Cuidado com os idosos em tempos de seca – veja o ponto mais importante

A desidratação é perigosa para todas as pessoas mas os idosos são os mais afetados, saiba o por que.

Stael Ferreira Pedrosa

Todos sofrem com o tempo seco, comum no inverno. O frio desestimula a ingestão de água e é algo danoso para qualquer pessoa, especialmente para crianças e idosos, sendo pior ainda para estes últimos, que mesmo em períodos mais úmidos ainda estão em risco de desidratação.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostram que, em média, 5% dos atendimentos emergenciais de idosos são decorrentes de desidratação.

Existem três fatores que tornam os idosos mais suscetíveis à desidratação que o restante da população:

Diminuição da sensibilidade à sede

Acima dos 60 anos, as pessoas sentem cada vez menos vontade de beber água. A causa é uma diminuição no número de receptores corporais que controlam a sensação de sede. Porém, a necessidade de água no organismo não diminui.

Uso de medicamentos

É comum na velhice surgirem problemas de saúde como a hipertensão que, em alguns casos, demanda a utilização de diuréticos para o controle da pressão arterial. Com o uso destes medicamentos o idoso elimina mais água e está mais sujeito à desidratação.

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Baixa absorção de líquidos

À medida que o corpo envelhece, a absorção de líquidos se torna cada vez menos eficaz, facilitando a desidratação.

Problemas de saúde decorrentes da desidratação

O grande problema para os idosos, conforme dito acima é o estímulo orgânico, cada vez menor, para beber água. Os riscos podem ser graves, tais como vertigem e quedas, infecções no trato urinário, doenças pulmonares, pedras nos rins e constipação. Além disso, a falta de água pode agravar problemas cardíacos, aumentar a pressão arterial e provocar obstruções nas veias e artérias.

Nos diabéticos, especialmente os do tipo 2 (não insulinodependentes) os efeitos da desidratação são ainda piores. De acordo com Elcy Falcão, fundadora da Associação Pernambucana do Diabético Jovem (APDJ) e professora da Universidade Federal de Pernambuco, a falta de líquido suficiente faz com que os níveis glicêmicos (açúcar no sangue) aumentem, com isso, a frequência urinária também aumenta, piorando a desidratação.

Esse aumento da glicose causa a presença de cetonas no sangue, o que significa que o corpo não consegue utilizar a glicose para produzir energia, então o organismo “queima” gordura. Por isso pacientes com a glicose descontrolada, emagrecem.

Quando há excesso de cetonas no organismo, o sangue se torna ácido, isso se chama “cetoacidose diabética”, que pode levar à internação e, em casos mais graves, ao coma e até à morte.

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Sintomas de desidratação em idosos

Na maioria das vezes, a desidratação só dá sinais visíveis quando já está avançada. No entanto, é possível ver alguns sinais antes que piore, tais como o afundamento dos olhos e presença de olheiras, boca seca, pele ressecada, aumento da frequência cardíaca, cansaço, tontura, alteração de comportamento – como irritação, agitação, apatia e confusão mental – e fraqueza.

Quando não percebida a tempo, a desidratação se agrava, levando a desmaios e queda da pressão arterial. Diante desse quadro, o idoso deve ser levado à emergência e receber hidratação intravenosa (soro na veia) o mais rápido possível.

Evitar a desidratação é o melhor caminho

Como evitar

Se você é idoso (+ de 65 anos)

Deve se cuidar o mais possível, sabendo que a vontade de beber água não vai aparecer, tome água mesmo sem sede. Uma boa maneira é criar o hábito de sempre que passar pela cozinha beber um copo ou dois de água.

Caso sinta sede, siga o conselho do Dr. Lair Ribeiro, tome logo dois copos de água.

Muitas pessoas sentem aversão ao gosto da água, se for o seu caso, experimente colocar umas gotas de limão ou folhas de hortelã na água, tome chá de ervas, mas beba água e não sucos de frutas ou refrigerantes, mesmo os dietéticos. Bebidas alcóolicas pioram a desidratação.

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Algumas frutas ajudam a hidratar, tais como melancia e melão. Mas, se for diabético, não abuse, siga as recomendações de seu médico.

Não se esqueça dos exercícios físicos. Em período de seca os melhores são os esportes aquáticos: natação e hidroginástica. Preste atenção aos sinais que seu corpo dá: olhos secos, boca seca, urina escura, cansaço inexplicável e falta de apetite podem ser sinais de desidratação.

Se você cuida de um idoso

Inclua água pura na sua dieta, se ele se recusar a beber, dê sopas com bastante caldo, chás e sucos com mais água que fruta. Deixe água sempre ao alcance deste. Lembre-se de hidratar sua pele todos os dias, especialmente se for diabético.

Quando o clima estiver mais seco, coloque uma toalha molhada na janela ou nos pés da cama. Uma bacia com água embaixo da cama também ajuda. É benéfico molhar suas narinas com soro fisiológico e usar umidificadores de ar de vez em quando – usar todos os dias pode provocar mofo e piorar o problema.

É de suma importância conversar com o idoso e conscientizá-lo da necessidade de ingerir água (1,5 a 2 litros por dia) mesmo que ele não sinta sede.

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Algumas dicas podem ajudar:

  • Ao dar algum medicamento, dê com mais quantidade de água – 1 copo cheio.
  • Ao alimentar, dê água e não suco. Pode ser água de coco também.
  • Adapte a hidratação às condições deste, caso haja dificuldade para beber, use canudos ou seringas.
  • Em caso de diarreia, além de água, sucos naturais e água de coco, utilize o soro caseiro também: 1 litro de água filtrada ou fervida, duas colheres rasas de sopa de açúcar e uma colher rasa de chá de sal, dê uma colher de sopa de 15 em 15 minutos.
  • Mantenha o acompanhamento médico regular, bem como aferição da pressão arterial e da glicose.

É importante lembrar de não deixar os mais idosos se cuidarem sozinhos, eles não sentirão sede e correrão sérios riscos de saúde. Ainda que morem sozinhos, visite seus pais ou avós regularmente para verificar a ingestão de líquidos. Cuidado para não ser invasivo, diminuir sua autoconfiança em cuidar de si mesmos ou os infantilizar. Tenha tato e sensibilidade. Você pode estar salvando a vida deles.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.