É isso que acontece no seu cérebro ao usar o celular todos os dias, segundo especialistas

Muito se fala dos perigos do uso excessivo de celulares. Você já pensou no que realmente acontece em seu cérebro quando o utiliza diariamente?

Danitza Covarrubias

O uso de telefones celulares, computadores, consoles de jogos, tablets e televisão é, hoje em dia, uma realidade diária e indispensável. Tem sido um evento histórico relativamente recente, mas ainda não está claro quais seus efeitos sobre a humanidade.

A tecnologia faz parte da nossa vida e, sem querer, está mudando não apenas nossa maneira de nos relacionar, mas também nossa própria estrutura física e emocional.

Compartilho, abaixo, algumas pinceladas que vão ganhando forma na busca de respostas para esse tema.

Mudanças em todo o nosso ser

1. No esqueleto

A pesquisa sobre o uso da tecnologia analisa a mudanças no corpo humano. A espécie evolui de acordo com seus usos e costumes, e não há dúvida de que o uso excessivo do telefone celular gera posições posturais que afetam o corpo.

Uma das grandes mudanças da espécie humana, de acordo com a teoria da evolução, é a conquista de uma postura ereta. Mas, aparentemente, estamos gradualmente perdendo-a por curvarmos a cabeça em direção aos dispositivos de tecnologias da informação e comunicação (TICs).

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Algumas pessoas já possuem o chamado “pescoço tecnológico“. É a nova maneira de os ossos cobrarem por essa inclinação da cabeça. Devido ao seu peso, gera modificações na estrutura óssea. Esse é o caso especialmente  de quem começa a usar dispositivos eletrônicos na tenra idade.

2. No cérebro

Este é um dos elementos mais afetados pelos menores, em várias áreas:

Vício

Pode-se dizer que o uso de computadores, tablets e telefones celulares já é um vício. Por um lado, está comprovado, segundos alguns estudos, que os sintomas da supressão do uso desses dispositivos viciantes são os mesmos da suspensão de droga ou álcool.

Um vício tem quatro elementos: forte desejo, incapacidade de interromper o comportamento, angústia emocional quando a atividade não é realizada e persistência do comportamento; os mesmos que aparecem relacionados ao TICs.

Psicomotor

O uso excessivo de dispositivos eletrônicos para entretenimento na tenra idade faz com que as crianças deixem de brincar com jogos ou brincadeiras que desenvolvem a psicomotricidade fina e grossa.

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A capacidade temporal e espacial, que é desenvolvida nos movimentos lúdicos infantis, também fica atrofiada. Por não se movimentarem, mas permanecem sentadas a maior parte do tempo, as crianças acabam perdendo sua capacidade de flexibilidade corporal, mobilidade, cálculo e controle de espaço.

Atenção

Outro efeito é um grande problema no desenvolvimento cognitivo e linguístico, que causa dificuldades na agilidade mental, em prestar atenção e perceber o que está acontecendo ao redor.

Além disso, os hormônios secretados nessas atividades virtuais modificam a capacidade de atenção, retenção, entre outros. A fotossensibilidade (sensibilidade à luz) e o repouso do cérebro quanto aos ciclos do sono, são elementos relacionados à atenção, entre outras repercussões.

3. No emocional

Se a criança estiver em um contexto de solidão ou dificuldade de socialização com seu entorno, o dispositivo em questão será aquele que cumprir a função de acompanhar, acalmar e contê-la.

O uso constante de dispositivos eletrônicos tende a desconectar a pessoa de todos os seus relacionamentos. E a tendência é que se crie um círculo vicioso em que a sensação de solidão, dor e tristeza é evitada.

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4. Na família

As famílias começam a se acostumar com crianças ou adolescentes isolados em suas atividades virtuais. Os mesmos adultos imersos em seus próprios dispositivos não encontram espaço nem maneira de voltar a se conectar com seus filhos.

Alguns, pelas atividades profissionais; outros, pelo possível vício. De repente, existem muitos membros da família na mesma sala, mas cada um imerso em seu próprio aparelho, gerando em cada membro o mesmo isolamento, desconexão e solidão.

5. No social

À medida que a criança se concentra no que está acontecendo nas telas, a interação social com seus colegas se perde. E mesmo quando a interação acontece, a atenção é rapidamente perdida porque elas estão focadas no que está acontecendo em seus dispositivos eletrônicos.

Isso dificulta o relacionamento entre as pessoas e até o desenvolvimento do senso de pertencimento a grupo. Geralmente há uma distância entre a identidade pessoal e a virtual, sendo o comportamento bastante diferente em um tipo de interação e em outro.

Com o uso de telas, é gerado ainda mais isolamento. Também há estudos que fazem uma correlação entre o nível de agressividade e o uso de telas. Essa agressividade também dificulta uma melhora na qualidade dos relacionamentos interpessoais. Em se tratando de pessoas que precisam dessa inter-relação, a carência dessas relações gera desequilíbrio emocional. Sua pouca experiência no campo interpessoal impede-os de resolver os problemas que surgem por meio de suas atitudes.

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Há, inclusive, a hipótese de que haja uma correlação entre atividades criminosas e uso excessivo de videogame, com maior incidência em caso de negligência dos pais dos menores.

Conclusão

Os dispositivos eletrônicos fazem parte da nossa realidade. É essencial repensarmos se a forma como os estamos usando é adequada e saudável para nossos relacionamentos. Satanizá-los não é a solução; mas, sim, refletir e fazer mudanças na forma de usá-los e no manuseio dessas ferramentas.

E você, quanto tempo gasta em frente a essas telas?

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Esto es lo que sucede en tu cerebro al usar el celular todos los días, según los expertos

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Danitza Covarrubias

Danitza es originaria de Guadalajara, Jalisco, en México. Licenciada en psicología y maestra en desarrollo transgeneracional sistémico, con certificación en psicología positiva, así como estudios en desarrollo humano, transpersonal y relacional. Psicoterapeuta, docente, escritora y madre de 3. Firme creyente que esta profesión es un estilo de vida.