Como conversar sobre religião sem fazer com que as pessoas sintam-se desconfortáveis

Dizem que religião e política não se discutem. Eu não concordo. Deve-se discutir sim. São assuntos importantes. A questão é como discutir.

Stael Ferreira Pedrosa

Falar sobre religião costuma tornar-se uma discussão sobre quem está certo e quem está errado. Certamente não é esse propósito que Cristo tinha em mente ao comissionar seus apóstolos:

“E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. (Atos 1:8)

Ele usou a palavra “testemunhas”, ou seja, aquele que testemunha sobre algo, que viu algo e pode atestar sua veracidade. Ele não instruiu que fossem pelo mundo “discutindo” sua doutrina.

Leia: Compartilhando suas crenças com outras pessoas

O educador e religioso Jeffrey Holland diz:

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“Devemos agir com cortesia e de forma adequada, (…) temos a responsabilidade de servir como testemunhas de Jesus Cristo, ’em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares’ para proclamar, da forma que nos é peculiar, a grande causa para a qual Cristo nos chamou.”

O “x” da questão

O grande problema quando as pessoas querem compartilhar suas crenças, é a tentativa de fazer parecer que a crença do outro é errada e então demovê-lo da sua crença original e trazê-la para a crença daquele que se acha “certo”. Isso não funciona. Só traz o debate, a defensiva e o fechamento dos ouvidos, mente e coração daquele que é interpelado dessa forma.

Sensibilidade x intolerância

Assim como não queremos que outros desfaçam de nossas crenças, não devemos fazer o mesmo com aqueles a quem iremos falar de nosso credo. Devemos ser sensíveis e delicados ao tratar de assuntos que afetam emoções alheias. Em nada acrescenta à espiritualidade, o debate, o confronto e a “prova” de que se está certo ou que a “minha religião” é melhor que a sua.

Exemplo

Se quisermos conversar sobre nossas crenças devemos fazê-lo como o Salvador fez. Ele nunca se envolveu em um acalorado debate nem tentou impor suas crenças. Ele dizia: Vem e segue-me. Ele era o exemplo vivo das virtudes que todos deveriam ter.

Ele disse:

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“Vós sois a luz do mundo (…) Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:15.

A luz não exige que sua iluminação seja aceita e nem tenta provar que sua luz é melhor que outra, ela apenas ilumina.

Assim, nossas atitudes para com aqueles que nos rodeiam falarão mais sobre nossas crenças que nossas bocas.

Leia: O que levar em conta na hora de escolher uma religião

Simplicidade

Ao falarmos com os outros o façamos amigavelmente, como uma conversa. Não tentem convencê-los de seus “erros” e nem os chame ao arrependimento. Fale sobre o que você acredita de maneira simples, amigável. Seu entusiasmo, sua alegria em crer pode ser a maneira de levar outros a querer conhecer o motivo de sua fé. Mas, não se esqueça de ouvir também.

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Real interesse

Quando o médico quer nos curar, ele começa perguntando o que sentimos ou onde dói. Então ele pode dar um diagnóstico e a cura. Assim sejamos com aqueles a quem queremos compartilhar o evangelho. Interesse-se por seus problemas, por seus sentimentos, deixe-os falar, sem ficar perguntando em excesso. Deixe-os dizer-lhe “onde dói” e talvez a cura esteja em sua crença. Ouça o Espírito e então a ofereça como for inspirado.

Edificar sobre crenças comuns

Se você trabalha como missionário, uma boa maneira de começar a compartilhar o evangelho é através de edificar sobre crenças comuns. Por exemplo, todos os que buscam falar sobre o evangelho creem que há algo superior a nós. Essa é uma crença comum. A conversa poderia girar em torno de: Você acredita em Deus? Crê que somos seus filhos? Crê que Ele nos ama e quer que voltemos a viver com Ele? Crê que Jesus Cristo foi enviado por Ele? É um bom começo para introduzir o ensinamento que deseja compartilhar.

Busque sabedoria do alto

Cada alma tem um imenso valor para Deus e assim devemos vê-las. Se tiver isso em mente e orar para que Deus lhe mostre a quem falar e como falar, lhe será dada a porção necessária de entendimento, amor, respeito e sensibilidade que Deus concede àqueles que O buscam de coração e real intenção.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.