Crise de perda de fôlego: quando a criança chora até desmaiar

Seu filho chora até desmaiar ou "se finar"? É assustador! Mas, calma! A "crise de perda de fôlego" não é grave. Entenda por que acontece e veja o que fazer.

Erika Strassburger

A primeira vez que vi uma criança “se finando”, como dizemos aqui no Sul, eu também era criança. Era uma menina da minha família, três anos mais nova que eu. Foi assustador, principalmente vendo sua mãe e irmãs correndo para acudi-la e tentar fazê-la voltar a si. Elas agiam como se fosse algo bem grave.

Depois de adulta, lembrei-me daquelas cenas e tentei entender do que se tratava. Cheguei a pensar que fosse uma convulsão. Até, anos depois, resolver “dar um Google” e descobrir que não é nada disso. Não é convulsão.

O que é, afinal?

Chama-se crise de perda de fôlego. Geralmente começa no primeiro ano de vida, indo até por volta de quatro anos. Apresenta um quadro clínico muito característico, ocorrendo de duas formas:

Forma cianótica

É a mais comum. A criança é contrariada, tem um acesso de raiva e começa a chorar intensamente. Durante o choro ela expira, expira, mas não inspira. Seus lábios e dedos vão ficando roxos e ela desmaia.

Forma pálida

Ocorre como reação à dor ou ao susto. A criança, por exemplo, bate a cabeça, fica pálida e desmaia.

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Ou seja, os fatores desencadeantes são frustração, raiva, medo ou dor. Um episódio dura de alguns segundos a, no máximo, dois minutos.

O neurologista pediátrico Antônio Carlos de Farias explica: “O mecanismo comum aos dois casos é a falta de oxigenação no cérebro, que leva ao desmaio. Tanto um quanto outro é um reflexo da imaturidade da criança”.

Essa crise é voluntária ou involuntária?

O doutor Antônio esclarece: “Se a criança entender que quando ela chora e perde o fôlego a família faz tudo o que ela quer, como dar um brinquedo que queria e que os pais anteriormente haviam falado que não, isso pode tornar a crise voluntária, principalmente do tipo cianótico. Isso acontece por ser comum que os pais tentem não contrariar a criança, com medo que ela desmaie de novo”. Por conta disso, alguns médicos chamam-na de “crise de birra“.

Outros médicos, por sua vez, dizem que embora esse comportamento seja considerado por muitos como meio de chamar atenção, não são intencionais, mas resultam de um reflexo involuntário e a criança não tem capacidade para controlá-los.

Isso é perigoso?

Independentemente de a criança ter capacidade ou não para provocar crises de perda de fôlego, a boa notícia é que é um fenômeno benigno, não deixa sequelas nem mata. Em raríssimos casos há algum problema grave associado. A maioria dos médicos nem sequer pede exames após uma crise. Em alguns casos, quando as crises são mais frequentes, eles podem pedir um hemograma ou querer investigar mais.

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Alguns estudos indicam que a anemia por deficiência de ferro e a deficiência de ferro sem anemia estão associadas a crises mais frequentes. Nestes casos, o tratamento com ferro ajuda a reduzir a frequência dos episódios.

O que os pais podem fazer ?

Quando seu filho der sinais de que vai ter uma crise, certifique-se de que ele esteja em um lugar seguro onde não se machuque se vier a cair. Em seguida, tente olhar para o outro lado e ignorar a situação. Fique calmo antes e depois da crise. Ficar irritado ou dar atenção exagerada à situação pode reforçar alguns dos comportamentos que levam `as crises.

Alguns especialistas dizem que dar uma assoprada no rosto do bebê quando ele começar a chorar pode interromper uma crise. Mas isso não funciona com todos os bebê, e pode não funcionar com crianças maiores.

Embora as crises de perda de fôlego sejam muito angustiantes e até traumáticas para os pais, geralmente não são um sinal de um problema sério, como já foi dito. Mesmo assim, é importante levar a criança ao pediatra na primeira vez que acontecer. Ele poderá ensinar você a detectar os gatilhos para poder evitá-los. E pedir algum exame, caso julgue necessário.

Leia também: 10 maneiras de acalmar um bebê chorão

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.