masculinos não se provaram capazes de fazer a mesma seleção quanto aos genes femininos.

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A experiência com ratos

A equipe de Joe Nadeau utilizou ratos para o estudo. Para observação de resultados, no primeiro experimento foram colocados ratos machos com carga genética normal para cruzar com fêmeas que também carregavam genes normais e com outras que tinham uma carga genética com maiores chances para câncer de testículo.

Em um segundo experimento houve um estudo da situação invertida onde colocou-se fêmeas saudáveis com machos portadores do gene mutante.

O resultado do primeiro experimento é que as crias nasceram com genes aleatórios (tanto positivos quanto negativos para câncer de testículo) conforme as leis de Mendel.

No segundo experimento, os filhotes nasceram com a carga genética bem abaixo do esperado. A expectativa era que 75% deles nascesse com o gene mutante do pai, no entanto, apenas 27% dos filhotes apresentavam a mutação no gene.

A conclusão

O cruzamento de ratos machos saudáveis com fêmeas saudáveis e portadoras do gene defeituoso fez nascer crias dentro do esperado de acordo com a lei de Mendel, ou seja, nasceram portadores, e não portadores do gene aleatoriamente.

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O cruzamento de ratas saudáveis com machos portadores do gene defeituoso diminuiu a incidência do gene defeituoso nos descendentes.

A conclusão é que aparentemente as fêmeas contam com um processo de seleção do espermatozoide com a melhor carga genética, o que vem abalar uma das maiores certezas da ciência – a infalibilidade das leis de Mendel.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.