Baixa autoestima e dificuldades de aprendizado

Será que existe uma relação entre a maneira como a criança ou o jovem enxerga a si mesmo e a sua capacidade de aprender? Bem mais do que você pensa.

Stael Ferreira Pedrosa

Muitos estudiosos dos processos de aprendizagem têm notado a relação entre baixa autoestima dos estudantes e as dificuldades para aprender ou seguir adiante na escola.

Segundo Maria Aparecida Affonso Moysés, pediatra e autora, a criança interioriza lentamente “referências a seu respeito”. Porém, as referências ou comentários sobre seu comportamento são mais fáceis de serem interiorizadas. Por isso os pais e educadores têm a responsabilidade de pensar cuidadosamente e escolher as palavras no cotidiano do lar ou escola.

O que é interiorizar?

O processo de interiorização é quando o sujeito (no caso a criança ou adolescente), adota aquilo que lhe é infundido ou imposto como verdade. Se os pais ou professores dizem que a criança é capaz ou incapaz, ela agirá conforme o que interiorizar daquilo que lhe foi dito e mais ainda da maneira como foi tratada. Portanto, não adianta fazer determinada afirmação à criança e agir de maneira diferente com ela.

O que pode desencadear a baixa autoestima?

De acordo com o site guia infantil, o fator que mais influencia na autoestima infantil é o ambiente familiar. A maneira como os pais e outras pessoas da família falam da criança ou se dirigem a ela pode ser decisiva para moldar a visão que a criança terá de si mesma e como passa a acreditar que é. Nesse contexto, caso tenha uma autoestima positiva, ela se aceita e se sente bem em ser quem é, mas se o ambiente a afetar de maneira negativa, ela passa a comparar-se com outras e ver a si mesma sempre inferior ou incapaz.

Como a baixa autoestima afeta o aprendizado?

A escola é um círculo social e a criança pode ou não se inserir adequadamente dentro do ambiente escolar. Afinal, a criança não vai à escola apenas para aprender a conjugar verbos ou encontrar o x da equação. Ela vai para adquirir e também construir o conhecimento a partir das interações com a cultura do seu meio, de sua própria capacidade intelectual, habilidade social, interações com seus pares e afirmação da sua autoestima.

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A criança que não tem segurança quanto à sua capacidade de apreender conhecimento, resolver problemas e interagir em igualdade com outros, tende a se afastar, se recolher do ambiente escolar, causando a dificuldade de aprendizagem, pouca interação social e evasão escolar.

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Como agir?

Como pais, temos em nossas mãos o poder de ajudar, já que segundo especialistas, o ambiente familiar é a maior influência no desenvolvimento da autoestima infantil. Os profissionais da área da educação podem discutir e andar milhas na busca de uma solução que venha diminuir a níveis aceitáveis a ocorrência dos problemas escolares, mas se o lar é a maior influência, nada que vier de fora será a solução.

Os pais devem investir na autoestima dos filhos, sem exageros – o que pode piorar o problema ao criar expectativas irreais – de maneira que eles saibam que errar é normal, que não precisam ser gênios ou terem as maiores notas, serem os mais bonitos para serem amados ou aprovados por seus pais.

Evitem frases que condicionem o seu amor, por exemplo: “eu não gosto de você porque você fez (ou não fez) isso”… Ou criar estigmas como feio, gordo, burro, etc.

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É também importante evitar frases que causem sentimentos de incapacidade como: “Você é o menino mais inteligente da sua turma, portanto, tire notas à sua altura”. É uma terrível pressão sobre a criança.

Trate seu filho como um ser que é amado por ser quem ele é, como ele é, independente de méritos ou da falta deles. Deixe-o saber que ele não é melhor e nem inferior a ninguém e pode crescer e se desenvolver dentro das próprias características, habilidades e capacidades. Que ele não tem que provar nada a ninguém, e a única pessoa com quem ele deve se comparar é consigo mesmo. Uma criança bem ajustada no seio familiar, que se sabe amada e aceita, se sentirá ajustada em qualquer ambiente e poderá se desenvolver de maneira a atingir seu maior potencial.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.