Dois tipos de pais: Os que orientam e os que empurram

Como você descreveria seu papel de pai? As reflexões contidas neste artigo podem te ajudar a elevar seu papel de pai assim como me ajudaram a melhorar minhas habilidades paternais.

Anders Peterson

A responsabilidade que nos foi designada como pais não é simples, mas existem certas virtudes que podemos cultivar, a fim de sermos o tipo de pais que fortalecem seus filhos e preparam a próxima geração para serem bons pais e criar famílias estáveis no futuro. A fim de distinguir qual a função que estou exercendo como pai, comecei a pensar sobre as ações que podem me ajudar a beneficiar meus filhos e quais ações podem me desviar de alcançar um propósito fortalecedor em suas vidas. Percebi que podemos nos tornar pais que orientam (guiam) ou pais que empurram (forçam). Os comentários a seguir podem ser práticos para realizar uma avaliação completa das nossas ações como pais:

  1. Os pais que empurram vão atrás, enquanto os pais que orientam vão na frente: existe uma grande diferença entre “empurrar” os filhos obrigando-os a fazer algo que desejamos ou esperamos deles. Quando caímos no erro de demonstrar-lhes que não nos importa como alcançam seus objetivos e que só queremos resultados, é como empurrar nossos filhos sem motivos substanciais para que hajam de uma determinada maneira. No entanto, quando os orientamos em suas decisões, damos-lhes explicações válidas e alegramo-nos com eles por suas ações positivas, estamos construindo uma base sólida de mútuo entendimento para que confiem em nós.

  2. Os pais que empurram demandam exigências, enquanto os pais que orientam convidam a agir: as exigências de pais que obrigam seus filhos sem motivo, geralmente não têm resultados muito eficientes porque só geram ressentimento por parte dos filhos, especialmente na adolescência. Por sua vez, os pais que orientam, frequentemente dão sugestões e conselhos em forma de convite. Por exemplo, ao invés de dizer: “Quero que você arrume seu quarto agora mesmo!”, sugerem: “Amo ver seu quarto arrumado, poderia arrumá-lo antes do jantar?”.

  3. Os pais que empurram justificam e criam desculpas, enquanto os pais que orientam dão um exemplo consistente: a justificação, muitas vezes é acompanhada por desculpas que pretendem compensar o tempo que os pais “empurradores” passam fora de casa, assim como também eventos especiais que eles perdem, como jogos esportivos, acontecimentos escolares ou festas familiares. Por outro lado, os pais “orientadores” dão o exemplo fazendo sacrifícios para estarem presentes o mais frequentemente possível em circunstâncias importantes da família. Para fazer isso, é importante planejar com antecedência a semana em termos de ter tempo para estarem reunidos, a fim de evitar qualquer conflito de horários.

  4. Os pais que empurram, criticam; os pais que orientam, elogiam: a crítica não construtiva desmoraliza, enquanto o elogio adequado constrói o caráter. Isso permite que na hora de corrigir e moldar nossos filhos seja mais fácil falar sobre o que precisa ser melhorado. Na verdade, podemos orientar nossos filhos começando nosso “momento correção” com um elogio de muitas maneiras. Considere o seguinte exemplo: um pai que empurra seus filhos diria: “A música que você escuta é tão alta que me deixa irritado, e além disso é horrível!”. Em vez disso, um pai que orienta diria: “Admiro seu lado artístico e valorizo seu apreço pela música. Notei que você está escutando música em um volume muito alto ultimamente. É por que você não escuta em um volume mais baixo? Será que você poderia escutar em um volume no qual todos possam conversar e se ouvir?” Começar com elogios e logo fazer perguntas para entender os filhos nos ajuda a construir pontes de compreensão e tomar decisões juntos que fortaleçam a família.

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Ao aplicar esses princípios na avaliação que fizermos sobre nosso papel como pais poderemos definir novas metas a fim de orientarmos nossos filhos para que sejam eles mesmos os que orientam e guiam suas gerações quando chegar a vez deles formarem famílias saudáveis e felizes.

Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original [Dos tipos de padres: los que guían y los que empujan].

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Anders Peterson

Anders Peterson é professor de espanhol na Universidade do Arizona. Ele reside em Tucson com sua esposa e filhos e é tradutor e intérprete independente.