Breadcrumbing e ghosting: 2 dolorosas maneiras de “amar” e dizer adeus sem se comprometer

O amor não é um jogo; por isso, quem joga com alguém que o ama, não vale a pena ser lembrado. Estão brincando com você?

Erika Otero Romero

Nada é mais terrível do que viver em estado de constante incerteza. É como estar flutuando no vazio, sem uma plataforma na qual aterrissar e sem um limite que se possa superar.

Quando se ama alguém, o que se faz é confiar nessa pessoa e esperar que não nos parta o coração. Ainda assim, muitas vezes acontece que as pessoas não desejam ter uma relação sentimental séria. É normal que essas intenções sejam comunicadas, mas isso não acontece.

É simples ser honesto e dizer que não se deseja ter uma relação sentimental. O problema é que muitas pessoas preferem evitar ou mentir, para elas isso é igual a não ferir; estão gravemente enganadas.

Isso de preferir “uma mentira que nos faça rir a uma verdade que nos faça chorar” é cruel. Ninguém merece viver enganado, no entanto, essa é a “moda” agora.

O que é o Ghosting?

As redes sociais trouxeram consigo múltiplas maneiras de nos relacionarmos. Não há nada de errado com isso, é ótimo que possamos conhecer centenas de pessoas de muitas partes do mundo.

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O problema surge quando as pessoas se dão a oportunidade de ter relacionamentos à distância. Para aqueles que realmente se sentem comprometidos, isso não é um problema; no entanto, há aqueles que depois de estabelecer uma relação aparentemente séria, do nada desaparecem. Eles não dão uma explicação ou um porquê; isso deixa o “outro” com uma forte sensação de incerteza.

Ghosting é apenas isso, estabelecer uma relação e depois desaparecer da “face da terra” sem uma razão aparente.

Por que há pessoas que agem assim? A verdade é que não o sabemos. Cada um pode ter suas razões, mas nada justifica romper o coração de alguém dessa maneira.

Breadcrumbing ou amor a conta-gotas

Esta é uma outra forma inovadora de estabelecer relações sentimentais. O cenário típico em que se torna mais evidente essa nova “forma de amar” são as redes sociais.

Breadcrumb é um vocábulo inglês que, traduzido, significa “migalha de pão”. É dessa maneira que mostram afeto: como migalhas de pão. O breadcrumbing não é mais que “dar mostras de afeto como se se dessem pequenas migalhas de pão”. A intenção é manter a pessoa viciada em uma “relação amorosa” que nunca vai avançar.

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O que tem de semelhante?

Para começar, é imoral tratar outro ser humano dessa maneira. Quando a pessoa tratada dessas duas formas não ama, não haverá maiores inconvenientes; porém, quando se ama quem abandona sem razão ou quem lhe dá amor pela metade, sofre-se de maneira indescritível.

Segundo, esses tipos de situações também surgem em relações onde não há uma tela entre ambos. Pode acontecer que um dia você esteja em um relacionamento e para você tudo está bem; ainda assim, uma das partes pode decidir desaparecer para evitar “o drama do rompimento”. Há também as relações sentimentais onde as demonstrações de afeto são dadas “pouco a pouco”. E a dor em ambos os casos é igual. A sensação de traição é a mesma.

O amor não é um jogo

Amar e ser correspondido é algo maravilhoso; por isso, quando se inicia uma relação, o que menos se espera é ser vítima de um jogo cruel.

Quão difícil pode ser dizer a alguém que já não se quer estar com ela ou ele? Pode ser complicado, mas é um sinal de respeito enfrentar corajosamente a separação.

Por que dar misérias de afeto? Se não se está convencido de que quer estar com essa pessoa, simplesmente termine a relação. Isso é melhor do que jogar com quem possivelmente está apaixonado.

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Agora, se alguém pensa que vai sair ileso desta situação, há um grande problema nisso. A vida é uma roleta: hoje você é quem joga com o amor de alguém; amanhã pode ser você a vítima da sua própria invenção.

O que fazer diante dessas situações?

Se você é vítima de ghosting ou de breadcrumbing, em ambos os casos, o melhor é colocar um ponto final. Não se interesse em procurar essas pessoas. Muitas vezes, o nível de narcisismo delas é tal que precisam humilhar os outros para serem felizes.

Nada fala mais mal de alguém do que zombar de quem o ama. Esse tipo de pessoa não merece nem mais um segundo da sua dor. O que se deve fazer é admitir que se alguém está desaparecido há mais de duas semanas, não vai voltar mais.

Fechando o ciclo por meio da cadeira vazia

Diante desta situação, o que recomendo é a técnica da cadeira vazia. Basicamente, é sentar-se em frente a uma cadeira vazia e visualizar que quem partiu seu coração está ali sentado. Quando você conseguir “vê-lo”, então comece a dizer-lhe tudo o que você sente e pensa. Não importa se saírem palavras que jamais pensou em dizer; o que importa é expressar e eliminar sua dor, desabafe e diga-lhe adeus. Acredite em mim, funciona e ajuda você a se curar.

No caso de ser vítima de breadcrumbing, o que recomendo é que confronte essa pessoa sobre o tipo de tratamento que ela dá a você. Lembre-se de que impor limites regularmente faz com que quem se aproveita de você fuja.

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Ninguém quer ser desmascarado; por isso, enfrentá-lo o faz perceber que você não é bobo. Essa pessoa saberá que você já não está disposto a deixar que ela brinque com você. Isto fará com que vá embora ou mude de atitudes, então, será você quem decidirá se segue nessa relação ou busca uma pessoa capaz de amá-lo como merece.

O amor não é sinônimo de sofrimento. Amar não é fácil, mas tampouco é permitir ser magoado. Quando se ama, é preciso ter certeza do que se procura em uma relação. Não baixe suas expectativas por medo da solidão. Se alguém não o ama como você merece, então é melhor deixá-lo ir. Um bom amor sempre virá.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Breadcrumbing y ghosting: 2 dolorosas maneras de “amar” y decir adiós sin poner la cara

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.