Chaves para o ensino no lar e como não desistir de tentar

Escola em casa ou homeschooling é algo possível? Se está pensando em ser o professor de seus filhos, você deve conhecer os segredos do ensino domiciliar para não acabar desistindo de tentar.

Emma E. Sánchez

Em 2020, após a paralisação do trabalho econômico e produtivo em quase todos os setores do país a fim de evitar a propagação do contágio do coronavírus, uma crise econômica global começou a se formar. Para os países da América Latina e para todos aqueles cujas economias e formas de governo não possuíam um plano de resgate diante da contingência, as coisas ficaram bastante complexas.

Um dos últimos setores a ser atingido pela crise econômica foi o da educação. Uma vez que os governos estaduais definiram que praticamente todo ano letivo 2020 deveria ser à distância (ou seja, por meio de aulas online), outra estocada foi dada a diversos negócios relacionados à educação.

A crise que se transformou em mudança

As escolas maiores e de status socioeconômico mais elevado puderam resistir um pouco mais, mas com elas começou a deserção de famílias que, buscando cuidar de suas finanças, matricularam seus filhos em escolas um pouco mais baratas ou em escolas públicas.

Começa assim um declínio até chegar às pequenas escolas que devem fechar, porque os pais e alunos a quem prestavam os seus serviços simplesmente já não podiam pagar, por perderam seus empregos, provocando, em alguns lugares, a saturação dos serviços públicos de ensino.

Em meio a tudo isso, muitos pais começaram a analisar o ambiente e se perguntar: “Será que vale a pena pagar uma escola por tão poucas horas de atendimento online?”, além do fato de que nem todos se animam a experimentar a ensino pública.

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Então vem o grande dilema e a dúvida existencial, será que consigo educá-los em casa? E se eles não forem à escola até o final do ano? Devo contratar um tutor? Será que conseguirei sozinha? O ensino que está recebendo em casa será validado? Ele conseguirá passar de ano?

“Homeschooling” ou “educação domiciliar” como uma opção

Agora, deixe-me compartilhar com vocês algumas ideias e reflexões sobre este tipo de educação para que você possa tomar as melhores decisões para você e seus filhos.

O que é homeschooling ou educação domiciliar?

Esse tipo de educação é muito popular nos Estados Unidos, pois sua lei educacional permite que os pais ensinem seus filhos e de modo que não precisem ir à escola todos os dias. As crianças devem estar inscritas na zona educacional onde moram, tendo direito a receber materiais e fazer exames periódicos para receber suas certificações e continuar cada etapa de seus estudos. O pai entende que sua base é o programa de educação vigente em seu estado e que a partir daí serão avaliados.

Essa forma de estudo e educação é preferida por alguns grupos religiosos, famílias que vivem muito longe da escola ou por famílias que simplesmente decidem assumir a educação formal de seus filhos e não apenas sua criação.

No México, por exemplo, não é uma forma de educação reconhecida até o momento porque aqui a lei diz que “todas as crianças devem frequentar a escola e ser educadas pelo Estado”. A verdade é que o estado não tem essa capacidade real e há muitos anos muitas famílias, por motivos diversos, optam pela educação em casa.

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Nota do Editor:  no Brasil, há um projeto de homeschooling a nível nacional em andamento. A nível local, o município de Cascavel, no Paraná, foi o pioneiro no país a aprovar um projeto para regulamentar esse método de ensino.

A educação domiciliar é um estilo de vida, não uma moda passageira

Educar os filhos no dia a dia já é uma tarefa difícil, sentar-se com eles e fazer a lição de casa é uma amostra de tempo e energia que devem ser dedicados. A paciência é o dom que é desenvolvido e tudo no lar está voltado para o aprendizado dos filhos.

Deve haver horários específicos para as aulas, você os estabelece, é verdade, mas esse tempo deve ser focado nas aulas, não em fazer comida, cuidar do trabalho, receber visitas ou ver TV. Sua casa deve se tornar um centro de aprendizado durante as horas que você determinar para trabalhar com seus filhos.

É uma responsabilidade, um modo de vida e um compromisso sério. O futuro de seus filhos não é brincadeira.

Posso ser professor(a) deles?

Apenas você tem essa resposta. Em minha experiência, tenho encontrado casos muito agradáveis ​​e surpreendentes de pais que, sem terem noção de pedagogia, foram os melhores professores que os seus filhos precisavam. Vi isso especialmente na educação em hospitais; isto é, quando os pequenos precisam passar longos períodos hospitalizados ou em confinamento por razões médicas e, obviamente, que podem ser educados. Por outro lado, vi muitos muitos outros entrarem em colapso tentando.

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Minha resposta seria: você se considera adequado para o cargo? Você está disposto a aprender e ser paciente com seus filhos? Você nunca deve colocar sua relação com eles de pai à frente do aprendizado.

Eu o(a) encorajo a experimentar por dois meses, planeje, organize-se e peça conselhos a um professor; talvez dentro de você haja um grande docente.

Se não quiser se arriscar por um momento sequer, contrate um tutor ou um serviço de regularização.

É muito caro um tutor ou um centro de regularização?

Neste tópico eu recomendo que você defina quantas horas você precisa que seus filhos fiquem com um tutor, por exemplo, você pode dar as aulas na semana e o tutor avaliar, regularizar ou consolidar o aprendizado uma vez por semana.

Há pais de várias famílias se estão se organizando para pagar um professor em um turno completo para seus filhos receberem lições em casa.

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E o atestado ou certificado de conclusão?

Para obter o atestado de conclusão ou certificado de seu filho, você deve ir à Secretaria de Educação de sua região, se morar em um país em que o homeschooling já está regulamentado.

E se ele perder o ano letivo?

Nota do editor: No Brasil, até que seja sancionada uma lei que regulamente a educação domiciliar, “os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”, segundo o Artigo 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90, podendo responder judicialmente por “abandono intelectual” se descumprir a lei. Devido à situação atípica que estamos vivendo, ainda não há um consenso no meio jurídico sobre como penalizar os pais culpados de “abandono intelectual” durante a pandemia.

Cuidado: não insistir com a educação domiciliar, principalmente de adolescentes e pré-adolescentes, pode fazer com que eles corram o risco de perder não apenas o aprendizado acadêmico, mas de adquirir maus hábitos, vícios e corromperem suas mentes se não houver desafios intelectuais para eles.

Meu lema: “Mente vazia é a oficina diabo.”

Por favor, escreva-nos e compartilhe seus planos e experiências sobre o assunto, certamente alguém irá achá-los muito úteis.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Claves del Homeschooling y cómo no sucumbir en el intento

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Emma E. Sánchez

Pedagoga e terapeuta de família e de casal. Casada e mãe de três filhas adultas. Apaixonada por Educação e Literatura. Escrever sobre temas familiares para ajudar os outros é minha melhor experiência de vida.