Criar filhos com boa autoestima é criar adultos felizes

Um filho é um presente que implica uma grande responsabilidade; como tal, deveria fazer o melhor para ele.

Erika Otero Romero

Há algum tempo, alguém me perguntou a razão pela qual não “quero” ter filhos. A verdade é que sempre quis ter filhos, mas tenho algo claro: só terei filhos se contar com as condições necessárias para poder criá-los.

As minhas “condições” ideais são as seguintes: ter um parceiro estável, ter estabilidade econômica e encontrar-me emocionalmente estável. A primeira é que não quero que um filho sofra a falta de seu pai; sei o quanto dói crescer desejando compartilhar tempo com um pai e não o ter. A segunda razão é que, para mim, é vital oferecer-lhe uma vida sem preocupações econômicas. Vi a minha mãe sofrer a angústia de não ter dinheiro suficiente para cobrir as necessidades escolares, e isto fez-me sofrer o suplício da discriminação porque “era pobre”. E a terceira é que, por causa de muitas situações difíceis que vivi quando criança, não me senti capaz de oferecer uma boa vida a um filho.

O que é um filho?

Francamente, incomoda-me que as pessoas pensem que um filho desempenha a função de “realizá-lo” como ser humano. Um filho não deveria ser uma meta que lhe dará o impulso que necessita para lutar. Um filho é um presente que implica uma grande responsabilidade; como tal, deveria fazer o melhor para ele, não para você mesmo.

Dar vida a um ser humano é fácil, o difícil é fazer um bom trabalho com essa criatura. Uma criança, mais do que coisas materiais, requer que o pai ou a mãe seja emocional e psicologicamente estável. É algo que poucos podem oferecer a um filho.

Todos os seres humanos que são pais cometem erros durante a criação de seus filhos. É natural, não se nasce com um manual que indique como criar um filho para que seja um adulto feliz. A questão é que tendemos a educar as crianças da forma como nos educaram. Além disso, eles aprendem indiretamente todos os nossos “traumas pessoais”.

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Você deve estar se perguntando como eles fazem isso. Pois bem, estes são alguns exemplos: quando diz a seu filho que não se vista de tal maneira que rirão dele. Também quando lhe diz para não subir em uma árvore porque, por ter pé chato, vai cair e quebrar um braço. Essas duas coisas podem acontecer, mas pode ser que não. A questão é que você permite que eles aprendam por si mesmos e não lhes incute seus medos; o que só gerará falta de confiança neles.

Ensine amor próprio a seus filhos

As crianças começam a desenvolver o amor-próprio com a idade de 5 anos. Isto deve-se ao fato de que, nessa idade, o conceito sobre a sua própria pessoa se intensifica; além disso, é uma idade típica na qual quase todos os pais ensinam autocuidado, apresentação pessoal e fazer com que outros o respeitem.

Também nessa idade é habitual que comecem a socializar mais; as relações interpessoais são parte vital da construção do amor próprio.

Talvez se pergunte como as relações com seus pares interferem na autoestima dos seus filhos. Pois digo-lhe que as crianças começam a ver-se refletidas em seus amiguinhos; além disso, querem fazer o mesmo que eles e se questionam se são capazes de fazê-lo. Além disso, as crianças buscam a aceitação de outras crianças, e medem isso no tratamento que recebem por parte delas.

É aqui que também as crianças recebem o reforço das suas capacidades por parte de seus pais. Quando diz ao seu filho: “bom trabalho!” Ou “você consegue!”, isso reforça a confiança pessoal deles.

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Como pode ver o desenvolvimento de uma boa autoestima não surge pelo autoelogio; mas pelo tipo de elogio que a criança recebe tanto de sua família como de outras crianças.

Criar uma boa autoestima em seu filho pode ser um desafio

Você pode supor que fazer seu filho desenvolver uma boa autoestima é fácil; entretanto, não é, e menos ainda se você não tem uma boa autoestima.

Muitos de nós crescemos com pais que acreditavam que a melhor maneira de nos fazer fortes era com palavras duras, castigos físicos e reprimendas em frente a outras pessoas. Sabemos que, longe de fazer-nos mais fortes, o que fez foi fazer-nos crescer com muitos medos e inseguranças. Você pode ser uma pessoa forte, capaz de se esforçar e de seguir em frente; ainda assim, você também reconhece que teria sido agradável se seus pais lhe dissessem que você era bom, inteligente e capaz do que se propusesse na vida. Isso teria tornado a sua vida mais fácil.

Enfim, o passado é algo que você não pode alterar, mas pode perdoar e curar. Você pode ajudar a si mesmo com afirmações que reforcem suas qualidades e habilidades diariamente, mas também uma terapia psicológica pode ajudá-lo muito.

Apesar disso, o modo como foi tratado quando criança não são desculpa para que os reproduza com seus filhos. Há maneiras de corrigi-los e conseguir que façam as coisas da melhor maneira possível sem compará-los com seus irmãos mais velhos ou seus amigos. Você pode ser tentado a usar as mesmas expressões que usaram com você, mas pare e pense antes de dizer algo ofensivo e fale com ele conscientemente; com certeza ele vai agradecer.

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Como ajudar o seu filho a desenvolver uma boa autoestima

Sempre que o seu filho lhe mostrar um desenho, diga-lhe o quão bom está, mesmo que se trate apenas de simples traços sem ordem. Diga-lhe o quanto o ama e o quanto acha que ele é talentoso e bom filho.

Estimule-o a desenvolver as suas capacidades; quando tropeçar e cair, não o recrimine nem lhe diga: “Eu disse que você ia cair”. É melhor dar-lhe a mão e ajudá-lo a tentar de novo até que ele atinja o seu objetivo. Diga-lhe sempre o que sente por ele e o quanto admira a sua forma de ser.

Mesmo assim, corrija-o quando ele estiver errado, e não permita que ele lhe desrespeite como forma de tentar que desenvolva seu amor-próprio. Se precisar corrigi-lo e dar-lhe um castigo, não hesite em fazê-lo; o amor próprio não é incompatível com a orientação e correção a tempo.

Só me resta dizer que não importa quantas feridas tenhamos em nossa autoestima, sempre podemos ser melhores, apesar da dor.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Criar hijos con buena autoestima es crear adultos felices

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.