Após encontrar a própria mãe biológica, empresário resolve fazer algo que mudará a vida de milhares de crianças
Ele viveu a experiência de uma adoção e hoje quer que outras pessoas tenham também uma experiência positiva. Conheça a história real de Brett Huneycutt.

Caroline Canazart
Brett Huneycutt conheceu sua mãe biológica com 32 anos e por ter empatia pela causa, hoje ajuda outras milhares de crianças norte-americanas a também terem um lar para chamar de seu.
O rapaz foi colocado para adoção quando ainda era bebê e cresceu em uma família adotiva muito amorosa no Arizona, nos Estados Unidos. “Eu sempre me senti incrivelmente sortudo por ter sido adotado. Eu tenho uma família estável e amorosa. Minha irmã mais nova, Ashley, nasceu um pouco mais de um ano após eu ter sido adotado. Sempre houve apoio e amor mútuo de meus pais, irmãos, avós, primos e eu, embora não compartilhemos os mesmos genes. Nunca me senti diferente e minha família nunca me tratou de forma diferente”, garante.
Brett teve uma boa educação. Estudou em Oxford, na Inglaterra, e ao terminar os estudos conseguiu um bom emprego numa consultoria. Depois fundou sua própria empresa no Vale do Silício, na Califórnia, local onde se encontram as maiores empresas de alta tecnologia do mundo. Com 32 anos, ele já era um homem com uma carreira respeitada.
Depois de vender a empresa, ele começou a ajudar outras pessoas a conhecerem suas origens e aí surgiu a ideia de também saber da onde ele havia vindo. Quem era a sua família biológica?
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“Eu comecei a me sentir curioso sobre quem eram os meus pais biológicos. A minha identidade era um grande mistério que merecia ser investigada”, diz, lembrando que mesmo com a procura, ele queria ser sensível aos sentimentos dos pais adotivos. “Eles foram favoráveis desde o primeiro dia. Foi uma experiência emocionante para eles também, e de muitas maneiras, a procura nos aproximou”, afirma.
A busca
Entrar com um pedido na justiça do estado do Arizona para liberar o sobrenome da mãe foi a primeira ação para descobrir quem eram os pais biológicos. Depois de descobrir, ele conseguiu contatar os irmãos de Susie, sua mãe biológica, em Las Vegas.
Para a tristeza dele, os tios biológicos não tinham contato com a mãe dele há pelos menos 20 anos e, eles acreditavam que ela havia retornado ao pais de origem, Taiwan.
Brett não pensou duas vezes. Comprou uma passagem para Taiwan e foi tentar na sorte reencontrar a mãe. Quando chegou lá, ele verificou que no registro do país não constavam que Susie havia voltado dos EUA. Porém, uma mensagem de texto de um dos irmãos de Susie mudou a história.
O encontro
Brett reencontrou a mãe em um hospital para desabrigados de Taiwan. Ela vivia há 15 anos naquele local e sofria de esquizofrenia. Por causa de sua saúde, ela não pode reconhecê-lo como o filho que havia colocado para adoção. Para piorar, ela só falava mandarim e ele, só inglês. Além disso, Susie tinha problema auditivo. A conversa aconteceu por meio de um tradutor que escrevia num papel para que Susie entendesse.
Apesar de ter uma memória confusa, devido a doença, ela conseguiu lembrar que viveu em Las Vegas e que tinha um filho chamado Frank Hughes, nome que colocou em Brett, e que teve mais um filho e uma filha.
“Eu disse a ela ‘Eu sou Frank Hughes’. Ela lembrou que Frank Hughes era seu filho, mas ela ainda não conseguiu entender que ele era eu”, conta. A mãe disse que o filho não sairia dos Estados Unidos para visitá-la. “Além do mais ele é muito bonito para ser meu filho”, completou Susie.
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Brett não desistiu de tentar explicar a mãe quem ele era. Nos dias seguintes ao primeiro encontro ele levou uma foto dele bebê, tirada por Susie, fotos dele criança, adolescente e até a idade atual para que ela pudesse entender quem ele era. Apesar de todo o esforço, Susie não conseguia fazer a conexão.
Antes de retornar aos Estados Unidos, Brett deixou um recado emocionante para a mãe na parede do quarto. No rodapé de uma foto dele bebê e uma foto dos dois juntos ele escreveu:
“Seu filho Frank Hughes é muito grato a você por dar à luz a ele e por colocá-lo para adoção. Ele agora tem 32 anos e tem uma vida muito boa – família amorosa, grande educação e uma carreira. Ele está feliz e orgulhoso de ser seu filho”.
Gratidão
Ao voltar para casa, Brett diz ter vivido momentos de muita emoção. “Eu senti uma profunda gratidão por Susie ter me colocado para adoção. Claramente ela não parecia estar numa posição para cuidar de si mesma. Eu estou grato por ter sido criado em um lar amoroso e por meus pais”, afirmou.
Depois da forte experiência vivida, ele começou a se interessar pelo tema adoção. Ao pesquisar ficou impressionado por saber que muitos candidatos a pais acabam não finalizando as adoções por conta do custo ou por dificuldades no processo, fazendo com que mais de 100 mil crianças nos Estados Unidos, e milhões ao redor do mundo, demorem por muito mais tempo para serem adotadas.
Corrente do bem
Menos de um ano depois de encontrar a mãe, Brett teve a oportunidade de ajudar a empresa Binti que tem como objetivo acelerar as questões burocráticas da adoção. Ele rapidamente gostou da ideia como engenheiro de software, fundador de empresa de tecnologia e alguém que havia sido adotado. Ele enviou um e-mail ao fundador da Binti, reuniu-se com ele e começou a investir na empresa.
Hoje Brett é conselheiro ativo da empresa e se diz emocionado em poder usar a experiência profissional dele para ajudar nas adoções. “Estou grato que a adoção me deu uma família amorosa. A minha missão de ajudar a Binti é ajudar cada criança a encontrar um lar amoroso e uma oportunidade grande na vida”.
_Imagens: Brett Huneycutt
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