Como definir o amor verdadeiro de acordo com a ciência

O que você acha que os cientistas dizem sobre esse sentimento? Será que a ciência comprovou se existe ou não o amor verdadeiro? Existe o hormônio da fidelidade?

Myrna del Carmen Flores

O poeta E. E. Cumings disse “Quase todos podem aprender a pensar ou a acreditar, mas nenhum ser humano pode ser ensinado a sentir. Porque quando você pensa ou acredita, muito de você pertence a outros; mas no instante em que você sente, é apenas você mesmo”.

De fato, a maneira que cada ser humano reage diante de um sentimento é uma característica que diferencia um do outro. Cada pessoa, por exemplo, vive o amor em casal de uma forma diferente. Mas então, o que é esse amor? Como podemos definir o amor verdadeiro? Eu gostaria de analisá-lo de um ponto de vista científico.

A neurociência explica o amor de uma perspectiva química. Foi descoberto que no amor, o corpo libera substâncias que provocam diferentes reações, principalmente a dopamina, a serotonina e a ocitocina. A doutora Helen Fisher (professora de antropologia e investigadora do comportamento humano na Universidade Rutgers), assim como Bianca P. Acevedo e Arthur Aron (doutores em psicologia da Universidade Stony Brook em Nova York) têm estudado o amor romântico a partir de um ponto de vista científico durante muitos anos. Seus estudos deram lugar a conclusões importantes, algumas das quais tem sido amplamente divulgadas; no entanto, há interpretações sobre os resultados nas quais eu gostaria de me aprofundar.

O amor só pode durar três ou quatro anos?

De acordo com as pesquisas de Fisher, no início da relação, o cérebro segrega substâncias como a dopamina ou a serotonina que provocam reações muito fortes. Quando os apaixonados observam a pessoa de seu interesse a produção de dopamina aumenta e se associa com uma energia excessiva, euforia, e atenção focada no amado assim como um aumento de serotonina que aumenta a felicidade.

No entanto, seria impossível viver sob o domínio desses hormônios por um período longo.

Advertisement

Esta etapa pode durar somente três ou quatro anos. Pois, como expliquei em um outro artigo, o amor passa por seis fases. Vale esclarecer, que é o início do amor que provoca a liberação desses hormônios, e não estes que provocam o amor, como alguns afirmam. Pois, tal como afirma a própria Dra. Fisher, “Você e eu somos mais do que só substâncias químicas, somos seres pensantes com um acúmulo de experiências, valores, ideias e lembranças, as quais compartilham com as substâncias químicas a responsabilidade da etapa do desejo, ligação (proximidade) e romance”. A primeira etapa do amor pode terminar como uma simples paixão ou continuar até chegar a ser um amor verdadeiro.

O amor é uma droga?

Quando as pessoas têm uma dose baixa de seretonina, podem sentir depressão em algum nível. De acordo com a Dra. Fisher, uma pessoa apaixonada que tem uma baixa na produção de serotonina, sentirá uma dependência à presença de seu amado. Algo como uma síndrome de abstinência. Ao estar apaixonados, os níveis altos de dopamina, além de aumentar (o hormônio do desejo sexual), produzem euforia, dependência e interesse, que são sintomas parecidos ao de um vício; em contraste com um nível baixo de serotonina que causa decaimento, por isso ao não estar junto a essa pessoa e deixar de sentir a euforia, o baixo nível de serotonina irá causar uma obsessão por estar com a pessoa amada. Mas em uma pessoa com níveis normais de serotonina não ocorrerá esse processo. Ela verá o amor de uma maneira mais tranquila, mais real.

O amor duradouro realmente existe?

Em um estudo recente, os pesquisadores mencionados anteriormente junto à neurologista Lucy L. Brown (Faculdade de Medicina Albert Einstein) comprovaram que o amor pode durar uma vida inteira e alcançar relacionamentos mais felizes e saudáveis. O amor e a paixão não são a mesma coisa: ambos compartilham a intensidade, o compromisso e a química sexual, mas o amor não tem a obsessão e ansiedade que caracteriza a paixão.

O estudo realizado por esses três doutores sugere que experiências novas e satisfatórias entre o casal pode provocar a produção de dopamina, que seria algo como apaixonar-se de novo. Outro segredo dos relacionamentos duradouros, de acordo com Dra. Fisher, é prolongar as “ilusões positivas”. Ou seja, ver sempre o lado positivo do(a) companheiro(a) de vida, o que de alguma forma ajuda a estarem satisfeitos com o relacionamento.

A ocitocina é uma droga que ajuda a fidelidade?

De acordo com a edição de 14 de novembro de 2012 do “The journal of Neuroscience”, o Dr. René Hurlemann sugeriu que é possível que o hormônio ocitocina ajude à fidelidade dentro dos relacionamentos em casal. Esta substância é o detonador do parto, facilita a lactação, além de ser o hormônio que ajuda a criar apego emocional. O hormônio foi administrado a um grupo de homens em um spray nasal, 45 minutos depois lhes apresentaram mulheres atraentes. Foi pedido a eles que se colocassem a uma distância delas que lhes parecesse confortável. Era esperado que se aproximassem mais, mas aconteceu o contrário entre os homens que tinham um relacionamento estável, não com os solteiros. Ainda faltam muitas investigações a serem realizadas sobre essa hipótese. No entanto, a Dra. Fisher diz que uma forma de estimular a produção de ocitocina no casal é tocando-se, ficando de mãos dadas enquanto assistem TV, uma massagem suave ou dormir um nos braços do outro.

Advertisement

O importante, no entanto, mais do que saber que substâncias ou hormônios nosso corpo secreta quando estamos apaixonados, é saber que o amor é verdadeiro e pode durar toda a vida, se somente fizermos o possível para conceder ao nosso(a) parceiro(a) momentos inesquecíveis. Afinal de contas, como diz a Dra. Fisher, “Você pode conhecer todos os ingredientes de uma torta de chocolate e ainda assim achar que ela é deliciosa”.

Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original Cómo definir el verdadero amor, según la ciencia, de Myrna del Carmen Flores.

Toma un momento para compartir ...

Myrna del Carmen Flores

Myrna del Carmen Flores é professora de inglês e mãe de dois jovens.