Como o ciúme sufoca o amor

É importante refletir sobre as origens do ciúme e como ele pode ser prejudicial em uma relação amorosa, a fim de aprender a lidar com ele e manter a serenidade que o verdadeiro amor propicia.

Suely Buriasco

Interessante a afirmação da psicanalista Regina Navarro Lins no artigo Possessividade e ciúme: “Alguns consideram o ciúme universal, inato. Outros, entre os quais me incluo, acreditam que sua origem é cultural, mas é tão valorizado, há tanto tempo, que passou a ser visto como parte da natureza humana“. O ciúme não é, como muitos ainda acreditam, atributo do amor. A experiência comprova que o ciúme prejudica as relações amorosas tão intensamente quanto se manifesta.

Insegurança

Todo ser humano passa por períodos em que se encontra mais ou menos inseguro. Ninguém é totalmente seguro o tempo todo e em todas as situações. Isto é, até certo ponto, natural, desde que a pessoa busque sair dessa condição, enfrentando e vencendo seus medos. Entretanto, pessoas que vivem em estado de insegurança cultivam pensamentos e ações negativas e o ciúme é uma dessas manifestações. Pessoas com histórico de traição, rejeição ou abandono possuem tendência maior a sentirem-se ameaçadas pela perda. O ciúme em exagero é consequência da insegurança e sinal de que a autoestima está em níveis baixos.

Apego

Pessoas controladoras tendem a ser muito ciumentas com os que dedicam afeto, não por amor, mas por sentimento de posse. Muitos se desculpam dizendo que é demonstração de zelo, mas na verdade é uma forma nociva e egoísta de reter, vigiar e reprimir. O que move o apego é a vontade sem limites de querer controlar o parceiro ou parceira e disso resulta um comportamento sufocante que desestabiliza a relação amorosa. Daí surge o chamado “amor pegajoso” que muito pouco tem desse sentimento sublime e mina qualquer possibilidade de vida equilibrada a dois. A prática do desapego é como um filtro que purifica o sentimento e mantém no casal a vontade de compartilhar e de estar junto.

Amor

Não há como definir de forma simplista os sentimentos. A complexidade do ser humano não é algo que se explique por formulas, assim como não há receitas prontas para desenvolver bons relacionamentos. No entanto, muito se pode fazer a partir do conhecimento de que o homem se sente feliz quando em equilíbrio e, nessa busca, a experiência e o estudo de especialistas ajudam muito. O fato é que o amor quanto mais próximo da essência humana, mais puro se torna. E sendo a liberdade um anseio natural, nada que sufoque, que prenda ou intimide pode ser confundido com esse sentimento. O amor liberta, compartilha, acrescenta e, ao dividir-se, multiplica-se gentilmente, docemente e incondicionalmente.

Liberdade

O amor tem seus próprios atributos e refletir sobre esse sentimento é o caminho para encontrar a segurança capaz de mantê-lo com a serenidade que lhe é próprio. Assim, quando amar, permita que o ser amado seja livre, não queira controlá-lo ou determinar o que ele pode ou não fazer. Fuja do engodo do apego. Quanto mais você tentar prender alguém, mas cedo você o perderá. Respeito à individualidade é um quesito fundamental nos relacionamentos sadios; assim, direcione suas energias por se tornar uma pessoa cada vez mais interessante e tenha certeza de que quem você ama estará sempre a seu lado por vontade própria.

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Lembrando o filósofo Grego Hermógenes: “Medo se vence com segurança. Apego se vence com renúncia. Aversão se vence com amor“.

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Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.