De faxineiro a diretor da mesma escola: Ele colocou o bem-estar de seus filhos em primeiro lugar

EMOCIONE-se com a história de Joseph G. Sonnier, um pai de família que dedicou sua vida ao bem-estar e educação das crianças daquela escola fundamental.

C. A. Ayres

Em 1979, na cidade de Port Barre, estado de Louisiana, Estados Unidos, uma mãe sozinha trabalhava muitas horas todos os dias como faxineira para criar 4 filhos e ajudar o mais velho com as despesas da universidade.

Joseph “Gabe” Sonnier estava no primeiro ano do curso na área de Educação, mas sabia que a mãe estava se sacrificando demais, então ele deixou a universidade e foi trabalhar para ajudar a mãe a criar outros 4 irmãos. Ele basicamente parou de estudar sem esperança de que um dia pudesse retomar os estudos.

Enquanto adolescente, ele, juntamente com seu pai, trabalhou limpando prédios e escritórios, foi empacotador de supermercado, serralheiro de construção e eletricista. Mais tarde casou-se e teve 2 filhos.

Em 1981, agora com sua própria família para sustentar, um antigo professor de sua escola de ensino fundamental, agora o diretor daquela escola, estava procurando por um faxineiro. Ele se preparou para a vaga e conseguiu o trabalho. Com o passar dos anos, ele aprendeu outras habilidades administrativas como comprar os materiais de limpeza para a escola e controlar o estoque de todo material de ensino utilizado pelos professores.

O tempo passou e “Gabe” Sonnier aprendeu muito. Seu sonho era se tornar algum dia um professor. Um dia, o diretor que o conhecia há bastante tempo o chamou e disse que ele havia sempre sido um bom estudante quando fora seu aluno, e completou dizendo que ele “deveria estar colocando notas naquelas provas ao invés de coletá-las do lixo”.

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Este mesmo diretor, Albert August, continuou a ajudá-lo, motivando-o a voltar a estudar, ajudando-o a adaptar seu horário de trabalho conforme sua necessidade para que houvesse tempo de se dedicar a sua formação. Ele chegava na escola todos os dias às 5h da manhã, trabalhava até às 7h, quando ia para a universidade. Voltava às 8h da noite e trabalhava até mais de meia-noite na maioria dos dias. Chegava em casa e ainda tinha tarefas da universidade. Dormia em torno de 3 a 4 horas por noite.

Nessa época, Sonnier e sua esposa Felicia tinham dois filhos que jogavam pelo time da escola e viajavam nos finais de semana para acompanhar os jogos e campeonatos, algumas vezes em outro estado.

Quando chegou a época onde ele precisava estagiar como professor, ele fez outro acordo na escola onde trabalhava como faxineiro e conseguiu uma vaga para lecionar em outra escola, sendo responsável por uma classe bastante problemática. Mas com seu carisma e atenção, quando ele terminou o estágio, sua classe era uma das que tinham as notas mais altas da escola.

Quando se formou em 2008, Sonnier passou de faxineiro a professor de uma classe da 4ª série da escola onde tinha já trabalhado como faxineiro. Outro homem o substituiu, mas Sonnier fazia questão de limpar sua própria classe. Enquanto lecionava, ele continuava seus estudos, conseguindo seu mestrado em liderança em educação.

Um dia, o diretor da escola se aposentou e “Gabe” foi contratado como diretor.

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Um dos membros da junta educacional da região disse sobre Sonnier: “Ele tinha suas prioridades bem definidas. Primeiramente criou sua família e trabalhou duro como faxineiro por 27 anos, sempre com seu sonho em perspectiva, especializando-se academicamente quando voltou a estudar somente aos 39 anos de idade. Ele educou seus filhos muito bem antes de buscar a própria educação”.

A escola Port Barre de Ensino Fundamental onde Sonnier é diretor tem cerca de 566 crianças, sendo 90% de famílias muito pobres, mas Sonnier é otimista. Ele chega às 6h da manhã e sai em torno das 6h da tarde. Esta é a mesma escola onde ele estudou enquanto garoto, foi faxineiro por 27 anos, professor por quase 12 anos, e agora, diretor.

Joseph “Gabe” Sonnier acompanhou o crescimento de toda a comunidade de Port Barre. A grande maioria dos adultos da região foram estudantes enquanto Sonnier era o faxineiro da escola. Hoje, como diretor, ele cuida dos filhos e netos daquela geração.

Numa entrevista recente, Sonnier disse que sua esposa sempre foi o pilar que o ajudou a resistir a todas as dificuldades. Ele disse: “Ela nunca me diminuiu ou se envergonhou de meu trabalho como faxineiro. Ela manteve sua cabeça erguida quando respondia onde eu trabalhava por todos esses anos. Uma grande qualidade para uma esposa”.

Foto cortesia KATC – Joseph G. Sonnier.

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C. A. Ayres

C. A. Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, pós-graduada em Jornalismo, Psicologia/Psicanálise. Visite seu website.