Crianças ficam mais birrentas se consomem suco de caixinha e doces

Suco de caixinha, doces e birra infantil. Qual a relação entre eles?

Stael Ferreira Pedrosa

Que glicose em sua forma simples (açúcar) é altamente prejudicial ao organismo em altas doses, já é sabido por pais e pessoas que desejam bem-estar e saúde para si e seus entes queridos. No entanto, pesquisas têm ido ainda mais longe em relação aos males causados por este “nutriente”.

Seja qual for o nome – glicose, frutose, mel ou xarope de milho – essa substância é encontrada em até 74 por cento dos alimentos embalados nos supermercados. É realmente uma ameaça à saúde física e mental de nossas crianças, já que a maior parte dos alimentos açucarados têm os pequenos como consumidores principais.

Uma pesquisa de 2012, feita com ratos na Universidade Califórnia Los Angeles, descobriu que os ratos que ingeriam maior quantidade de frutose, tinham suas ligações sinápticas (comunicação entre as células cerebrais) comprometidas.

Também se observou que os ratos submetidos a altas doses de frutose desenvolveram resistência insulínica. A insulina é um hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue e regula a função das células cerebrais. Sem a presença da insulina dentro das células as conexões sinápticas ficaram menos eficientes, causando falhas na formação de memórias bem como prejuízos na capacidade cognitiva.

O efeito nas crianças

Além de dificuldades escolares, os pequenos podem ter outros problemas relacionados ao açúcar. Entre estes, irritabilidade, alterações de humor, confusão mental e cansaço. Isto ocorre porque, no indivíduo normal, ao ingerir um doce ou refrigerante, o nível de açúcar no sangue aumenta. O pâncreas libera mais insulina para levar esse açúcar para dentro das células e armazenar em forma de glicose (o que pode levar à obesidade). Como a produção de insulina foi estimulada por excesso de açúcar, isso causa uma queda repentina dos níveis de açúcar no sangue. Quando o açúcar no sangue, inevitavelmente, cai outra vez há um “choque”, você pode se sentir ansioso, temperamental ou deprimido. Também pode causar tremores e sensação de fome em indivíduos com a saúde já comprometida, (hipoglicemia).

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Por isso se a criança tem o hábito de consumir suco de caixinha, refrigerantes ou doces, essas quedas podem ser constantes, e a irritabilidade será expressada em forma de birras, choro, inquietação, ansiedade e temperamento instável.

De acordo com o médico Datis Kharrazian, especialista em medicina funcional e autor do livro “Por que o meu cérebro não funciona?”, o humor instável é devido ao açúcar ser estimulante do hormônio serotonina, que faz a gente se sentir bem depois de comer um pedaço de bolo de chocolate bem recheado. No entanto, a ativação excessiva e constante de nossos neurotransmissores, que são limitados, pode contribuir para o mau humor e sintomas de depressão.

Alzheimer tem a ver com açúcar?

Pesquisas têm demonstrado o alto grau de dano que o açúcar causa ao cérebro, inclusive, segundo vários pesquisadores, o Alzheimer, que já está sendo chamado de Diabetes tipo 3. A pesquisa “oferece mais evidências de que o cérebro é um órgão-alvo para os danos de açúcar elevado no sangue”, disse o endocrinologista Dr. Medha Munshi ao New York Times.

Se vocês, pais, têm enfrentado problemas constantes com crianças e adolescentes irritados, mau humorados, temperamentais e com distúrbios de aprendizagem, verifique a quantidade de açúcar em seus hábitos alimentares. É recomendado o máximo de 25 gramas diários a partir dos 2 anos de idade, antes disso nenhum grama.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.