Como escolher onde deixar seus filhos dormirem fora de casa

Veja o que levar em consideração na hora de decidir onde seus filhos podem dormir.

Erika Strassburger

A primeira noite dos filhos fora de casa é angustiante para a maioria dos pais. Eles tendem a se sentirem as melhores pessoas do mundo para cuidarem de seus próprios filhos. Para muitos, este é um grande exercício de desapego.

Os primeiros lugares, fora de casa, onde as crianças recebem permissão para dormir são na casa de avós e tios. Isso acontece, às vezes, muito cedo. Quando chega a hora de dormir na casa de amiguinhos, entretanto, a situação complica. Muitos pais relutam bastante em permiti-los. Algumas crianças acabam tendo esse tipo de experiência muito tarde, tamanha a dificuldade de desapego dos pais.

O psicanalista Raymundo de Lima fala que, apesar de os pais terem lá suas razões para adiarem essa decisão, essa separação é inevitável. Ele afirma: “Penso que ao dizer ‘não’ (…), os pais podem estar escondendo sua própria dificuldade de

desapegar-se

da criança. Não deixam mais por motivos subjetivos que objetivos. Na verdade, querem evitar o sofrimento deles de se verem separados dos filhos queridos. Dizendo ’não’, tentam retardar a angústia de separação ou perda temporária. Só que isso é inevitável. Um dia, vão sofrer essa dor com a entrada do(a) filho(a) na faculdade, com o casamento, quando tiver que morar em outra cidade ou outro país. Ou seja, se os pais souberem enfrentar as pequenas separações desde cedo, e também preparar os filhos para o mundo cheio de perigos que aí está, mais tarde poderão ter

sabedoria

para superar situações de perdas mais extensas e profundas.”

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Este site publicou um artigo Dormir Fora de Casa, onde aborda a reação das crianças quando estão longe dos pais. Enquanto para algumas é um momento tranquilo e divertido, outras podem sentir “medo, calafrio, insegurança e querem voltar para casa de qualquer maneira. Para algumas famílias buscar o filho que foi dormir fora é uma atitude frequente”.Nessa matéria, a psicóloga infantil Fabiana Fernandez explica: “O convívio social é sempre um fator interessante para o desenvolvimento na infância. Dormindo em outra casa, ela vivencia outros momentos, conhece outras regras e vai se adaptando ao mundo”.

É importante para a autonomia da criança que ela tenha experiências dormindo fora de casa. As oportunidades variam desde excursões, acampamentos, noites do pijama a simples passeios na casa de parentes, amigos ou vizinhos.

O que devemos levar em consideração ao decidir onde ela pode pernoitar? Observe:

1. Segurança

Para saber se seu filho estará em segurança, verifique o seguinte:

a) Os pais dos amiguinhos são pessoas responsáveis?

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b) Há uma quantidade suficiente de adultos responsáveis para cuidar do número de crianças que participará do evento?

c) As áreas de risco do local estão isoladas ou protegidas (piscinas, janelas, sacadas, canil, açudes, rios, etc.)?

d) Haverá pessoas desconhecidas no local? Quem são elas?

2) A distância

O ideal é que, nas primeiras vezes, a crianças durma em locais mais próximos de casa, de forma que você poderá buscá-la a qualquer hora, caso ela desista de dormir lá.

3) Padrões de comportamento

Uma das coisas que mais preocupa os pais é se as pessoas, sob cujos cuidados a criança ficará, comportam-se de forma adequada. Se as músicas, as programações que assistem, o linguajar, os hábitos de alimentação e o comportamento de uma forma geral, são condizentes com os costumes da criança.

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4) Regras do local

Se você tem regras na sua casa e espera que seu filho continue seguindo-as, mesmo quando estão em outro lugar, é importante avaliar esse quesito. As regras podem estar relacionadas ao horário de dormir, alimentação, rotina, etc.

Ao avaliar os fatores acima, você ficará mais seguro na hora de tomar uma decisão. Entretanto, mesmo depois de uma escolha cuidadosa, convém observar o comportamento de seu filho a partir do momento em que ele começa a dormir fora de casa. Infelizmente, não tem como garantir que ele esteja totalmente livre de ser vítima de abuso sexual. Por isso, fique atento aos seguintes sinais:

  • Machucados, vermelhidão, sangramento ou dor inexplicáveis nos órgãos genitais.

  • Corrimentos ou fluidos leitosos nessa área.

  • Comportamento sexual: faz encenação com os brinquedos, quer tocar a sua parte íntima e/ ou as das outras crianças, fala sobre o assunto.

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  • Nomes novos para partes íntimas do corpo.

  • Dificuldade para dormir.

  • Medos que não tinha antes: de dormir sozinho, do escuro, de monstros.

  • Problemas relacionados à alimentação: perda do apetite, dificuldade de engolir, dores estomacais.

  • Mudanças bruscas de humor: introspecção, medo, raiva.

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  • Medo de ficar sozinho.

  • Medo de pessoas e lugares.

  • Regressão no comportamento.

  • Receber brinquedos ou dinheiro de presente: sem justificativa.

Alguns sintomas isolados podem aparecer em momentos estressantes da vida, como divórcio, morte de alguém querido pela criança ou problemas na escola. No entanto, vários deles ao mesmo tempo, é uma indicação de que você deve se preocupar.

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Lembramos que os abusos sexuais podem ocorrer mesmo durante o dia. Por isso, dormir fora de casa, por si só, não aumenta os riscos de que isso aconteça. O importante mesmo são as pessoas que ficarão com nossos filhos. Tente saber o máximo que puder sobre elas.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.